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C.Xavier compara Palmeiras de 2009 com o atual: "hoje montamos 3 times"

O meia Cleiton Xavier durante treino do Palmeiras - Cesar Greco/Fotoarena
O meia Cleiton Xavier durante treino do Palmeiras Imagem: Cesar Greco/Fotoarena

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

11/08/2016 06h00

Cleiton Xavier já vê a fase de lesões consecutivas como parte do passado. O meio-campista do Palmeiras relembra os momentos difíceis desde o seu retorno ao clube, em fevereiro de 2015, e diz que tudo aconteceu por desrespeito ao corpo.

Em entrevista ao UOL Esporte, o jogador admite que o nível praticado na Ucrânia era muito abaixo do que o do Brasil e que isso fez com que ele não conseguisse sair do departamento médico. Em 2016, ele atuou em 18 partidas, superando as 17 da temporada passada.

No papo na Academia de Futebol, o camisa 10 ainda fez análise do momento vivido pela equipe no Campeonato Brasileiro e traçou a comparação com o Palmeiras de 2009, que também liderou o Nacional por muito tempo, mas acabou fora até do G-4.

Eu acho que errei um pouco também. Eu queria voltar rápido, dar logo o meu 100% e meu corpo não estava mais preparado para aquilo"

Confira a entrevista completa com Cleiton Xavier:

UOL Esporte: Qual é a importância da conquista do 1º turno do Brasileirão? A oscilação da equipe ainda te preocupa?
Cleiton Xavier:
É importantíssimo a gente vencer o primeiro turno, mas isso não determina o campeonato. Mas temos bons exemplos de quem termina em 1º tem boas chances de ser campeão. A gente oscilou mesmo, mas é normal. Todo mundo oscila um pouco e temos certeza que isso também serve como alerta. Agora, vamos colocar as coisas no lugar.

Você enxerga o Atlético-MG como principal rival?
Cleiton Xavier
: Sempre foi, desde o início. O que é diferente é que muita gente não dava o Palmeiras como favorito, mas a gente sempre soube que poderíamos brigar. Eles são uns dos nossos rivais juntos com Grêmio e Corinthians.

Ouvi muita coisa, de tudo. Mas tive a cabeça tranquila para dar a volta por cima"

Cleiton Xavier em partida contra o Atlético-MG - Cesar Greco/Divulgação/Palmeiras - Cesar Greco/Divulgação/Palmeiras
Imagem: Cesar Greco/Divulgação/Palmeiras

Depois de uma sequência de lesões, você chegou agora aos 18 jogos, superando 2015. O que aconteceu naquela época que você frequentava muito o DM?
Cleiton Xavier:
Foi um tempo difícil. Momentos muito ruins que eu nunca tinha passado. A gente está sujeito a isso, mas nunca queremos passar por isso, né? Foi preciso buscar muita força na família e nos amigos.

(Em 2009) Caímos porque não tínhamos tantas peças de reposição"

Mas por que você teve tantas lesões?
Cleiton Xavier:
Eu acho que tudo contribuiu um pouco. Tem o ritmo da Ucrânia, tem a minha volta ao Brasil no meio do caminho. Eu acho que errei um pouco também. Eu queria voltar rápido, dar logo o meu 100% e meu corpo não estava mais preparado para aquilo. Eu estava em outro momento físico, por causa da Ucrânia.

Quanto abaixo está o nível por lá?
Cleiton Xavier:
Não tem nem comparação. O Shakhtar é o melhor, mas você vê... Tem 10, 12 brasileiros. E os brasileiros têm participação em tudo o que ganham. O pessoal gosta de futebol lá, mas só foi ficar competitivo com a chegada de sul-americanos lá, especialmente os brasileiros.

cleiton xavier em treino do palmeiras - Cesar Greco/Fotoarena - Cesar Greco/Fotoarena
Imagem: Cesar Greco/Fotoarena

O Gabriel Jesus tem um bom potencial, já demonstrou isso. Mas o Neymar ainda está bem acima dele"

Enquanto você não voltava aos gramados, ouvimos de tudo. Que você não saia de festa, que o departamento médico do Palmeiras é ruim, que o treino era ruim... Você ouvia isso também?
Cleiton Xavier:
Claro que sim. Chega em mim, não tem como. Eu acompanho notícias, assisto aos programas de futebol. E na maioria das vezes, o que se fala nos programas não é verdade. Eu sou o cara que mais treinei. Às vezes quase não tinha tempo de almoçar, porque treinava a manhã inteira e ia direto para o treino da tarde. Tratava em casa, aqui...Em todo lugar. Mas isso acontece com todo mundo. Toda hora a gente ouve. Ouvi muita coisa, de tudo. Mas tive a cabeça tranquila para dar a volta por cima.

Cleiton Xavier comemora gol contra o Colo Colo, na fase de grupos da Libertadores de 2009 - AP - AP
Imagem: AP
Ser campeão agora vai ser dar a volta por cima depois de 2009? O que aconteceu naquele ano?
Cleiton Xavier:
A única comparação possível é de falar do nosso momento na liderança. A gente ficou muito tempo à frente e depois perdemos. Agora também, estamos muito tempo na primeira colocação. Mas de resto... São jogadores totalmente diferentes, um elenco bem diferente. Aliás, esse é o principal. Hoje a gente monta três times sem se preocupar com quem vai jogar.

Esse é seu diagnóstico para a derrocada? Não teve a história de ciúme do Vagner Love?
Cleiton Xavier
: Sim, a falta de elenco foi o principal. A gente não podia repor peças importantes. Eu me machuquei, depois teve Pierre, Maurício Ramos.. Caímos porque não tínhamos tantas peças de reposição. Sobre o Vagner, é o contrário. Ele nos ajudou muito em um momento que tínhamos perdido o Obina.

Você disse sobre os três times. Ao mesmo tempo, tem jogador que não gosta de ficar no banco, não entende esse conceito de fazer parte de um elenco numeroso.
Cleiton Xavier
: Sim, mas em um elenco com jogadores de qualidade, é preciso entender isso. Temos capacidade de substituir qualquer um. O Cuca não tem 11, ele tem 30 e poucos jogadores. Quase todos já tiveram chances para jogar. A gente precisa é entender a decisão do técnico. Uma hora todo mundo tem chance.

Como é trabalhar com o Cuca? Há quem diga que ele se desgasta muito com os atletas.
Cleiton Xavier:
Ele trabalha muito. Nos ajuda muito e espero que a gente possa fazer a diferença junto com ele para buscar o título.

Você prefere dar assistência ou fazer gols?
Cleiton Xavier
: Minha função é dar assistência. Sempre digo isso. Prefiro dar assistência, mas quando eu puder eu marco um também.

Você foi para a Europa e voltou. E agora vê Jesus indo para o Manchester City. Ele está indo na hora certa? Você conversou com ele?
Cleiton Xavier
: É o melhor momento da carreira dele. O melhor momento é esse, quando está bem. Se não fosse agora, ele iria em breve. Conversei poucas coisas com ele, porque não vale encher a cabeça dele de coisas agora. Ele precisava decidir a vida dele muito rápido.

Juan Manuel Torres e o brasileiro Cleiton Xavier comemoram vitória do Metalist sobre Bayer Leverkusen - AP Photo/Dmitry Neymyrok - AP Photo/Dmitry Neymyrok
Imagem: AP Photo/Dmitry Neymyrok

Você coloca o Jesus no mesmo nível de Neymar?
Cleiton Xavier:
Ele tem um bom potencial, já demonstrou isso. Mas o Neymar ainda está bem acima dele, se tratando de time que joga, de conquistas. Mas o Gabriel tem tudo para chegar nisso.

Tem gente que chama essa geração de geração do "mimimi". Você concorda com isso? É muito diferente das que você viveu?
Cleiton Xavier:
A geração é diferente, sem dúvida. Cada um tem seu jeito de lidar. Mas tem vários jogadores que não são mimados. Os garotos aqui do Palmeiras são tranquilos, como o Jesus. Mas realmente tem alguns outros que são mimados, que é diferente do que eu me acostumei. Não sei o motivo. Talvez por causa do clube deles.

O que falta para essa geração?
Cleiton Xavier
: Essa geração é diferente por causa de título. O pentacampeonato faz muito tempo. Quando ganhava, todo mundo elogiava a geração. Se esses daí ganharem, vocês vão falar que é uma ótima geração.

De quem é a culpa do 7 a 1?
Cleiton Xavier:
De quem? Da Alemanha. Jogou muito e meteu sete.