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Dirigente da CBF adere a campanha para garota jogar torneio estadual em SP

Felipe Pereira

Do UOL, em São Paulo

02/07/2016 16h00

O abaixo-assinado para que a garota Laura Pigatin, 12 anos, possa participar do campeonato paulista sub-13 ganhou o reforço do coordenador de Futebol Feminino da CBF, Marco Aurélio Cunha. Ele afirmou que vai colocar o nome na lista que tem 11 mil apoiadores pedindo que a menina jogue a fase regional da competição.

A confusão existe porque na etapa municipal é permitido time misto e Laura é titular da equipe campeã em São Carlos. Mas na fase seguinte, ela não pode ficar nem no banco de reservas. A delegada da Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo impede a inscrição dela alegando que na regra está escrito tratar-se de uma competição masculina.

O abaixo-assinado pede a mudança do regulamento, algo defendido pelo coordenador de Futebol Feminino da CBF. Marco Aurélio diz que normas devem ser respeitadas, mas quando não são boas precisam se adequar ao seu tempo. Acrescenta que em certas faixas etárias a diferença física não é relevante.

O dirigente lembra que no período que trabalhou no Japão viu campeonatos mistos. O mesmo ocorre em outros países. Marco Aurélio concorda que é complicado alterar o regulamento no meio de um torneio, mas como é de caráter educativo acredita que é possível.

Ele também falou que vai convidar Laura para visitar o centro de treinamento em Itu onde a seleção feminina se prepara para as Olimpíadas. Contou ainda que vai conversar com as jogadoras para ver se alguma delas quer aderir ao abaixo-assinado.

O pai da garoto, Lauro Pigatin comemorou. Afirmou que a experiência de estar com atletas profissionais será inesquecível para a filha e afirmou que o apoio de um dirigente da CBF é um importante reforço para alterar o regulamento.

Segundo não seguido.

A campanha foi iniciada porque, pelo segundo ano consecutivo, Laura ganhou a etapa municipal da competição em São Carlos sendo titular no time e não pode disputar a fase regional. Ocorre que há torneios femininos apenas dos 15 anos em diante e a garota ficaria três anos sem poder competir.

O treinador do time dela, Rogério Pereira, não entende como o Estado rejeita equipes mistas e nos torneios organizados por entidades privadas isto é possível. Ele lembra que os técnicos e atletas de outras equipes defenderam que Laura pudesse jogar no campeonato do ano passado. Nem assim foi possível.

O pai da garota pediu para a delegada encaminhar uma solicitação de alteração nas regras para 2016. O time chegou à fase final e o treinador reforçou a demanda com a coordenação da competição. Nada foi feito.

A diferença de tratamento é considerada preconceito por Lauro. Ele explica que a garota sonha em ser jogadora de futebol, mas não a incentiva. Para ele, a situação atual é um resumo do que estaria por vir na vida esportiva para uma menina que joga futebol.

"Há uma falta de direito em tudo. Ganham menos, têm menos exposição".

Secretaria analisa o caso

Os pedidos do pai e do treinador de Laura nunca chegaram ao destino final. A assessoria da Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo informou que não tinha conhecimento da solicitação de aceitar times mistos. Acrescentou que soube da situação somente nesta semana, quando a mãe da menina escreveu ao 'Fale Conosco'.

De acordo com a assessoria de imprensa, haverá um estudo para uma possível mudança no regulamento. Mas mesmo que ocorra alguma alteração, não é certo que Laura possa jogar o campeonato neste ano porque se as regras já foram publicadas e não seria fácil fazer adaptações no meio do torneio.