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O dérbi do mercado: quem são os agentes que dominam Corinthians e Palmeiras

Garcia (foto) tem domínio no Corinthians e moveu processo contra o Palmeiras - Reprodução / Instagram
Garcia (foto) tem domínio no Corinthians e moveu processo contra o Palmeiras Imagem: Reprodução / Instagram

Dassler Marques e José Edgar de Matos

Do UOL, em São Paulo

10/06/2016 06h12

No Palmeiras x Corinthians deste domingo, os empresários Eduardo Uram e Fernando Garcia poderiam formar um time e meio só com atletas que representam ou têm direitos econômicos. A influência deles sobre o mercado dos dois clubes é um dos ingredientes para o dérbi marcado para o Allianz Parque.

Garcia possui nove jogadores no elenco corintiano e tem relacionamento difícil do outro lado. Já Eduardo Uram é o agente de sete palmeirenses e de um alvinegro, o meia Rodriguinho. Seus acordos no Parque São Jorge são eventuais, e é no Palmeiras e no São Paulo que Uram concentra negócios no futebol paulista.

Há uma curiosidade importante nesse duelo de agentes muito ligados aos dois clubes. Garcia, que era conselheiro vitalício corintiano, moveu processo recentemente contra o Palmeiraspor se considerar prejudicado na saída de um jogador da base palmeirense. Uram, por sua vez, também processou o Corinthians há pouco tempo por acusar calote em comissão referente à aquisição de Rodriguinho, em cerca de R$ 430 mil.

Na Era Mattos, Palmeiras contratou dez jogadores de Uram, além de Cuca

Empresário de futebol desde 1997, quando 'descobriu' Léo Moura, Eduardo Uram possui uma relação 'cordial' com Alexandre Mattos e a direção do Palmeiras. São seis jogadores ligados ao empresário dentro do atual elenco (Rafael Marques, Egídio, Vitor Hugo, Rodrigo, Roger Carvalho e Erik).

Outros três nomes, que não fazem mais parte do elenco alviverde, também possuíam relação com o agente: Alan Patrick, Andrei Girotto e Lucas.

Eduardo Uram é um dos principais agentes do Brasil - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Eduardo Uram é um dos principais agentes do Brasil
Imagem: Reprodução/Instagram

Além dos atletas, Uram é quem negociou diretamente com o Palmeiras para a chegada do técnico Cuca, seu cliente há muitos anos. O agente comanda a empresa Brazil Soccer, sediada no Rio de Janeiro, e possui ligações com diversos clubes do país e do planeta.

Após críticas, Garcia se licenciou para poder fazer negócios no Corinthians

A família de Fernando Garcia é ligada ao Corinthians há décadas. Uma das primeiras lembranças é que a Kalunga, empresa de Damião Garcia, pai de Fernando, patrocinava a camisa corintiana no Brasileirão de 1990. Depois de fazer muitos negócios por meio do Noroeste, clube ligado à família, ele resolveu lançar voo solo há três anos. Desde então, teve quase dois times de jogadores dentro do clube.

Atualmente são nove atletas (Walter, Vílson, Uendel, Guilherme Arana, Maycon, Matheus Pereira, Lucca, Marlone e André) ligados à empresa Elenko Sports, formada por Garcia em parceria com agentes que integravam o fundo DIS. Algumas negociações foram feitas nesses últimos anos, como as vendas de Petros, Malcom e do zagueiro Cléber, que foi investigada pela Fifa e virou a porta de entrada para todas as demais no clube.

Conselheiro vitalício do Corinthians, Garcia se licenciou do posto devido a críticas por fazer negócios no Corinthians, como participar de contratações e emprestar dinheiro ao clube em momentos de aperto. Muito amigo do ex-presidente Andrés Sanchez, ele é irmão de Paulo Garcia, ex-candidato a presidente e que doou mais de R$ 600 mil à campanha de Andrés para deputado.

No Palmeiras, opositores de Mattos e Nobre criticam espaço de Uram

O grupo formado por jogadores de Uram incomoda, especialmente, a oposição palmeirense. Membros do Conselho de Orientação Fiscal (COF) e conselheiros contrários ao modus operandi de Alexandre Mattos questionam a relação profissional do diretor com o empresário.

O principal questionamento, segundo ouviu a reportagem de fontes ligadas ao conselho do clube, recai sobre a qualidade de alguns nomes ligados ao empresário e a chance de encontrar outras soluções melhores no mercado.

Dos seis nomes atuais, apenas Egídio e Vitor Hugo são titulares absolutos; Rafael Marques também é bem utilizado por Cuca. Erik chegou como revelação, mas decepcionou até então. Rodrigo sequer estreou, e Roger Carvalho é atual quinta opção para a zaga.

Hoje no Corinthians, Marlone foi um dos pivôs de atrito entre Mattos e Garcia

Marlone pelo Cruzeiro em 2014: reserva irritou empresário - Dionizio Oliveira/UOL - Dionizio Oliveira/UOL
Marlone pelo Cruzeiro em 2014: reserva irritou empresário
Imagem: Dionizio Oliveira/UOL

Fontes ligadas ao Cruzeiro, ex-clube do diretor Alexandre Mattos, afirmam que dois casos geraram atritos entre Garcia e ele.

Quando vivia grande momento em Belo Horizonte, Dedé teve uma proposta milionária recusada pelo clube, o que irritou o empresário e dono de direitos econômicos. O banco de reservas que Marlone frequentava em 2014, além disso, gerou reclamações que tornaram difícil a relação com Mattos, o que explica a distância de seus negócios do Palmeiras.

O temperamento forte é uma das marcas de Garcia, que costuma não aceitar que seus clientes fiquem no banco de reservas. No Corinthians, ele já teve atritos desse tipo, inclusive com o gerente de futebol Edu Gaspar, por conta do meia Petros e do atacante Malcom. Mais recentemente, fez reclamações pela suplência de André e do garoto Maycon.