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Onde está último interino que passou pelo Corinthians: "Situação era pior"

Zé Augusto foi técnico efetivo do Corinthians em cinco partidas - Fernando Santos/Folhapress
Zé Augusto foi técnico efetivo do Corinthians em cinco partidas Imagem: Fernando Santos/Folhapress

Diego Salgado

Do UOL, em São Paulo

21/09/2016 06h00

O Corinthians decidiu no último sábado pôr fim à breve passagem de Cristóvão Borges pelo clube e, por consequência, dar respaldo ao trabalho do auxiliar Fábio Carille. Esse cenário traz à tona a história de Zé Augusto, que assim como o atual técnico ganhou a chance de comandar o time profissional em setembro de 2007 - ele era o último interino efetivado no clube.

Naquela ocasião, o Corinthians estava atolado em um crise sem precedentes, que culminaria no rebaixamento à Série B do Campeonato Brasileiro. Zé Augusto esteve à frente do Corinthians em apenas seis partidas, entre as passagens de Paulo César Carpegiani e Nelsinho Baptista.

Em contato com a reportagem do UOL Esporte, Zé Augusto, que trabalhou por 12 anos na base corintiana e hoje está no Audax, comparou as situações vividas pelo Corinthians. E cravou: Fábio Carille tem mais chances de ficar mais tempo no comando do time alvinegro, ao contrário dele.

"A situação dele é bem melhor que a minha. Ele tem mais convivência com os atletas. Ele já tem cinco anos lá no profissional, facilita muito. No meu caso foi diferente. Estava em Itaquera, no CT da base. Mudei de lugar. O meu caso era mais na experiência, de trabalhar com Luxemburgo, Parreira, Antônio Lopes. Tinha 'feeling', mas não o contato com os atletas. Não que seja fácil para ele, mas será mais fácil que na minha época", explicou Zé Augusto.

Outras dificuldades foram apontadas pelo ex-treinador: a instabilidade política e os problemas no grupo de jogadores. "Naquela época a situação era difícil, tinha problema de elenco. Isso dificultou muito. Talvez se tivesse um suporte maior, como na comissão por exemplo", disse o ex-treinador.

2007 na memória

O ex-treinador do Corinthians assumiu interinamente o cargo depois de uma derrota por 3 a 0 para o Cruzeiro, no Pacaembu, em jogo válido pela 21ª rodada do Brasileirão. A partida marcou o último jogo de Carpegiani no clube.
 
Zé Augusto, então, comandou o Corinthians diante do Atlético-MG. A equipe foi goleada por 5 a 2 no Mineirão. No jogo seguinte, entretanto, o time corintiano venceu o Santos por 2 a 0. Foi o suficiente para o diretor Antoine Gebran efetivar Zé Augusto. "Foi uma efetivação bem concreta. A diretoria me deixou bem à vontade. Eu me senti muito confortável", relembrou. 
 
Mas o Corinthians de Zé Augusto não deslanchou. Após bater o quase rebaixado América-RN, a equipe perdeu quatro jogos seguidos. A situação do treinador, dessa forma, ficou insustentável.
 
"Infelizmente o time teve uma sequência irregular. Já havia problemas, mas consegui dar uma cara (ao time) no pouco tempo", disse Zé Augusto, que voltou à base do clube.
 
"Poderiam (me dar mais tempo). Mas percebi do outro lado o desespero, nunca imaginavam que o Corinthians ia cair. Eu entendi os dois lados. O meu lado, que poderiam me dar mais tempo. E o outro lado, pois o campeonato estava no fim e quiseram um treinador experiente. Saí um pouco chateado", disse.
 
Mesmo nove anos depois, Zé Augusto lamenta não ter conseguido ajudar o time profissional. "É uma oportunidade que aparece na vida e tive menos de um mês para colocar o Corinthians no lugar onde gostaria. Para mim seria um sonho realizado tirar o Corinthians da zona de rebaixamento".
 
Da base, o ex-treinador viu a crise se intensificar. Com Nelsinho Baptista, a equipe não conseguiu evitar a queda na reta final do campeonato e, depois do empate por 1 a 1 com o Grêmio na última rodada, o clube acabou rebaixado para a segunda divisão do Brasileiro.