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Elogio a presidente e foco positivo: como Falcão tenta reverter crise

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

08/08/2016 06h00

Paulo Roberto Falcão afirmou que se sente seguro. Independentemente das palavras do vice-presidente Pedro Affatato, que não garantiram o comando técnico após o jogo deste domingo contra o Fluminense, o ex-comentarista considera que é possível evoluir a partir do que já viu nas três semanas em que comanda o Internacional. E a receita para reverter a ameaça de demissão tem elogios ao presidente e um discurso totalmente positivo. 

Sempre é possível ver o copo 'meio cheio'. E isso ficou claro em alguns momentos da entrevista coletiva que sucedeu o 11º jogo consecutivo sem vitória. Ao elogiar torcida e jogadores, Paulo Roberto viu até maneiras de colocar sua equipe entre os postulantes ao título. 
 
"Parece incrível, mas se ganharmos 75% dos pontos que temos para disputar, somos campeões brasileiros. É difícil, é claro que é. Mas temos que pensar para frente. Eu não seria estúpido de não entender que o momento é delicado, mas tenho que olhar para as coisas boas. Eu já estive na arquibancada, já vi o Inter perder, já fui ironizado no colégio... Isso não tem novidade. A crítica acontece e eu não controlo isso, só controlo o time. Estou em uma situação de muita força, é os momentos que eu gosto de enfrentar. Minha competência é de tentar que jogadores assim no meu grupo possam tentar mudar a partir da segunda-feira", disse depois do 2 a 2 contra o Fluminense. "Nossa torcida foi exemplar. Gostaria de agradecer todo apoio que nos dão e realmente os jogadores sentiram isso. Estão dando o melhor pelo time", completou. 
 
A coletiva demorou a acontecer. Falcão esteve reunido com a comissão técnica por mais de uma hora. Nela, citou o apreço aos torcedores, ao elenco e também ao presidente Vitório Píffero. Indicando que não há qualquer pendência na relação deles. 
 
"Que garantia eu posso dar? Não tem como garantir nada. O que eu posso é prometer que vamos criar a melhor situação. Garantimos esforço, entrega, valorização dos profissionais. Agora, garantir resultado é difícil. Vamos trabalhar como sabemos. E é importante ter um presidente que está muito junto conosco, que é o caso aqui. Ele é um homem de vestiário, vencedor, que o jogador vê próximo a ele", disse Falcão. 
 
E nas palavras elogiosas afasta, inicialmente, a chance de demissão imediata.  "Vocês sabem quando eu assinei meu contrato com o Internacional? Neste sábado. E já estou aqui há três semanas praticamente. É uma relação direta, de confiança que temos", complementou. 
 
O tom soa até motivacional. A ideia de um dos maiores ídolos da história do clube é mostrar que é possível reverter a pressão sobre ele mesmo e sobre o elenco já imediatamente. 
 
"Não me arrependo (de ter assumido o Inter). A decisão foi pensada. Eu não tenho medo do desafio. Em 1980 eu saí para jogar na Itália, era o único estrangeiro da Roma, o único que falava português lá, poderia ter ido para o Milan, mas o desafio era a Roma. Eu sou do desafio. Não gosto de coisas simples, não. Minha vida sempre foi assim. O momento difícil é o que mais te fortalece. Estou em um time que me criei, fiz todas as categorias de base no Inter, fiquei 16 anos aqui, disse isso para eles [jogadores]. A gente é cobrado aqui porque estamos num time que ganha. Lembro meu pai que me trazia para os jogos e quando criança vi o Inter perder 12 de 13 Campeonatos Gaúchos. E depois fomos octacampeões. Mais tarde conquistamos títulos nacionais na década de 70, e internacionais em seguida. Assumi essa responsabilidade porque sei exatamente como tudo funciona no Inter. Vai resolver? Não sei. Mas vou usar tudo que sei para isso", opinou. "E vejo jogadores como eu no grupo. Estão todos preocupados, mas isso não pode travar a gente. Ela tem que estimular. E este é o momento para pessoas grandes, não é para qualquer um. Este é momento para quem tem tutano. Acho que temos no grupo isso" completou.
 
Temas como jejum de vitórias ou mesmo rebaixamento foram combatidos ferozmente pelo técnico. Segundo ele, não há razão para alarmismo ou preocupação demasiada por conta da distância para o fim do campeonato. Mesmo que a zona de degola esteja apenas dois pontos atrás do Colorado. 
 
"Estamos falando como se o campeonato acabasse amanhã. E o Inter viveu isso contra o Payssandu e contra o Palmeiras [em 2002 e 1999 respectivamente, anos em que o Inter ganhou na última rodada e escapou da queda]. Mas estamos a 19 rodadas do fim. Se começar a achar que está tudo errado faltando um turno inteiro, vamos correr mais riscos. Não vou começar a duvidar das coisas", frisou. 
 
 

Chance de troca ainda existe

Nem mesmo o tom do discurso, porém, acaba de vez com a chance de demissão. O Internacional promete uma reformulação de todo departamento de futebol e dependendo dos anúncios prometidos para esta segunda-feira, uma troca não está totalmente descartada.