Topo

Alecsandro desabafa contra "amadorismo" do TJD-SP em caso de doping

Cesar Greco/Ag Palmeiras
Imagem: Cesar Greco/Ag Palmeiras

José Edgar de Matos

Do UOL, em São Paulo

05/10/2016 17h35

O assunto doping está encerrado para Alecsandro. Na tarde desta quarta-feira, o atacante do Palmeiras tratou de falar pela última vez, conforme própria promessa, sobre a absolvição definitiva por parte do Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo. Mais que o alívio por provar a inocência, a revolta pela postura do tribunal paulista.

O atacante de 35 anos, que recebeu primeiramente uma punição de dois anos pelo uso de agentes anabólicos na partida contra o Corinthians, em 3 de abril, atacou o tribunal responsável pelo julgamento sem qualquer parcimônia.

“Achei, de uma certa forma, bem amador [o processo em si]; não tenho medo se serei processado ou não. De repente, com um pouco mais de sensibilidade, com conhecimento técnico... sentimos que a nossa defesa não foi entendida pelos julgadores”, reclamou.

“Quando você vai para um julgamento que passa a defesa e o pessoal que vai te julgar não entende que você passou, você questiona a qualidade dos julgadores. Estamos nas mãos dessas pessoas; não estou só falando daqueles que estavam lá”, acrescentou Alecsandro, incomodado com todo o processo no qual esteve recentemente envolvido.

“O pessoal do controle [de doping] aqui, de uma certa forma, na minha visão, o que entendi é que queriam punir e não absolver o caso. Nunca tinha sido pego no doping, nunca entrei em um júri e nunca tinha sido julgado. O corpo de julgadores de São Paulo não teve a sensibilidade, profissionalismo também zero. Quase me deram quatro anos”, questionou.

Alecsandro pagou do próprio bolso pela defesa no caso de doping e encerrou de vez o assunto nesta quarta-feira. Por ter passado por este processo, o jogador deu a opinião particular sobre a função dos tribunais esportivos no país pentacampeão mundial.

“Fico feliz de ter condição boa e contratar o melhor advogado em caso de doping, de ter contratado um professor de bioquímica [Luiz Cláudio Cameron, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)]. e isso tudo gastei do meu bolso. Muitos ficam na mão das injustiças; poderíamos de repente rever os conceitos da forma com a qual é julgado. A Wada pode aconselhar o pessoal do Brasil. Realmente não temos condições”, criticou o camisa 29.

Para se livrar de vez deste 'fantasma' do doping, Alecsandro quer coroar a temporada com o título do Campeonato Brasileiro. A absolvição fez o jogador evitar novamente passar pelo trauma de não participar diretamente de uma conquista importante, como ocorreu no título de 2010 da Libertadores com o Internacional.

“É muito ruim um atleta comemorar um título e nem poder participar. Estava me vendo no mesmo processo no Internacional: joguei todos os jogos de titular na campanha da Libertadores e me machuquei na primeira partida da final. Muitos se esqueceram que ganhei aquele título; memória do brasileiro é muito curta. Agora eu tenho a oportunidade de ser campeão brasileiro e seria difícil, caso venha o título, ficar fora”, finalizou.