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Desempregado, indicado por Tite no Palmeiras quer uma chance no Paulistão

Rosembrick passou pelo Palmeiras em 2006, mas não vingou - Almeida Rocha/Folhapress
Rosembrick passou pelo Palmeiras em 2006, mas não vingou Imagem: Almeida Rocha/Folhapress

Marcello De Vico e Vanderlei Lima

Do UOL, em Santos e São Paulo

03/11/2016 06h03

Indicado por Tite, então técnico do Palmeiras em 2006, Rosembrick teve uma oportunidade única de deslanchar na carreira. Deixou o Santa Cruz e, junto com Valdívia, chegou ao clube alviverde para (tentar) brilhar. O chileno conseguiu, tornou-se ídolo do Palmeiras, mas o canhoto de 1,82m não. Rodou por diversos clubes menores e, hoje com 37 anos, sem clube, praticamente implora por uma chance de jogar o próximo Campeonato Paulista.

Aos 27 anos, Rosembrick era o grande destaque do Santa Cruz. Chamou a atenção de alguns clubes, mas acabou fechando com o Palmeiras. Mas dois fatores fizeram com que o meia não tivesse sucesso no time alviverde e deixasse o clube bem antes do fim do contrato, sem marcar um gol sequer: a falta de paciência para esperar a sua vez e a 'sacanagem' de empresários.

"Queria eu ter empresário hoje, mas na época do Palmeiras os empresários me enrolaram demais. Nem lembro o nome desses sacanas, não, mas me enrolaram muito, ganharam muito dinheiro em cima de mim, aí eu fiquei sabendo e fiquei muito chateado. Isso também me fez ir embora do Palmeiras. Eu não estava perto da minha família, que estava no Recife, e em São Paulo eu estava distante de tudo", recorda Rosembrick em entrevista ao UOL Esporte.

"Foi o Tite quem pediu a minha contratação. O Santa Cruz foi jogar contra o Palmeiras no Parque Antártica e eu joguei muito bem, muito bem mesmo, e o Tite gostou do meu jeito de jogar e pediu a minha contratação. O Palmeiras ganhou este jogo de 2 a 1. Eu não fiz gol, mas joguei bem e o Tite gostou do meu futebol. Eu joguei quatro jogos pelo Santa Cruz no Brasileiro de 2006 e fui para o Palmeiras. Nessa época chegaram eu e o Valdívia", relembra.

Rosembrick, ex-Palmeiras, durante passagem pelo Fast Clube, de Manaus - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
A saída de Tite foi outro fator que 'ajudou' a Rosembrick não conquistar seu espaço no Palmeiras, além, é claro, da concorrência de dois meias de peso: Valdívia e Juninho Paulista.

"O Tite saiu do Palmeiras justamente contra o Santa Cruz, derrota no Arruda de 2006. Eu lembro deste jogo porque eu entrei no lugar do Edmundo... Então eu vou ser bem sincero: se eu tivesse a cabeça de hoje eu estava no Palmeiras até hoje. Faltou experiência e eu ser atencioso nas palavras do Tite, porque o Tite falava para mim: 'Rosembrick, no Recife você manda e aqui você é mais um, Rosembrick, aqui você não vai jogar como titular'. Quem eram os titulares? Eram o Edmundo e o Juninho Paulista, eu sempre entrava no segundo tempo. Eu me lembro contra o Corinthians, eu entrei e resolvi. E eu era acostumado a jogar de 2004 a 2006 como titular do Santa Cruz, então foi uma experiência para mim, eu não tive paciência no Palmeiras e o Tite passou conselhos demais para mim e na época era difícil aceitar mais do que jogar, eu não pensava ficar no banco de reservas só queria jogar", analisa Rosembrick.

"Eu fiz contrato de três anos com o Palmeiras, e antes do final de 2006 eu fui embora, larguei tudo e aí deixei o Palmeiras e fui para o Sport, por empréstimo, e já comecei a jogar como titular, comecei a ser referência mais uma vez, e aí voltei para o Santa Cruz que estava na zona do rebaixamento do Estadual... E sabe como é história de jogador de futebol, né? Só é bom quando está na fase boa, e quando não está na fase boa parece que desaprendeu a jogar, e foi assim: fui emprestado até encerrar meu vínculo com o Palmeiras", conta o meia de 37 anos.

Tite na seleção. Mais que merecido

Rosembrick não esconde a empatia que tem por Tite. Mesmo sem ter brilhado com o técnico no Palmeiras, faz questão de agradecê-lo por todos ensinamentos passados durante o pouco tempo em que trabalharam juntos.

"Eu vou ser bem sincero. Hoje o Tite está na seleção brasileira através dessa situação: ele dá moral para o jogador. Com a moral que ele deu para mim naquela época não tinha como dizer que ele não seria treinador da seleção brasileira. Ele é muito honesto, as palavras dele são muito sinceras, ele não tem medo de errar, não, o negócio do Tite é bem sério mesmo", diz o jogador.

Palmeiras: a sorte não aproveitada

Hoje, a vontade de Rosembrick era ter uma máquina do tempo. A primeira 'viagem' seria voltar a 2006 e fazer muita coisa diferente no tempo de Palmeiras para, quem sabe, mudar a sua história no futebol.

"Foi a minha sorte não aproveitada, com certeza. Se eu tivesse a maquininha do tempo não faria nem questão de jogar, só o fato de vestir a camisa do Palmeiras eu estava aí até hoje... Eu sempre gostei do Palmeiras, são dois clubes que eu sempre gostei: Palmeiras e Santa Cruz, e até hoje eu tenho a camisa do Palmeiras que eu joguei em casa. Eu não cheguei a marcar nenhum gol pelo Palmeiras, mas fui muito decisivo em alguns jogos. Quando eu entrava no segundo tempo eu era muito decisivo, teve além deste contra o Corinthians contra o Flamengo. Eu entrava no segundo tempo e dava uma fumaça da p...", brinca o meia.

Rosembrick no Paulistão 2017? É só chamar

Hoje sem clube após ter sido campeão amazonense pelo Fast Clube e ter seu contrato encerrado, Rosembrick sonha em ter a oportunidade de disputar o Campeonato Paulista. Sem empresário, o meia faz um apelo e garante que ainda 'tem lenha para queimar'.

Rosembrick, ex-Palmeiras, na época em que defendia o Juventus de Jaraguá do Sul - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal
"Eu estava em Santa Catarina, no Juventus de Jaraguá do Sul, aí o Fast Clube de Manaus me chamou e eu fiz um contrato de 40 dias, já estava no final do campeonato e eu fechei em 40 dias por 7 mil reais", conta. "Eu estou jogando ainda. Sábado agora eu fui campeão com o Fast Clube, e agora estou em casa com a minha família. Eu tenho um filho e estou sem clube neste momento. Eu tenho um sonho que ainda pretendo realizar: jogar um Paulistão. Este é o meu maior sonho. Eu tenho muita água para passar por debaixo da ponte ainda", garante.

"Se eu tivesse um empresário para me colocar em São Paulo para ganhar 15, 20 mil no Paulistão... Então como eu não tenho empresário que divulgue o meu trabalho, eu vivo esperando uma ligação, e quando tem a gente vai e pronto", completa.