Há 3 anos, ele fazia testes. Hoje, vale R$ 12 mi e interessa ao Corinthians
De um simples teste na Grande São Paulo para a artilharia da Série B do Brasileiro. Em um período de três anos, a vida de Gustavo Henrique da Silva Sousa mudou. Sensação do Criciúma nesta temporada, Gustavo despertou a atenção do Corinthians. A multa de R$ 12 milhões estipulada pelos catarinenses – o contrato vale até dezembro de 2019 - chega até a assustar o jogador de 22 anos.
“Tem a multa de 12 milhões que eu acho um absurdo, mas é o que está estipulado”, disse o atacante, que concedeu entrevista exclusiva ao UOL Esporte.
A incredulidade de Gustavo ocorre em virtude do passado simples, artilheiro do campeonato da segunda divisão com 11 gols. O atacante mais badalado da Série B do futebol nacional, até três anos atrás, nem sequer imaginava pisar em um gramado como profissional. Categoria de base, para ele, é um luxo.
“Comecei no Taboão da Serra mesmo (...). Foi em 2013, com 19 anos. Eu não fiz base, cheguei no final do ano de 2013 para jogar a Taça São Paulo em janeiro de 2014. Era para eu fazer um teste e jogar a Taça São Paulo”, contou.
Do teste, uma grande atuação serviu para mudar o futuro de Gustavo, um dos oito irmãos de uma família da cidade de Registro (SP). Dores no joelho do titular deram a oportunidade para o centroavante mostrar serviço e convencer o Taboão sobre quem deveria usar a 9 na Copinha.
“Ele era o quarto reserva. O treinador da época, o Fábio Cunha, cogitou até em mandá-lo embora no momento. O Gustavo era reserva, o titular se chamava Joel, mas não jogou contra o Santos um último amistoso em 2013, alegou dores no joelho. Gustavo entrou e fez os três gols na nossa derrota por 4 a 3”, relembrou Anderson Nóbrega, presidente do Taboão da Serra.
“Isso foi em 23 de dezembro (três gols contra o Santos). Depois, no dia 27, tivemos outro amistoso, e o Gustavo fez mais dois gols. O Gustavo roubou a posição do cara na última semana e foi o artilheiro da Copa São Paulo. Quase que ele não joga a Copa São Paulo, foi coisa de Deus mesmo”, acrescentou o dirigente.
O próprio Gustavo relembra a semana com carinho (e ainda uma pitada de surpresa). "Eu não sabia se seria titular ou não. Quando o roupeiro veio com a 9 para mim, eu até brinquei com ele: 'está certo mesmo? Tem certeza que é para mim?' (risos). Eu perguntava: 'não me deram o número errado?"
Da Copinha, Gustavo foi para o Criciúma. Antes de viajar a Santa Catarina, o destino, porém, quase o levou ao Parque São Jorge, clube mais predisposto a tirá-lo neste momento do Heriberto Hulse – o Corinthians apresentou uma proposta oficial pelo futebol do centroavante.
Agora consolidado a nível nacional, Gustavo coloca o futuro nas mãos do Criciúma. Os catarinenses continuam irredutíveis em relação às ofertas corintianas. Inevitável, para quem há três anos sequer vestia uma camisa, sonhar com a oportunidade em um clube do porte do atual campeão brasileiro.
“Ah, a gente sonha, né? (risos) Procuro sonhar não só com a camisa do Corinthians, mas qualquer grande clube e com a camisa da seleção”, disse Gustavo, que, se dependesse da opinião da família, já sabe para qual destino iria ainda nesta temporada de 2016.
“A maioria da minha família é corintiana, e a vontade da maioria da minha família eu já sei qual é que é (risos). A minha família bem, eu ficarei bem também. Espero definir se eu fico ou saio até o dia 20 de agosto, quando começará o segundo turno da Série B”, finalizou o centroavante.
Carreira impulsionada após fim de drama familiar
A carreira de Gustavo começou definitivamente na Copa São Paulo de 2014, depois de aprovado no teste pelo Taboão da Serra. Enquanto aparecia para o futebol nacional, o atacante testemunhava ao mesmo tempo a reviravolta na vida do pai, o senhor Aluísio Antônio de Sousa.
“Aconteceu, agora eu não sei explicar o motivo o que aconteceu, mas eu só sei que ele ficou preso sim. Na Taça São Paulo de 2014, ele saiu e conseguiu assistir alguns jogos na reta final”, recorda-se o centroavante, ainda sob as memórias duras do tempo de cárcere do pai.
“Ele ficou muito tempo preso. Administrar isso para mim era muito difícil, não conseguia visita-lo. Ele mandava carta e dizia que estava tudo tranquilo, era assim que eu ficava realmente tranquilo”, relatou a nova sensação do futebol nacional, que desperta a atenção do Corinthians.
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