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Petelecos, dancinhas e sorrisos: como Tite mudou a seleção em 10 dias

Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em Manaus (AM)

07/09/2016 06h00

A seleção brasileira vive uma nova era. E isso não ocorre apenas pela retomada dos bons resultados em campo, mas especialmente pelo clima leve que agora domina o ambiente da equipe. Nos dez primeiros dias sob seu comando, Tite saiu “melhor que a encomenda”, como classificaram os dirigentes da CBF.

A ideia do trabalho era mudar a cara de uma seleção frágil em campo e antipática fora dele. O que os dirigentes não esperavam é que a mudança radical ocorresse de forma tão rápida. Com a bola no pé, vitórias sobre Equador e Colômbia; no contato com torcida e imprensa, sorrisos no rosto e uma convivência harmoniosa.

Os sinais eram evidentes. O grupo, antes fechado e distante, interagia com torcida, não fugia do contato e demonstrava toda a alegria nos intervalos de treinamento. O vídeo postado por Neymar em redes sociais e assistido por milhões de pessoas dava o recado: a dancinha ao lado de Daniel Alves, Marcelo, Gabriel Jesus e outros era o símbolo de um vestiário mais leve.

“Fazia muito tempo que não sentia a sensação que estou sentindo agora neste novo grupo. Todo mundo muito feliz, muito mesmo”, comentou o lateral Daniel Alves, que recebe o quarto treinador na seleção é o atleta mais experiente do grupo.

“Brincadeira faz parte, temos um momento de descontrair. A gente conversa  bastante ali no vestiário. É legal porque levamos para o campo e isso nos deixa unido. Estamos muito focados com o professor Tite, mas esses momentos também ajudam e fazem parte”, completou Gabriel Jesus.

Tite e sua comissão técnica distribuíam sorrisos e retribuíam o carinho de uma torcida que não dialogava bem com o antigo comandante, Dunga. Enquanto o ex-treinador preferia a reclusão ao lado do coordenador Gilmar Rinaldi, o atual tentou, desde os primeiros momentos, humanizar uma seleção questionada e abatida.

“Eu sou assim, fui assim no meu primeiro clube. Estou reproduzindo aqui o que fiz no Guarani de Garibaldi (RS) porque entendo que um bom ambiente de trabalho potencializa o lado profissional. Os jogadores podem colocar para fora todo seu talento. É uma convicção. Os resultados ajudam, mas se tivermos isso em mente, estaremos sempre mais próximos do objetivo”, comentou o treinador.

Além da dancinha no vestiário e dos sorrisos em momentos descontraídos, até mesmo brincadeiras após o treino eram verificadas. Em clara tentativa da comissão de deixar o ambiente mais leve, jogadores disputavam entre si que tinha a melhor habilidade ou pontaria. No fim, um exercício de flexão para quem perdia ou até um peteleco na orelha geravam risadas e deixavam a sensação de um ambiente modificado.

A mudança chegou até mesmo na diretoria da CBF. Integrantes da confederação que nem sequer cogitavam a hipótese de estar perto do grupo de Dunga foram a Manaus conferir a primeira partida de Tite em casa. “Está todo mundo realmente junto para que a coisa dê certo. Temos uma unidade”, comentou o vice-presidente Coronel Nunes.