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Dunga descontrai pela 1ª vez e tieta até gol em que Baggio perdeu pênalti

Rafael Ribeiro/CBF.com.br
Imagem: Rafael Ribeiro/CBF.com.br

Danilo Lavieri e Guilherme Palenzuela

Do UOL, em Los Angeles (EUA)

04/06/2016 06h00Atualizada em 04/06/2016 15h32

A sexta-feira (3) que contou com o treino de véspera de jogo da seleção brasileira no Rose Bowl, estádio que recebeu a final da Copa do Mundo de 1994, em Pasadena, na Califórnia, foi completamente atípica para a atmosfera habitual do técnico Dunga. Pela primeira vez em dois anos, a comissão técnica se mostrou descontraída: brincou com o fato de estar no palco do tetra e até parou para conversar com bom humor com a imprensa por alguns minutos, um dia antes da estreia na Copa América contra o Equador.

A seleção de hoje tem Dunga como técnico, Taffarel como preparador de goleiros e Gilmar Rinaldi como coordenador de seleções. Há 22 anos, eles eram capitão, goleiro que se tornaria herói e goleiro reserva. Naquela final de Copa do Mundo contra a Itália, Dunga cobrou e converteu pênalti na disputa após o 0 a 0 no tempo regulamentar, e Taffarel defendeu a cobrança de Daniele Massaro antes de ver Roberto Baggio bater por cima. Nesta sexta-feira, eles puderam relembrar tudo isso de perto pela primeira vez.

Depois do treino, Taffarel, Dunga e Gilmar tiraram fotos debaixo da trave que recebeu a disputa de pênaltis daquela final. Outros membros da comissão técnica fizeram o mesmo e tietaram Taffarel, tendo o ex-goleiro, decisivo em 94, como protagonista. Enquanto batia fotos, Gilmar Rinaldi gritou: "Sai que é sua Taffarel!", imitando os dizeres de Galvão Bueno naquele dia, que neste sábado voltará ao Rose Bowl para narrar às 23h (de Brasília) a estreia na Copa América contra o Equador.

A postura descontraída da comissão técnica após o treino no Rosebowl foi algo marcante para quem acompanha a seleção brasileira em todos os jogos desde que Dunga voltou ao comando, após a Copa do Mundo 2014. O treinador, em postura que não havia sido vista desde então, parou para conversar com a imprensa e lembrou com bom humor sobre tudo que sentiu naquela disputa de pênaltis. Até brincou e posou para imagens parado na marca do pênalti, de onde converteu uma das cobranças brasileiras.

Sobre o pênalti de Baggio, Taffarel brincou, e disse que depois de 22 anos Dunga lhe contou pela primeira vez um detalhe daquele dia: "A sensação que eu tive naquele dia era que a Copa estava acabando ali. Me veio uma clareza que a Copa estava acabando ali. O Dunga, agora, me contou que estava olhando a última cobrança lá do meio de campo e que viu que o Baggio iria tentar cobrar um chute baixo, mas que ele me viu caindo com o braço e então tentou chutar por cima. Então acho que eu ajudei (risos)", falou o ex-goleiro, sobre o pênalti decisivo que passou por cima do gol.

A postura marcante da comissão técnica, pela primeira vez descontraída e à vontade para conversar de forma informal com a imprensa, determina-se pela emoção em estar no Rose Bowl depois de 22 anos, mas também é fruto do trabalho de reformulação de toda a seleção brasileira. O time está despedaçado, sem alguns dos melhores jogadores, mas também pela primeira vez em dois anos conseguiu se livrar de jogadores com quem o técnico não desejava mais trabalhar e até então se via preso, como Thiago Silva, David Luiz e Marcelo. Além disso, Neymar, que coleciona episódios de conduta contestável pela seleção nos últimos anos, não participa da Copa América.

Antes do treino, Dunga falou sobre voltar ao palco da final de 1994: "É uma parte de uma história do futebol brasileiro, da minha vida, do Gilmar, do Taffarel. Fizemos parte da equipe que ganhou aquilo. A gente relembra tudo, do trajeto, entrada no estádio, jogo ao meio dia, prorrogação, adrenalina, do Brasil há 24 anos sem ganhar. da pressão. Até hoje quando vejo a imagem batendo o penalti algumas vezes me questiono se era eu batendo o penalti ali mesmo. Você se pergunta onde foi buscar coragem para bater o pênalti. Depois de 90, eu sabia que se errasse o pênalti não entrava mais no Brasil", disse.

O Brasil estreia contra o Equador na Copa América em partida que pode definir o Grupo B, que conta ainda com Peru e Haiti.