Geração Y? Tite e Bauza usam filhos por seleções mais modernas
Em um banco de reservas, Tite comanda a seleção que se reencontrou dentro de campo e hoje lidera as Eliminatórias. Do lado oposto, Edgardo Bauza tenta repetir o sucesso do colega e recuperar um time longe da zona de classificação para a Copa do Mundo de 2018. Os dois treinadores, no entanto, não são os únicos destaques das comissões técnicas de Brasil e Argentina para o jogo desta quinta-feira (10), no Mineirão.
Matheus e Maximiliano também chamam a atenção entre os auxiliares de cada técnico. E não só pelo trabalho, mas por uma característica comum: ambos são filhos dos chefes.
Os jovens discípulos de Tite e Bauza têm ainda praticamente a mesma função nas respectivas comissões técnicas: levar modernidade e tecnologia ao trabalho dos pais.
Com apenas 28 anos, o acadêmico Matheus Bachi não chega a ser um novato no futebol. Com estágios por diversos clubes do Brasil e experiência acumulada no Corinthians ao lado do pai, o filho de Tite funciona como um auxiliar técnico e tecnológico. É ele quem coordena a área do Centro de Pesquisa e Análise da seleção brasileira.
Formado nos Estados Unidos, analisa táticas e vídeos de adversários, acompanha jogadores brasileiros pelo mundo e realiza edição de lances de partidas e treinos para Tite.
Trabalho via WhatsApp
Elogiado por jogadores e membros da CBF, é o responsável ainda por se comunicar com atletas da seleção em períodos onde não estão reunidos com Tite.
Entre os integrantes da comissão técnica, é visto como aquele auxiliar que não para de trabalhar e entrega tudo “mastigado” para o grupo que, além de Tite, ainda conta com nomes como Cleber Xavier, Silvinho e Maurício Dulac. Por conta da familiaridade com a tecnologia, Matheus é ainda o responsável por repassar, através de WhatsApp, vídeos de lances e jogos aos jogadores.
Maximiliano Bauza também edita os vídeos e trabalha como espião para o pai, Edgardo, desde 2009, quando estavam na LDU de Quito. Juntos, passaram por San Lorenzo e São Paulo antes de chegar à seleção, há 100 dias.
Maxi, como prefere ser chamado, tem 32 anos - começou na função com meros 25. A ligação entre pai e filho no trabalho fica em segundo plano para não caracterizar o nepotismo que é tão criticado na Argentina. Tanto Maxi quanto Patón repetem como um mantra que os títulos que ambos conquistaram - como a Libertadores de 2014 com o San Lorenzo - provam que o trabalho funciona por si só, e não pelo parentesco.
No intervalo de cada partida, sempre carregando mais de um computador, Maxi instrui Patón com estatísticas e filmagens específicas da própria equipe e dos rivais. Em entrevista ao jornal "La Nación", o segundo maior da Argentina, Bauza disse que o filho foi fundamental na vitória do Bolivar por 5x0 na semifinal da Libertadores de 2014: "Três desses gols saíram das bolas paradas que analisamos nos vídeos", falou.
Futebol e rock
Quando não está em suas muitas horas de edição - e elas se intensificaram desde a chegada à Seleção -, Maxi toca baixo em uma banda de rock em Buenos Aires. São fotos e vídeos de música que ilustram suas contas nas redes sociais muito mais que o trabalho com o pai famoso.
A discrição só é quebrada com uma adulação tipicamente argentina. A foto de perfil de Maxi no Twitter é de uma imagem dos dois, Patón e ele, nos anos 80 em uma entrada em campo do Rosário Central. Patón era atleta do clube; Maxi, o seu mascote.
"Olhe como éramos e onde estamos hoje", é a ácida leitura portenha de quem recorre a imagens do tipo.
Hoje, quase 30 anos depois desta entrada em campo, ambos lutam para não entrar juntos com a Argentina em um buraco incompatível com a condição de seleção líder do ranking da Fifa.
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