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Mudanças da Fifa podem proibir que clubes emprestem dezenas de jogadores

Gianni Infantino, presidente da Fifa - AFP PHOTO / OLIVIER MORIN
Gianni Infantino, presidente da Fifa Imagem: AFP PHOTO / OLIVIER MORIN

Da Reuters, em Zurique (Suíça)

03/11/2016 16h30

Uma limpeza no complicado sistema de transferências no futebol e um fim da "acumulação", que torna possível grandes clubes terem dezenas de jogadores emprestados, estão entre os itens na lista de afazeres de Gianni Infantino, disse o presidente da Fifa em entrevista à Reuters.

O homem que recebeu a tarefa de limpar o órgão responsável pelo futebol mundial após uma série de escândalos de corrupção sugeriu que a publicação de pagamentos a empresários possa ser uma maneira de criar maior transparência.

"Se é verdade ou não, a percepção geralmente é que há algo estranho acontecendo com estas transferências", disse o advogado suíço-italiano de 46 anos.

O mercado de transferência move bilhões de dólares todos os anos, embora seja incerto o valor dividido entre clubes, jogadores e empresários nas negociações.

A Fifa é responsável pela regulamentação de transferências entre clubes em países diferentes sob regras baseadas em um acordo de 2001 com a Comissão Europeia. "Após 15 anos, é momento de revisar seriamente e trazer um pouco mais de transparência e mais clareza", disse Infantino.

O sindicato internacional de jogadores, FIFPro, fez uma reclamação ano passado na Comissão Europeia, alegando que o sistema infringe a lei de competição europeia porque somente um pequeno número de clubes das maiores ligas consegue pagar as quantias astronômicas pelos principais jogadores.

Já as ligas europeias menores reclamam que grandes clubes "roubam" seus jogadores ainda jovens para imediatamente liberá-los em empréstimo para outro lugar. O Chelsea, da Inglaterra, atualmente tem 37 jogadores emprestados, segundo seu site oficial.

"Não acredito ser o certo, mas é permitido", disse Infantino, que não identificou o clube inglês.

"Mais humilde"

Ao suceder Joseph Blatter como chefe da Fifa, Infantino herdou uma organização que ainda sofre com um escândalo de corrupção que afetou dezenas de dirigentes, indiciados nos Estados Unidos no ano passado por extorsão, lavagem de dinheiro e suborno.

A organização tem há tempos uma reputação de proporcionar aos seus dirigentes um estilo de vida cinco estrelas, mas Infantino disse ser mais discreto. "Acho que precisamos mostrar uma Fifa que é mais normal, mais humilde; somos pessoas normais, somos pessoas do futebol".

Infantino disse reconhecer a seriedade da divisão entre clubes pobres e ricos, mas não mostrou muita preocupação com especulações de que os clubes gigantes possam um dia criar uma liga própria.

"Precisamos ser mais criativos e buscar diálogos, e estou certo que com diálogo podemos encontrar soluções para ajudar todos da maneira certa", acrescentou.