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Polícia evita jogador suspeito de estupro em presídio por 'medo de morte'

Pedro Ivo Almeida

Do UOL, no Rio de Janeiro

02/06/2016 06h00

Suspeito de participar do estupro da menor de 16 anos em uma comunidade na zona oeste do Rio de Janeiro, o jogador Lucas Perdomo Duarte dos Santos, de 20 anos, segue detido na Cidade da Polícia – complexo que serve de base para a Polícia Civil, na região do Jacarezinho, zona norte. E a manutenção do atleta no local tem um motivo específico: a preocupação com sua segurança.

No protocolo normal, Lucas, detido na última segunda (30) enquanto se preparava para uma entrevista coletiva, seria levado para a Cidade da Polícia e, em até 24 horas, transferido para o Complexo Penitenciário de Bangu. A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) chegou a anunciar a ida do jogador e de mais um suspeito para o local, o que acabou não ocorrendo.

Integrantes da polícia envolvidos na investigação e membros da Seap entenderam que a ida de um suspeito do caso para Bangu representaria um enorme risco. Por conta da proporção que o estupro tomou, uma retaliação não estaria descartada. Os mais pessimistas tiveram até medo de uma possível morte dos envolvidos no local – Lucas e outros suspeitos ficariam no Cadeia José Frederico Marques (Bangu 10).

“Infelizmente, é algo comum. Muitas vezes não conseguimos controlar. A população carcerária nunca tratou bem os investigados por estupro. Estamos no meio de uma investigação. Vamos ter cautela e analisar todas as questões”, disse um investigador ouvido pela reportagem.

“Claro que há uma preocupação com a segurança do meu cliente. Não me falaram nada de Bangu 10. O Lucas segue aqui na Cidade da Polícia, inclusive conversamos com ele hoje”, explicou o advogado do jogador, Eduardo Antunes, em contato telefônico na noite da última quarta (1).

Jogador Lucas Perdomo e advogado Eduardo Antunes - Pedro Ivo Almeida/UOL - Pedro Ivo Almeida/UOL
1º depoimento: Lucas deixa Cid. da Polícia ao lado do advogado Eduardo Antunes (d)
Imagem: Pedro Ivo Almeida/UOL

Choro e susto
Único a ter contato com o atleta desde que o mesmo foi detido, Eduardo ainda relatou a primeira conversa que teve com o cliente após a prisão.

“Chegamos hoje [quarta] para levar alguns itens de higiene, algo que proporcionasse um conforto, e encontramos o Lucas muito abatido. Infelizmente, é normal. Ele está abalado, triste, assustado com tudo. E sempre reforçando sua inocência. Acreditamos muito nisso. Está em um local isolado, um setor de custódia, sem comunicação com os outros investigados. Ele chorou algumas vezes, o que nos chamou a atenção, já que é um garoto muito fechado. Ainda não tinha chorado antes. Também perguntou pela sua mãe, mandou um beijo e pediu que nós repassássemos o recado de que ele a ama muito. O abalo é muito grande, mas ele está confiante. Ele é inocente”, reforçou o advogado.

Após levar uma nova testemunha para depor na tarde da última quarta, a defesa de Lucas reforça a tese de sua inocência e pedirá a revogação da prisão preventiva nas próximas horas.

Por enquanto, o jogador seguirá detido na Cidade da Polícia. “Isso é um caso avaliado dia após dia. Não tem como falar muito. O que nos passaram é que ele seguirá aqui [sede da Polícia Civil] amanhã [quinta]. Que tudo se esclareça o quanto antes”, finalizou Eduardo Antunes.

Chefe principal da investigação, a delegada titular da Delegacia da criança, adolescente e vítima (DCAV), Cristiana Bento, não retornou às ligações da reportagem até o fechamento da matéria para comentar a situação dos detidos.