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Torcedores do SP que espancaram palmeirense são banidos de ir aos jogos

Torcedores do SP  em confronto com PM durante a jogo contra o Corinthians   - Simon Plestenjak/UOL
Torcedores do SP em confronto com PM durante a jogo contra o Corinthians Imagem: Simon Plestenjak/UOL

Aiuri Rebello

Do UOL, em São Paulo

10/11/2016 09h40

A Justiça de São Paulo acolheu um pedido do MP-SP (Ministério Público de São Paulo) e abriu processo criminal contra cinco torcedores do São Paulo acusados de espancar um torcedor do Palmeiras na estação Barra Funda do Metrô, na capital paulista, em janeiro deste ano. Desde o começo do mês os são-paulinos, agora réus, ficam proibidos de ir a estádios acompanhar partidas do São Paulo no Brasil e no exterior, além de serem obrigados a apresentar-se em batalhões da PM ou do Corpo de Bombeiros duas horas antes dos jogos. A punição é por tempo indeterminado.

Eles só podem sair de lá meia hora depois do término das partidas. Neste período, devem prestar serviços no batalhão e ficam proibidos de acompanhar os jogos pela televisão, rádio ou celular. Caso sejam condenados ao final do processo, podem pegar ainda cinco anos de prisão.

De acordo com a denúncia oferecida pelo promotor Paulo Sérgio de Castilho, a agressão aconteceu no dia 20 de janeiro, por volta das 23h20. Os cinco torcedores do São Paulo -- integrantes da torcida organizada Independente -- retornavam de uma partida do time contra o Flamengo na Arena Barueri, na Grande São Paulo, pela Copa São Paulo de juniores.

Na Barra Funda, encontraram com a vítima sozinha e uniformizada, um jovem integrante da torcida organizada Mancha Verde, do Palmeiras. Os cinco, junto com outros torcedores não identificados, teriam então pulado a catraca de acesso ao metrô e partido para cima do palmeirense com socos e pontapés. "Corre que aqui é Independente", teriam gritado alguns agressores antes de começar o espancamento. Houve pânico e correria.

São-paulinos só podem sair de casa para trabalhar ou estudar

Após o espancamento, os integrantes da Independente desceram à plataforma e tentaram fugir de metrô, mas foram detidos pelos guardas da estação e pela PM. Na revista, ainda foi encontrado um projétil calibre .40 com um deles. Alex Camara Santos, Renan Henrique Silva de Freitas, Mário Sérgio Guido Baldi, José Bruno César de Lima Silva e Igor Clarindo Oliveira foram levados à delegacia e depois liberados.

Na decisão que abre o processo, o juiz Ulisses Augusto Pascolati Júnior negou o pedido de prisão preventiva para os cinco são-paulinos, pedido pelo MP. Além da proibição de ir aos jogos do tricolor paulista e ter de passar as partidas em um batalhão, o juiz determinou também que os cinco estão proibidos de viajar sem justificativa e sair de casa durante a noite, finais de semana ou folgas. Eles só podem sair para trabalhar ou estudar. 

Caso descumpram as proibições ou não apareçam no Corpo de Bombeiros nos dias e locais determinados, os réus serão presos preventivamente até o final da ação penal. Uma ficha com foto e o nome de cada um será distribuída para o Batalhão de Choque da PM, responsável pela segurança nos estádios, para que os policiais fiquem de olho e prendam os torcedores banidos caso apareçam no estádio.

A punição foi decidida no mesmo dia que a juíza Marcela Caran decretou a prisão preventiva de 31 corintianos no Rio de Janeiro, 25 de outubro. Eles estavam presos desde o dia 23 de outubro depois de uma briga no Maracanã durante a partida entre Corinthians e Flamengo.

Diretores de organizada também passam jogos no Corpo de Bombeiros

Para o presidente da Torcida Independente do São Paulo, Henrique Gomes, episódios de violência envolvendo membros do grupo são lamentáveis. "Eu nem sabia deste caso, mas não tem cabimento isso, repudiamos totalmente". diz. O próprio Gomes está proibido de frequentar os jogos do São Paulo, junto com outros 11 dirigentes da Independente e da Dragões da Real, outra torcida organizada do time. O dirigente também apresenta-se no Corpo de Bombeiros toda partida do tricolor paulista.

Eles respondem a processo criminal pelo episódio da invasão do CT do São Paulo, no final de agosto, para protestar contra o time e a diretoria. "Naquele caso do CT, perdemos a mão, houve alguns excessos, mas não foi nada demais e já pagamos tudo, estamos sendo punidos com rigor, enfim... olha, se as torcidas não entenderem que está na hora de mudar, vão todas chegar ao fim. Não adianta bater de frente com o sistema, principalmente se você está errado."

O UOL não conseguiu contato com os cinco acusados da Independente e nem com seus advogados. Nos autos do processo, eles não possuem representantes legais e, caso não arrumem um advogado, serão representados pela Defensoria Pública.