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Barça faz contrato incomum para valorizar Neymar em possível saída de Messi

 

Muito feliz de continuar vivendo esse sonho! VISCA BARÇA y VISCA CATALUNYA

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Pedro Lopes, Ricardo Perrone e João Henrique Marques

Do UOL em São Paulo e Paris

01/07/2016 06h00

O novo contrato que Neymar assina nesta sexta-feira com o Barcelona e foi oficializado pelo clube tem a multa crescente como detalhe incomum. O clube programou valores para que o camisa 11 esteja a cada ano mais caro, e alcance o auge do preço quando Lionel Messi ultrapassar os 30 anos, tendo a venda com probabilidade bem maior que a atual. A tática, no entanto, leva o risco de deixá-lo mais acessível aos clubes interessados. O PSG foi o que mais se aproximou da contratação nas últimas semanas.

O UOL Esporte apurou que o novo contrato de Neymar, válido até 2021, começa com multa de 200 milhões de euros. O valor passa a subir após o término de cada temporada até chegar ao auge de 250 milhões do terceiro para o quarto ano - ao final da segunda ele será de 220 milhões de euros -. O vínculo anterior com multa de 190 milhões de euros já tinha o PSG e Manchester United com a ameaça de pagamento.

A informação sobre a multa também foi oficializada pelo Barcelona na manhã desta sexta (01) com o anúncio da renovação contratual

Messi tem 29 anos recém-completados. O Barcelona avalia que após os 30 a queda de rendimento físico e, consequentemente, técnico do jogador será normal. É aí que o espaço para Neymar, de 24 anos, brilhar rumo à Bola de Ouro vai aumentar, e o valorizar ainda mais no mercado. O plano foi um dos argumentos do Barça para a renovação do camisa 11.

A tática do Barcelona se deve também ao problema enfrentado no primeiro contrato de Neymar. Dirigentes já aceitavam a venda temendo queda vertiginosa no valor de mercado ao fim do quarto dos cinco anos de vínculo. O novo contrato evita a repetição do cenário.

No Barcelona, a multa contratual de Neymar ainda é tratada como “detalhe” após a garantia de renovação do jogador. O clube já tinha programado apontar à Uefa quebras de regras de fairplay financeiro estipuladas pela própria federação europeia em caso de propostas no valor dos 190 milhões - o PSG já seria acionado com a confiança de que o negócio fosse impedido -. A expectativa é de que a manobra ainda funcione ao fim da próxima temporada.

 

O risco

Há mais de nove meses, Neymar ouve propostas. Para as primeiras, do Manchester United, único a fazer oferta ao Barcelona, Manchester City e Real Madrid, virou as costas. O momento vivido no Barça, com protagonismo ao substituir Messi, artilharia de Liga dos Campeões e o triplete conquistado pesava demais. Assim como o desinteresse em atuar no futebol inglês ou no arquirrival.

Neymar confiava já ser o segundo melhor jogador do mundo, estando à frente de Cristiano Ronaldo no último ano. Todo esse cenário dava tranquilidade aos dirigentes do Barcelona, mas gerava ameaças do pai de Neymar: “Devemos fazer as coisas direito e saber se na Espanha nos deixam trabalhar ou saímos. Se estamos criando problema para a Espanha, não devemos ficar”, disse em entrevista à rádio Cadena Ser em novembro do ano passado.

O comentário só passou a ser levado a sério quando o PSG apareceu com força no cenário em março deste ano. O clube sondava um possível substituto para Ibrahimovic e o interesse foi aumentando à medida em que a saída do sueco ficava evidente. A proposta elevada preocupava o Barça. Só o que o pior ainda estava por vir: Neymar se interessou.

O camisa 11 teve queda de rendimento na segunda metade da temporada e passou a ouvir críticas de torcedores e jornalistas pela vida noturna agitada em meio aos jogos importantes do time. Na eliminação na Liga dos Campeões para o Atlético de Madrid considerou boa as atuações e não gostou do que passou a encarar como perseguição por ser avaliado pela mídia como o pior do tridente.

Neymar mudou o comportamento deixando de usar redes sociais e se fechando em casa até conquistar os títulos do Campeonato Espanhol e da Copa do Rei. Só que o incômodo ainda era grande com a falta de protagonismo e o crescimento de Luis Suárez, visto como a segunda força do Barça na temporada (somente atrás de Messi). Neste momento, o sim ao PSG também foi dado pelo camisa 11.

A prioridade de Neymar ainda era uma nova tentativa de ser melhor do mundo pelo Barcelona. Só que a possibilidade de passar somente mais uma temporada no clube como planejado antes de rumar ao PSG jamais foi aceita pelos dirigentes. Ou a venda aconteceria por 190 milhões de euros de maneira imediata ou o contrato seria renovado. Para ganhar a disputa, coube ao Barça não só elevar propostas, como também convencer Neymar de que o caminho ao bola de ouro era mais fácil de ser trilhado estando ao lado de Messi, e que a chance havia ficado menor por sua culpa, com o excesso de gols perdidos e irregularidade na segunda metade da temporada. O jogador foi então convencido.