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Jovem árabe vai a torneio de Neymar. Mas se diz fã de Ronaldo e Corinthians

Fadhel Khamis, torcedor do Corinthians, defende os Emirados Árabes em torneio de Neymar - Luiza Oliveira/UOL
Fadhel Khamis, torcedor do Corinthians, defende os Emirados Árabes em torneio de Neymar Imagem: Luiza Oliveira/UOL

Luiza Oliveira

Do UOL, em Praia Grande (SP)

09/07/2016 06h00

O menino de 16 anos sonha ser jogador de futebol, torce para o Corinthians e é fã de Ronaldo Fenômeno. A história bem que poderia ser de um dos milhares de jovens no Brasil que tentam a vida nos gramados. Mas Fadhel Khamis nasceu nos Emirados Árabes, joga na base do Ah Ahli e tem uma realidade um pouco diferente, já que nem sua mãe e nem sua namorada podem ver seus jogos no estádio.

Fadhel veio ao Brasil para representar seu país em um torneio de futebol amador promovido por Neymar em Praia Grande-SP. O carinho pelo Corinthians chamou atenção porque ele não tirou a camisa do clube durante toda a competição. Nos quatro jogos que disputou, a usou por baixo do uniforme do país.

Fadhel criou empatia pelo time em 2008 quando Ronaldo Fenômeno, seu maior ídolo, veio jogar no clube. Desde então, acompanha o time brasileiro e até comprou a camisa em um shopping de Dubai.

"Gosto muito do Corinthians, um time grande e de conquistas. Vejo os jogos pela TV porque lá passa o Campeonato Brasileiro. Ronaldo é o maior de todos. Gosto de outros jogadores que estão lá também. Queria muito jogar lá", brinca ele.

O volante de 16 anos hoje está na base do Al Ahli e quer seguir até o profissional. Apesar do sonho, sua mãe e sua namorada nunca assistiram a um jogo dele no estádio, apenas pela televisão. Ele diz que não é bem visto mulheres irem ao estádio nos Emirados Árabes por causa da rigidez da religião.

"Somos um país muçulmano, bem tradicional. Não é uma proibição, mas as mulheres não vão ao estádio, nem a dos jogadores. Muito difícil", conta ele.

"É uma tradição. No estádio só tem homens, e as mulheres não costumam ser respeitadas. Se aparece uma mulher, os homens ficam tocando, pedindo telefone. São muitos homens juntos. Não é legal", completa Amean Essam, de 25 anos, que é seu colega de 'seleção'.

No caso de Fadhel, o pai dele nem sabe que ele tem uma namorada. Ele conta que nos Emirados Árabes, muitas vezes, o namoro só pode ser assumido para a família se a relação estiver madura e prestes a virar um casamento. "Lá, para poder namorar você tem que ter emprego estável, pensar em comprar uma casa, já pensar em casamento", diz.

De olho no futuro da profissão, Fadhel sonha em virar profissional, mas sabe que a trajetória é difícil no país. Ele diz que o campeonato ainda é pouco desenvolvido e só deu um salto de 2010 para cá, especialmente depois que alguns brasileiros foram atuar lá.

Por isso, ele veio ao Brasil também com a esperança de que o torneio ajudasse a alavancar sua carreira. Um olheiro poderia enxergar o seu potencial, especialmente se o time fosse longe em uma competição ligada a Neymar. Mas a equipe não teve sorte. Nas eliminatórias deste sábado, perdeu para Bósnia (5 a 1), Argentina (2 a 0), Sérvia (5 a 0) e venceu o Catar por 5 a 0. Dessa forma, acabou eliminada ainda na primeira fase.

A fase final do torneio, promovido por Neymar em parceria com a Red Bull, acontece neste domingo. O campeão vai enfrentar o time de Neymar e seus amigos e ainda vai ganhar uma viagem para a Espanha para assistir a um jogo do Barcelona no Camp Nou.