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Delegada pede soltura de jogador investigado por estupro de menor no RJ

Advogado Eduardo Antunes (d) acredita que Lucas (e) poderá ser liberado nas próximas horas - Pedro Ivo Almeida/UOL
Advogado Eduardo Antunes (d) acredita que Lucas (e) poderá ser liberado nas próximas horas Imagem: Pedro Ivo Almeida/UOL

Pedro Ivo Almeida

Do UOL, no Rio de Janeiro

02/06/2016 16h53

Acusado de participação no estupro da jovem de 16 anos do Rio de Janeiro, o jogador Lucas Perdomo Duarte dos Santos está perto de ser solto. A delegada que comanda o caso, Cristiana Bento, da Delegacia de Criança, Adolescente e Vítima (DCAV), estaria convencida de que Lucas não teve participação no crime e solicitou a revogação da custódia. A informação foi confirmada à reportagem por inspetores que acompanham o caso.

Ao deixar a delegacia, Lucas foi cercado pelos jornalistas e reiterou inocência. Nitidamente abalado, ele deu poucas declarações. "Está provado que sou inocente. Quero retomar minha vida e bola para frente. Não tenho relação nenhuma com ela [Beatriz]. Não estive com ela [no dia do estupro], só um dia antes. Não soube de nada, não", afirmou o jogador.

“Meu filho é um vencedor. Obrigado por terem acreditado no meu filho. Muito obrigado mesmo. O que aconteceu é velho, agora é tudo novo. Meu filho só me contou que é inocente e que não participou de nada, como está comprovado agora. Fica a lição para os jovens ouvirem mais os pais. Nunca mais vai para funk ou essas coisas. Agora é só trabalho. Meu filho é um atleta e vai brilhar muito. Ele não sabe onde vai jogar, só quer jogar bola”, completou o pai de Lucas, Sílvio.

Após depoimentos de novas testemunhas, Cristiana Bento solicitou a revogação da prisão temporária e teve o apoio de um promotor público. O caso está sendo analisado neste momento pela Justiça.

“Estamos confiantes desde ontem [quarta]. Demos entrada no pedido de revogação da prisão e os responsáveis estão analisando o caso agora no Fórum da Taquara [2ª Vara Criminal de Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro]. Estamos com um representante lá e a liberação dele pode sair ainda hoje [quinta-feira]”, explicou Eduardo Antunes, advogado de Lucas Perdomo.

Segundo o representante do atleta, em conversa com a delegada titular do caso na última quarta, a mesma revelou uma mudança no rumo das investigações.

“O depoimento da nova testemunha [na última quinta] reforçou o que defendemos. Lucas não participou do caso. A delegada se convenceu disso. Mostramos conversas de celular que a vítima informa que o meu cliente não estava lá”, explicou.

Após quase três dias de impasses e preocupações com a segurança dos investigados, Lucas e Raí de Souza, outro suspeito, foram transferidos para o Complexo Penitenciário de Bangu. Os dois chegaram à Cadeia José Frederico Marques - Bangu 10.

"Estamos mais tanquilos. A preocupação agora é menor. E esperamos tirar o Lucas de Bangu ainda hoje. A família já está até feliz. Estamos trabalhando e correndo para isso", finalizou o advogado do jogador que teve o contrato suspenso com o Boavista (RJ).

O caso
Em depoimento à polícia, a vítima - menor de idade - disse ter sido drogada e estuprada por um grupo de homens, após ter ido visitar o namorado, o jogador Lucas, em comunidade conhecida por "morro da Barão". Segundo o primeiro relato da jovem às autoridades, quando ela acordou após ser dopada, viu cerca de 30 homens armados de pistolas e fuzis em um imóvel.

O caso ganhou repercussão depois de imagens do ato terem sido vazadas na internet.

Agora responsável pela investigação, a delegada da DCAV Cristina Bento, que substituiu o delegado Alessandro Thiers, titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), declarou nesta segunda-feira que tem certeza da ocorrência de crime. "Minha convicção é de que houve estupro", disse, em entrevista coletiva. "Está lá no vídeo, que mostra um rapaz manipulando a menina". 

Seis ordens de prisão foram expedidas pela Justiça. Além de Lucas Santos, Rai de Souza, Michel Brasil, Raphael Belo, Marcelo Corrêa e Sergio Luiz da Silva Junior são os alvos. Esse último, também conhecido por "Da Rússia", é apontado como chefe do tráfico do morro da Barão.