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Pai de Ceni quer filho como técnico do SP e relata emoção ao ver o neto

Rogério Ceni gesticula para torcedores ao fim da sua partida de despedida, no Morumbi - Eduardo Anizelli / Folhapress
Rogério Ceni gesticula para torcedores ao fim da sua partida de despedida, no Morumbi Imagem: Eduardo Anizelli / Folhapress

Marcello De Vico e Vanderlei Lima

Do UOL, em Santos e São Paulo

03/06/2016 06h00

Convidado por Dunga para ser auxiliar técnico pontual da seleção brasileira na Copa América, que tem início a partir desta sexta-feira, o ídolo tricolor Rogério Ceni, aposentado desde dezembro do ano passado, já tem o que fazer até quando durar a permanência do Brasil na competição. Mas e depois, em médio e longo prazo? Será que o ex-goleiro já sabe o caminho que vai seguir fora das quatro linhas? No que depender do pai de Ceni, o Sr. Eurides, o filho não deve fugir de duas funções bastante comuns a quem vive e respira futebol: técnico ou diretor.

Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, Eurides disse acreditar que Rogério Ceni tem capacidade para se dar bem nas duas funções. E até revela sua preferência. “Tenho certeza que ele se daria bem tanto como diretor ou superintendente de futebol, porque ele tem uma vida dentro do futebol, ele trabalhou com grandes treinadores, se expressa bem... Não é porque é meu filho, mas ele é inteligente. Então agora, neste segundo semestre, ele vai definir se vai fazer um estágio. Ele já teve esse convite e está analisando ainda... Eu queria vê-lo como treinador [risos]”, brinca o pai de Ceni, para depois apontar a principal dificuldade que o filho deve enfrentar para, caso escolha ser treinador, ter sucesso na função.

“É complicado pelo fato dele ter se tornado um grande ídolo do São Paulo, virar treinador e depois ter que jogar contra o São Paulo, ou mesmo pelo São Paulo. Aqui a cultura é bem diferente que na Europa, né? O time perde três, quatro partidas e o treinador está fora. Mas eu acho que ele seria, modéstia à parte, um grande treinador e um grande diretor de futebol. Aqui no Brasil o diretor não manja nada de futebol, assim como é na política. Às vezes o advogado é o ministro da Saúde, o médico é o ministro da Educação e assim por diante. Aqui no Brasil é tudo meio complicado, mas ele teria condição de ser um grande diretor de futebol principalmente no São Paulo. É uma pessoa que é do meio, mas eu não sei se vai acontecer um convite pra ele algum dia... Mas no segundo semestre ele vai tomar uma decisão, vai decidir se vai partir para o exterior para fazer estágio com os treinadores de nome da Europa, mas por enquanto não tem nada decidida. Ele tem que fazer alguma coisa né?”, acrescenta.

Apesar de (discretamente) expor sua preferência sobre o futuro da carreira de Rogério, Eurides evita dar conselhos mais diretos ao filho, até por não ter tanto conhecimento. E revela que a grande preocupação de Ceni está no fato de ele ser muito identificado com a torcida tricolor. 

“É difícil passar conselho, a gente conversa... Para falar você tem que ser técnico. É complicado incentivar ele a ser técnico e depois não dá certo. O que ele está indeciso é por causa dessa ligação que ele tem, forte, com o São Paulo. Se não fosse essa ligação eu tenho certeza que ele já teria decidido para tentar a carreira de treinador. Mas como eu falei: no Brasil a cultura é bem diferente. Hoje ele é um torcedor do São Paulo, ele se daria bem como treinador, mas aqui no Brasil tem essa tal cultura, então ele tem que pensar bem para decidir, analisar os prós e os contras porque toda atividade tem né?”, destaca o Sr. Eurides.

Mas enquanto não decide qual caminho seguir na carreira, Rogério Ceni sabe bem o que fazer sempre que tem um tempo livre, pelo menos como hobbie. Algo, inclusive, que vem desde a época de Telê Santana no São Paulo. “Ele me falou: ‘este primeiro semestre vou descansar, jogar tênis’. Ele está jogando tênis direto, porque ele já jogava tênis no tempo do Telê Santana... antigamente, no tempo do Telê, tinha uma quadra no CT e o único que jogava tênis era ele, ele jogava com o Telê. Tanto é que depois que o Telê saiu do São Paulo não existe mais a quadra, desmancharam. Ele tem aptidão para o tênis. Quer dizer... Ele jogava bem vôlei, tênis de mesa, ele nasceu para ser esportista. Mas eu preferia vê-lo, de preferência, como técnico do São Paulo”, reforça o pai de Ceni, que vive em Sinop, cidade do Mato Grosso.

Relação com Ceni e encontro com o neto

Seu Eurides recebeu a visita de Rogério Ceni na cidade de Sinop há cerca de dois meses. Pouco depois, foi a vez do pai ir a São Paulo para um momento especial: passar um tempo com o pequeno Henrique, seu último neto. “Ele [Rogério] esteve aqui faz uns 60 dias, prometeu que volta em julho. Eu estive em São Paulo faz um mês, visitei o meu neto, ele é uma gracinha, o menino é uma gracinha. O Henrique parece um pouquinho de cada um, mas ele tem bastante do Rogério também. Ele gosta muito de brincar de carrinho... quando passa um carro ele mostra. Mas ainda é pequenininho. Apesar que o Rogério, com três anos, já era doente pela bola, tanto é que, no terceiro ano de aniversário do Rogério, ele estava em um dia azedo e ele só riu quando ganhou uma bola. Não adianta o que está escrito, está escrito”, diz Eurides.

E como é não ver mais Rogério Ceni defendendo o gol do São Paulo? “A gente sente falta de ver ele na TV agora, jogando pelo São Paulo, mas a vida é assim. A gente tem que saber que a coisa não dura a vida toda, né? Sempre é estranho, a gente não deixa de torcer, mas quando ele jogava... Nossa! A gente tinha aquela expectativa muito maior... Mas não é por isso que a gente vai deixar de assistir os jogos do São Paulo, né?”, completa o pai do ídolo tricolor.