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Terceira via em eleição critica futebol do Inter e já tem perfil de técnico

José Amarante, candidato à presidência do Internacional, no Beira-Rio - Reprodução/Twitter
José Amarante, candidato à presidência do Internacional, no Beira-Rio Imagem: Reprodução/Twitter

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

31/10/2016 06h00

José Amarante é a chamada terceira via na eleição presidencial do Inter. Vice de administração entre os anos de 2013 e 2014, ele foi o primeiro a lançar candidatura para a disputa atual e surge como oposição mais firme. Com críticas a gestão do clube, o representante do movimento ‘Sócio Deliberativo’ defende reforma no departamento de futebol.

“No (departamento de) futebol não se vê nenhum planejamento. Ali está tudo errado. E não é pelos profissionais, mas por falta de planejamento do que se quer. A diferença é essa”, disse ao UOL Esporte.
 
Apesar do amplo favoritismo de Marcelo Medeiros, candidato do ‘Movimento Inter Grande’, Amarante garante que não fará parte da gestão em caso de derrota nas urnas. A ideia é seguir como oposição, como uma opção. Uma outra via.
 
Confira a entrevista completa
 

Fazer campanha durante a luta do time para fugir da Série B

 
É uma coisa muito estranha, a gente fica com dois corações. Faz a campanha pensando na eleição, mas não pode se desligar do time. A gente fica apreensivo e é preciso ter cuidado com o que se fala para não piorar as coisas. O vestiário está blindado com o Fernando Carvalho, mas a gente fica apreensivo. A política pode ter reflexo. É a pior parte da campanha.
 

Modelo de gestão e de futebol

 
Dá para enxergar algo que vai bem, a situação do Internacional é boa. O Portal da Transparência precisa ser melhorado, mas é bom. Mas no futebol não se vê nenhum planejamento. Ali está tudo errado. E não é pelos profissionais, mas por falta de planejamento do que se quer. A diferença é essa. Se nota que os funcionários estão soltos, à espera de comando. Fernando Carvalho veio e comandou, e aí houve reação.
 

Projeto para o futebol

 
O futebol não difere de nenhuma área. É preciso ser bom administrador para atacar os problemas e ter gente capacitada. O primeiro fator é: organizar a estrutura do futebol. Não é sair contratando jogadores. Temos um ótimo grupo de jogadores, precisamos de contratações pontuais de atletas. Não podemos contratar gente para grupo, faltam ajustes em algumas áreas. A nossa gestão vai ter início, com aquilo que temos, vamos identificar as carências e depois vamos reforçar. E vamos dar ênfase na formatação da estrutura profissional do futebol. As pessoas que irão trabalhar. E a partir dali vamos pensar no time. É preciso ter coordenador técnico, comissão técnica que venha um treinador e mais um assessor dele. Talvez mais uma pessoa e nada além disso. O restante da comissão tem que ser parte da estrutura orgânica do Internacional. O perfil do técnico já está definido também.
 

Qual é o perfil do técnico

 
Um profissional estudioso, 100% afinado com o momento atual do futebol. Entender que a base precisa ser aproveitada. Queremos que ela seja mais aproveitada e não tão vitoriosa. Ele não precisa ser um treinador cheio de taças, mas pronto para conviver com vitórias. Ele não pode se assustar com o tamanho do Internacional. A torcida é enorme, o elenco é grande e o clube é gigante, vencedor.
 

Contato com o treinador

 
A gente tem contatos com vários treinadores, mas contato pessoal e direto não. Só vamos avançar após a eleição no conselho. E digo mais: temos que ter cuidado, no dia 11 de dezembro já vamos ter o nosso treinador e vamos começar a trabalhar. Teremos um executivo, já conversamos com ele, e um gerente também que já conversamos. O treinador ainda não conversamos, mas há o perfil montado. Não vamos inventar, vamos buscar um treinador para ser vencedor. Não vamos entregar a chave do vestiário ao treinador, ele virá entendendo a estrutura do clube, entendendo a gestão. Não teremos amigos trabalhando na execução. Os não-remunerados planejarão e os remunerados vão executar.
 

Situação financeira do clube

 
As pessoas se preocupam com o futebol, muitas delas, mas para o futebol ir bem é preciso ter gestão e dinheiro. As luvas recebidas deveriam deixar superávit para o próximo ano, mas o que temos de indicação é que 2017 e talvez 2018 serão anos para pagar contas. Os indicativos são esses, quem assumir terá a missão de organizar a casa. Ou seja, pouco investimento. Nós não vamos fazer loucuras, independente da situação. Mas isso tudo será dividido mensalmente com o Internacional.
 

Portal da Transparência

 
Vamos tentar o Portal ainda mais transparente. Revelar os salários do elenco é um elemento que não podemos dispor, isso invade a privacidade do atleta. Vamos colocar lá valor do elenco principal, valor cheio. Não adianta usar modelo contábil e 90% das pessoas não entenderem. Não pretendemos fazer um banco de atletas para venda, queremos ganhar títulos.
 

Modelo de formação e venda de atletas

 
É preciso revisão completa nesse modelo. Isso aí engana o gestor. É como se recebesse 1 mil por mês em casa e fosse viver com 1 mil por mês. Nesse modelo atual, o clube recebe o valor e gera uma despesa que vai rolar pelo tempo. Se cria uma herança longa, não se exaure no momento da tomada de decisão. O orçamento é R$ 300 milhões? Como se chega lá? Cota de TV, licenciamentos, patrocínios e venda de atletas. Essa gestão está chegando lá com empréstimos e antecipação de receitas junto às emissoras de TV. Está errado. É preciso buscar renda com responsabilidade e com foco para isso.
 

Antecipação de receita ou luvas

 
É considerado luvas, não faz parte do negócio, é um plus. É uma bonificação pelo negócio, pelo contrato. Não existe opção de jogar este valor lá para frente. O que eu reclamo, é a forma como foi feito um contrato tão longo e longínquo. Aí entra a dúvida pela forma como tratado o assunto. É preciso manter sequência, seria o correto fazer negócio para 19-20.
 

Possibilidade de integrar gestão mesmo se não for eleito

 
Eu nunca fui oposição, tenho oposição à maneira de gerir o clube nos últimos 15 anos. Quando nos colocamos à disposição para concorrer, não fizemos nada do que o evidente. Montar um planejamento, apresentamos ele há um ano. Quem quiser usar o nosso planejamento, não adianta repassar. Nós precisamos ter respeito às matérias que cada um traz. Não vou negociar, em hipótese alguma, aplicação por meio de cargos. E não pretendo participar de gestão, não sendo presidente. Não existe essa possibilidade.