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Prass e o Bom Senso: legado e tristeza por jogadores de ponta 'acomodados'

Bom Senso F.C. chegou ao fim três anos depois de desafiar a CBF - Junior Lago/UOL
Bom Senso F.C. chegou ao fim três anos depois de desafiar a CBF Imagem: Junior Lago/UOL

José Edgar de Matos

Do UOL, em São Paulo

14/07/2016 12h00

Chegou ao fim o grupo Bom Senso F.C.; pelo menos da forma na qual ficou conhecido, com jogadores expostos, protestos nos gramados e críticas constantes à Confederação Brasileira de Futebol. Um dos líderes do movimento criado há três anos é Fernando Prass, que falou sobre os novos rumos, as decepções e o legado deixado pela primeira fase desta organização.

Durante evento realizado na noite da última quarta-feira, em um shopping da capital paulista, o goleiro do Palmeiras mostrou-se satisfeito com o alcance do movimento, que perdeu força nos últimos meses, apesar das seguidas denúncias sobre a alta cúpula da CBF. Prass enxerga até um ponto especial para comemorar o legado deixado pelo grupo.

"O Profut, que era para sair de uma maneira totalmente desvirtuada, mais um refinanciamento, sem contrapartida nenhuma, foi um legado. Provavelmente daqui a uns anos fariam outro refinanciamento, sem se ater ao principal que é a gestão responsável dos clubes. Então foi criado uma série de situações que os clubes são obrigados a seguirem", contou Prass.

Segundo o goleiro palmeirense, o Bom Senso F.C. segue em atividade. Ao invés de os jogadores 'darem a cara', o trabalho rumará mais para o lado dos bastidores, com a mesma estrutura administrativa. Os executivos ligados ao grupo permanecerão com o trabalho de bastidores, mas os nomes fortes dos atletas serão deixados de lado.

Prass espera que, sem uma liderança, novos nomes surjam para assumir o protagonismo do movimento. Contudo, o veterano de 38 anos sabe que a realidade futebolística - e da sociedade - impede maiores ações por parte daqueles que buscam uma justiça para os atletas afastados do glamour dos grandes clubes.

“Não é só o jogador de futebol, o ser humano é muito individualista”, resume o camisa 1 do Palmeiras, antes de lamentar que os atletas dos clubes mais populares se apresentam afastados da briga política com a CBF.

"Muitos jogadores têm esse perfil de liderança para assumir este papel, mas duas situações são primordiais: a descrença de que pode fazer a diferença e a acomodação. Jogadores, principalmente os que possuem uma situação boa e que estão em times de ponta, são muito acomodados e não se preocupam. Na realidade são o topo da pirâmide e não são afetados como os que estão lá embaixo", discursou.

Apesar da falta de politização de jogadores mais badalados, Prass se mantém ativo na briga por uma melhora do situação do futebol no país pentacampeão mundial. O goleiro, embora satisfeito com o legado deixado pelo grupo, sabe que o objetivo final se encontra ainda muito distante.

“Essa (Profut) não é a solução para os problemas do futebol brasileiro, mas é um norte para um futebol que já é dito como profissional há muitos anos, mas que está se tornando profissional agora. Tentamos mostrar para quem tiver interesse e vontade de que o tempo de dedicação a este tipo de coisa não é um tempo perdido; por mais difícil que possa ser, nunca você sai de mãos vazias. Vale a pena pressionar, questionar e apresentar ideias boas para que o futebol brasileiro melhore”, concluiu o goleiro do Palmeiras.