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Acidente trágico foi divisor de águas para o treinador de País de Gales

Chris Coleman, treinador do País de Gales, é fotografado ao lado de pôster da equipe - REUTERS/Carl Recine
Chris Coleman, treinador do País de Gales, é fotografado ao lado de pôster da equipe Imagem: REUTERS/Carl Recine

João Henrique Marques

Do UOL Esporte, em Paris

06/07/2016 06h00

“O capitão do Fulham, Chris Colemam teve a sorte de sobreviver a um acidente após colidir o carro a 255km/h demolindo duas árvores”. O texto de 2001 do jornal inglês The Telegraph traz ideia da tragédia vivida pelo atual treinador de País de Gales. Nesta quarta-feira, ele é atração da semifinal da Eurocopa diante de Portugal, às 16h (de Brasília). 

O zagueiro constantemente convocado para a seleção vivia o auge técnico da carreira aos 30 anos. Só que o acidente trágico o deixou imobilizado durante meses. Fraturas viraram sequelas e a carreira teve que ser interrompida. Ou melhor, alterada para uma tentativa de ser treinador por conta do amor ao futebol.

“Os bombeiros demoraram mais de uma hora para chegar. Eu fiquei preso, sem movimentação e pensando somente no pior. O tempo é fantástico. (o acidente) Foi um divisor de águas, algo que me fez pensar estar conduzindo a vida de maneira errada”, disse o treinador de País de Gales.

Colemam iniciou curso de treinador na Inglaterra quase um ano após o acidente. Aos 32 anos virou o técnico mais jovem do Campeonato Inglês graças ao Fulham, clube em que se destacava como zagueiro.

O início de trabalho foi empolgante. O time acostumado a brigar contra o rebaixamento terminou na nona colocação na temporada 2003-2004. A demissão veio quatro anos depois, quando a equipe caiu de nível bruscamente.

“Minha primeira oportunidade foi com 32 anos e então pensava nas besteira que fiz com 20. Agora, quando vejo o que fiz com 32, 33, 34 anos como treinador, penso da mesma forma”, foi a autocrítica feita por Colemam quando perguntado sobre o início de carreira como técnico.

A carreira como técnico seguiu somente por clubes na segunda divisão. Na Espanha, o Real Sociedad, na temporada 2007-2008, na Inglaterra, o Coventry City, de 2008 a 2010, e na Grécia, o Larissa, em 2011-2012.

Colemam jamais imaginou o convite para dirigir o País de Gales. E a lembrança da proposta é extremamente dolorosa. O então treinador, Gary Speed, cometeu suicídio ao enforcar-se em casa.

“O Gary era meu companheiro de quarto na seleção. Em um mundo ideal, eu não estaria aqui, o País de Gales estaria em boa situação e um dos meus melhores amigos estaria com a gente”, se emocionou Colemam quando perguntado sobre a fatalidade na véspera do jogo mais importante da história do País de Gales.