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Casa polêmica: BH viu ofensas a Aécio e agora vive temor da CBF por "bicha"

Torcida mineira durante a partida Brasil e Chile, na Copa 2014 - Eduardo Knapp/Folhapress
Torcida mineira durante a partida Brasil e Chile, na Copa 2014 Imagem: Eduardo Knapp/Folhapress

Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em Belo Horizonte

10/11/2016 06h00

Palco do histórico 7 a 1 na Copa do Mundo de 2014, o Mineirão se esquiva das comparações com a época do Mundial e não vê relação com o desempenho da seleção brasileira em campo. O verdadeiro temor do estádio está nas arquibancadas. Mais especificamente no comportamento de seus torcedores.

E a preocupação de CBF e organizadores do duelo entre Brasil e Argentina, nesta quinta-feira (10), não ocorre por acaso. No último clássico entre as seleções em Belo Horizonte, um empate por 0 a 0 em 2008, o Mineirão viu gritos de “Adeus Dunga”, técnico da época, e até ofensas ao então governador de Minas Gerais, Aécio Neves. Os torcedores m “Maradona, vai se f..., o Aécio cheira mais do que você”, numa insinuação sobre o uso de drogas ilícitas por parte do político e do craque argentino.

Sem Aécio e Maradona, o medo agora é outro. Após duas multas que somam quase R$ 150 mil, a CBF tenta coibir os gritos de “bicha” no momento do tiro de meta do goleiro adversário. Nos últimos jogos, contra Colômbia e Bolívia, em Manaus e Natal, respectivamente, a torcida apelou para os cânticos homofóbicos e causou as sanções impostas pela Fifa.

A Confederação distribuirá mensagens e lerá um texto antes de a bola rolar pedindo “respeito entre os povos” e pregando que Argentina e Brasil são “iguais”. A mensagem ainda alertará que “qualquer atitude de falta de respeito pode prejudicar a seleção brasileira nas Eliminatórias”.

Reincidente no caso e com algumas advertências da Fifa, a CBF teme que as próximas punições sejam ainda mais pesadas e até mesmo tirem algum mando de campo do Brasil na trajetória por uma vaga na Copa do Mundo de 2018.

A entidade também não esconde uma leve preocupação com o comportamento da torcida em relação ao próprio time. Esta será a primeira partida oficial da seleção na região Sudeste após a Copa de 2014. Temendo vaias e protestos nos últimos tempos, a CBF sempre optava por mandar os jogos nas regiões Norte e Nordeste.

Após o jogo contra a Argentina nesta quinta-feira, o Brasil só voltará a jogar em casa nas Eliminatórias em 2017. Serão três jogos no país antes do fim da competição. Em caso de uma avaliação positiva no Mineirão, a tendência é que a maioria destes jogos finais prossiga no Sudeste – no Rio de Janeiro e em São Paulo.