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'Não posso mais': Iniesta revela fase depressiva em era gloriosa do Barça

Iniesta perdeu um grande amigo do futebol em 2009 - AP Photo/Manu Fernandez
Iniesta perdeu um grande amigo do futebol em 2009 Imagem: AP Photo/Manu Fernandez

Do UOL, em São Paulo

10/09/2016 06h00

Uma carreira gloriosa em campo, mas que teve que conviver baques na vida pessoal. Hoje com 32 anos, o meia Andrés Iniesta, astro do Barcelona e da seleção espanhola, falou em sua biografia sobre dias tristes que o deixaram em uma imensa amargura.

Quanto tinha 25 anos, o tetracampeão da Liga dos Campeões e campeão da Copa de 2010 se viu no fundo do poço. Titular do Barcelona e poucos meses depois de fazer o gol que levou o time à final da Liga dos Campeões 2008/2009, o meio-campista entrou em parafuso. Uma tristeza sem explicação, agravada pela morte de um amigo, ameaçou a saúde do jogador e intrigou os médicos do clube.

“Tudo começou depois de viver o que deveria ser o verão mais glorioso da minha carreira. De repente, você começa a ficar mal. Não sabe por que, mas um dia está mal. E no dia seguinte também. E assim, dia após dia, não melhora”, conta Iniesta em trecho do livro “A jogada da minha vida” adiantado pelo jornal El Periódico. O livro foi lançado nesta semana.

O relato acima remete a algumas semanas depois de Iniesta fazer, nos acréscimos, o gol do empate por 1 a 1 com o Chelsea, em Londres, nas semifinais da Liga dos Campeões. O resultado levou o Barcelona à final do torneio, vencido posteriormente diante do Manchester United.

Iniesta, sem motivo aparente, mergulhou em tristeza. “O problema é que não sabia o que estava acontecendo comigo. Fizeram vários exames, e todos os resultados eram perfeitos. Mas meu corpo e minha mente se desencontravam, se distanciavam (...) As pessoas que te cercam não entendem. E o Andrés que todo mundo conhece está ficando vazio por dentro”, recordou ele.

O Barcelona, então, viajou para fazer a pré-temporada de julho de 2009 nos Estados Unidos. Iniesta foi junto. Lá, os médicos começaram a achar uma solução para o problema do meio-campista. Receitaram até um medicamento para ajudá-lo. Ele aceitou e, aos poucos, parecia melhorar. Foi quando chegou a notícia da morte de Daniel Jarque, jogador do Espanyol e grande amigo de Iniesta.

“Eu não podia acreditar. Dani, meu amigo Dani, havia morrido. A notícia gelou meu coração. Os dias seguintes em Barcelona foram terríveis. A partir daí, começou minha queda livre até um lugar desconhecido. Vi o abismo. E foi então que disse ao médico: ‘não posso mais’”, descreveu Iniesta.

"Pedi ajuda ao médico do Barça. Um dia disse a ele que não podia mais porque não me sentia eu mesmo, sentia que não estava bem comigo mesmo nem com as pessoas que me cercavam", continuou o meia.

Tão ou mais chocante que esse relato do jogador é a revelação que o pior momento de sua vida não foi esse, mas também aconteceu no Barcelona. Mais precisamente, na primeira noite em que dormiu nas instalações de La Masia, quando foi aprovado para as categorias de base do clube catalão.

“O pior dia da minha vida foi em La Masia. Foi isso que senti na época, é isso que sinto agora, com a mesma intensidade. Tive uma sensação de abandono, de perda, como se tivessem arrancado algo de dentro de mim. Foi um momento duríssimo. Eu queria estar ali, sabia que era o melhor para o meu futuro, mas passei um momento muito difícil. Tive que me separar da minha família, não vê-los mais todos os dias, sentir que não estavam por perto”, resumiu ele.