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Cuca defende ponto eletrônico e projeta montagem de time até para sucessor

Técnico diz que sentia falta de "um xingão" em derrotas no futebol chinês - Cesar Greco/Ag Palmeiras
Técnico diz que sentia falta de 'um xingão' em derrotas no futebol chinês Imagem: Cesar Greco/Ag Palmeiras

Do UOL, em São Paulo

05/06/2016 15h35

O técnico do Palmeiras, Cuca, pegou dois jogos de suspensão na quinta-feira (2) pelo uso de ponto eletrônico na partida contra o Fluminense em 20 de maio. Entretanto, em entrevista divulgada neste domingo pelo programa Esporte Espetacular, da “Rede Globo”, o treinador defendeu o uso do aparato.

“Acho que a preocupação da arbitragem é que você pergunte para seu auxiliar (fora de campo) se foi impedimento, pênalti ou gol”, disse Cuca. “Você está lá em cima, no reservado, e tem que pontuar: ‘Alberto (Valentim), Cuquinha, tira Fulano e coloca Beltrano’. Essa é a participação que eu precisava ter - ou então eu nem poderia ir, ficaria aqui (no CT) vendo o jogo. Tentei usar o ponto e não funcionou”, contou.

Cuca chegou ao Palmeiras em março e sofreu quatro derrotas consecutivas em seus quatro primeiros jogos: 1 a 0 para o Nacional (Uruguai), 2 a 1 para o Grêmio Osasco Audax, 2 a 1 para o Red Bull Brasil e 4 a 1 para o Água Santa. Desde então, porém, foram 12 jogos e apenas duas derrotas: 2 a 1 para a Ponte Preta e 1 a 0 para o São Paulo.

O time soma nove pontos em cinco jogos pelo Campeonato Brasileiro. A meta de Cuca é briga pelo título – mas, se não der, para deixar a equipe em condições de brigar por conquistas nos anos seguintes.

“Quando eu entro em um clube, eu pego ele como se fosse meu. O que eu penso? Eu tenho que ganhar. Mas se eu não ganhar nesse ano, tenho que ganhar ano que vem ou no outro ano. Por onde eu passo, eu deixo uma preparação para os outros técnicos virem também. Agora, eu ainda sinto prazer em ver ao Atlético-MG (no qual trabalhou entre 2011 e 2013) jogar. No Palmeiras, a gente está montando – ou remontando – um time com jovens e talentosos (jogadores), para que eles possam, em dois, três, quatro anos, terem conquistas aqui”, disse o treinador, que reconheceu o incômodo com as derrotas do início de sua trajetória pela equipe.

“Lógico que incomoda, mas o que você faz? Eu falei que a gente ia lutar pelo título brasileiro. Naquela luta minha, na Libertadores e no Paulista, não dava tempo de fazer nada. A gente vai lutar para entrar numa Libertadores e, se Deus quiser, ser campeão (brasileiro)”, completou.

Apesar do incômodo citado, Cuca recebe a pressão com tranquilidade. Entre 2014 e 2015, o treinador comandou o Shandong Luneng (China), e afirma que o futebol chinês ainda não lida com a cobrança da torcida sobre as equipes.

“Lá é uma tranquilidade que você não aguenta. Tem dia que você toma uma lavada de 4 a 0 - você vê aquele povão na frente do ônibus e pensa: ‘eles vão me xingar’. Eles não te xingam”, riu o técnico. “Você precisa às vezes de um 'xingão'. Está na nossa raiz, não tem jeito”, completou, projetando em duas décadas o período que o futebol chinês precisa para começar a incomodar potências mundiais.