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Confusão em jogo do Guarani tem torcedora agredida por PM e 10 presos

Leandro Carneiro

Do UOL, em São Paulo

07/11/2016 16h48

A partida entre Guarani e Boa Esporte no último sábado, final da Série C do Campeonato Brasileiro, acabou com uma confusão generalizada entre Polícia Militar e torcedores da equipe campineira (veja a confusão no vídeo). Depois do apito final da partida, vencida pelos mineiros por 3, a 0 policiais e torcedores começaram a trocar agressões à distância (a polícia com tiros e os torcedores jogando alguns objetos, como catracas do estádio, no gramado).

Antes do duelo, o clima entre Polícia Militar e torcedores do Guarani já era hostil. Em um determinado momento, incomodada com a situação, uma torcedora foi em direção aos policiais questionar a postura deles e acabou recebendo um golpe no rosto.

A torcedora, identificada como Carolina Cozatti, foi em direção aos policiais e iniciou uma discussão. Ela chega a falar palavrões e apontar o dedo até ser afastada pelo militar com um empurrão em seu rosto. Em seguida, a advogada chama o policial de verme e é algemada.

“Ele usou a técnica de controle de contato, ele evitou que ela se aproximasse dele. Dando voz de prisão por desacato”, explicou a tenente-coronel Hudson Abner Pinto.

De acordo com a assessoria de imprensa do batalhão, a moça não foi agredida. Ela foi apenas “empurrada”. Depois de ser detida, ela foi liberada depois de prestar depoimento na delegacia.

Procurada pela reportagem do UOL Esporte para conversar sobre o ocorrido, Carolina apenas informou que "no momento não tem nada para falar sobre o assunto".

Dez torcedores presos

A Polícia Militar ainda confirmou que dez torcedores foram presos depois do fim do jogo por diversos motivos, incluindo tráfico de drogas. A PM se defendeu das acusações do Guarani de ser responsável por iniciar a briga dentro do estádio após a vitória do Boa Esporte.

“PM foi acionada apara atender furtos nos bares localizados na torcida do Guarani. Teve de intervir nessas situações dentro do estádio. Durante tempo todo, a torcida do Guarani buscou confronto com torcedores do Boa. Ao final da partida, integrantes da torcida organizada tentaram acessar o gramado, forçando as barreiras no estádio para impedir, bem como tentando acessar o local da torcida do Boa. A PM, se preocupando em evitar confronto e invasão, atuou com meios moderados e progressivos da torcida, impedir”, explicou o tenente-coronel.

Em seu site, o Guarani acusou a polícia de ser a responsável por iniciar a confusão com os torcedores. O médico do clube chegou a ser atingido por uma pedra no nariz.

“A mancha do espetáculo ficou por conta da truculência e o despreparo da Polícia Militar de Varginha que ao fim da partida atirou contra a torcida do Guarani afim de dispersar e evacuar o estádio de forma mais rápida. Idosos, mulheres, crianças e a torcida do Bugre em geral foram atingidos pelas bombas de efeito moral e pelos tiros de borracha. A imprensa campineira também sofreu com os policiais despreparados para o tamanho do evento”, disse o clube.

No ônibus da torcida, a PM diz ter encontrando duas pedras de haxixe, três tabletes de maconha e 14 pinos de cocaína.

Nesta segunda-feira (7), o presidente do Guarani, Horley Senna, ainda concedeu uma entrevista coletiva criticando a atitude contra os torcedores do clube e prometeu uma representação contra a Polícia Militar.

"Diretoria, ontem mesmo, já estava se movimentando, reunindo fotos, colhendo informações. Vamos representar a ‘polícia’, aquelas pessoas travestidas de policiais militares, na minha concepção, são bando de delinquentes e covardes. Eles motivaram aquela baderna, eles começaram atirar na nossa torcida que estava batendo palma e prestigiando o time pelo acesso, não pelo resultado. Interpretaram de forma errada. Acredito que a corporação de Minas Gerais não é responsável por isso, tenho certeza que o treinamento não é para aquele direcionamento. Eles não estiveram condições, não estão preparados emocionalmente, nem tecnicamente. Eles agrediram covardemente a torcida do Guarani", disse, antes de completar.

"Depois teve reação, e eles [policiais] tentaram se defender com aqueles materiais jogados lá. Entendo como uma barricada para se defender. Era tiro de maneira aleatória, desproporcional e uma covardia. Mulheres, crianças, senhoras... Dentro do gramado presenciei essa covardia. Eu entrei na frente de um policial que apontou a arma. Falei ‘você não vai atirar que isso é ato covarde’. Ele falou ‘se você não sair da frente, você vai ver’. Falei que ia acabar com carreira dele na coletiva. Graças a Deus não foi pior. Fica nosso repúdio. Medida será tomada juridicamente. Estamos montados, representar Secretaria de Segurança Pública, CBF, respectivas federações e a corregedoria da polícia militar de Varginha", acrescentou.