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Palmeiras cobra R$ 6 milhões da WTorre; empresa rebate com gastos da arena

Allianz Parque já recebeu 48 partidas do Palmeiras - Lalo de Almeida/Folhapress
Allianz Parque já recebeu 48 partidas do Palmeiras Imagem: Lalo de Almeida/Folhapress

Diego Salgado e José Edgar de Matos

Do UOL, em São Paulo

09/06/2016 06h00

Os embates entre Palmeiras e WTorre superam as simples trocas de farpas públicas e desentendimentos em relação aos jogos da equipe e eventos promovidos pela construtora no Allianz Parque. O UOL Esporte apurou, com fontes dos dois lados, o valor atualizado das dívidas, que é mais um ponto de divergência entre as partes.

Na conta do Palmeiras, a WTorre lhe deve aproximadamente R$ 6 milhões, sem contar as multas pelo atraso desses repasses. O cálculo da construtora estima uma dívida de pouco mais de R$ 5 milhões depois de 48 partidas do time alviverde na arena.
Por contrato, a WTorre precisa repassar ao Palmeiras 50% das rendas brutas das partidas disputadas como mandante fora do Allianz Parque. Além desse valor, a construtora tem de transferir ao clube 20% do aluguel da arena em shows e eventos ocorridos no local.
A construtora, por sua vez, cobra do Palmeiras os gastos referentes às partidas da equipe no estádio. Em acordo firmado no contrato da construção do estádio, assinado na gestão de Luiz Gonzaga Belluzzo em 2010, a WTorre, que é desde fevereiro a gestora do Allianz Parque após rompimento com a AEG, possui o direito de cobrar do clube pelo uso da arena nos dias de jogos.
Mas essas contas, que incluem gastos com água, luz, geradores, segurança, limpeza e internet, geram discordâncias. Segundo apuração da reportagem, elas estão ligadas a alguns itens cobrados pela WTorre.
As reclamações palmeirenses, por exemplo, recaem sobre a responsabilidade da manutenção do gramado, que já até foi alvo de críticas por parte do diretor de futebol do clube, Alexandre Mattos. A diretoria, nesse cenário, admite apenas parte da dívida e rebate os valores apresentados pela construtora.

Imbróglio


Segundo pessoas próximas ao Palmeiras, a construtora não repassa os valores previstos desde abril do ano passado. Desde então, espetáculos de entretenimento obrigaram o time alviverde a se afastar da arena em sete partidas: Grêmio e Sport em 2015, além de São Bento, Red Bull, Rio Claro, Corinthians e Grêmio (novamente) neste ano.
Nesses jogos, a soma da renda bruta chegou a pouco mais de R$ 3 milhões. De acordo com o contrato, o Palmeiras teria de receber R$ 1,5 milhão. A conta total chega a R$ 6 milhões com os 14 shows musicais, de 11 artistas diferentes, além dos eventos menores, como a pré-estreia do filme 'Independence Day: O Ressurgimento', no próximo dia 22.
Já a WTorre alega que o Palmeiras abandonou a mesa de negociações. As duas partes, assim, discutem os números em âmbito arbitral. O Palmeiras afirma que não pagará a cobrança até uma definição e só admitiria a dívida no caso dos árbitros afirmarem que a conta da construtora está correta.
Internamente, os diretores alviverdes creem que o valor da WTorre é indiscutível, enquanto a dívida da construtora é confessa, pois os números constam em relatórios mensais enviados ao clube, que trazem as receitas da arena.
Procurado pela reportagem, o clube disse que não comenta publicamente sobre o assunto. Já a WTorre falou sobre a situação em entrevista concedida na última terça-feira à tarde.
"(As dívidas) Estão sendo discutidas no âmbito de arbitragem. Está sendo contabilizado para definir os critérios. Era impossível prever 100% os desafios. É natural que haja isso. Estamos falando de um modelo novo, que não existe outro no Brasil", disse Rogério Dezembro, diretor de negócios da empresa.