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Assassinato do irmão moldou o futebol de 'Lobo' Guerra, sonho do Palmeiras

Alejandro "El Lobo" Guerra, do Atlético Nacional, comemora gol contra o Huracán - AP Photo/Fernando Vergara
Alejandro "El Lobo" Guerra, do Atlético Nacional, comemora gol contra o Huracán Imagem: AP Photo/Fernando Vergara

Do UOL, em São Paulo

24/11/2016 06h00

Meia do Atlético Nacional (Colômbia), Alejandro “El Lobo” Guerra se tornou em julho o primeiro jogador da história da Venezuela a ser campeão da Libertadores. Agora, ele está muito perto de reforçar o Palmeiras para a próxima temporada.

O clube, que está a apenas um ponto do título nacional, superou a concorrência do Santos e deve anunciar o venezuelano depois que ele participar no Mundial de Clubes, em dezembro.

Aos 31 anos, com uma longa trajetória na seleção venezuelana, Guerra chegará ao clube de maior expressão de sua carreira após superar uma tragédia familiar, que mudou sua vida e o jeito que ele encarava o futebol.

Em 2008, o meio-campista estava no Peru concentrado com a seleção venezuelana quando soube que seu irmão Armando havia sido assassinado. “Não deveria ter morrido assim. Foi muito difícil”, disse Guerra ao jornal “El Colombiano”, quando começou a se destacar no Atlético Nacional. “São obstáculos que uma pessoa precisa superar.”

Armando tinha sido o primeiro da família a se aventurar no futebol e começou na base do Caracas, mesmo clube onde Alejandro iniciaria a carreira. O irmão tinha sido também o principal incentivador do atual “sonho de consumo” da diretoria palmeirense. “Antes de cada jogo, rezo muito e sinto meu irmão do meu lado. Tatuei seu nome no braço direito para sempre levá-lo junto comigo.”  

Amando, irmãos para sempre é a frase que Alejandro traz no braço.

Desde 2014 no Nacional, ele é muito querido pela torcida e considerado um “meio-campista completo”. Ocupa bem os espaços no campo, dá cadência ao jogo, pode jogar de volante, meia ofensivo ou armador, e sempre aparece como opção aos laterais. Não à toa foi chamado de “o cérebro” do atual campeão da Libertadores.

Jogou 13 das 14 partidas da campanha vitoriosa de seu time. Também marcou três gols. Depois de ser apenas o segundo venezuelano a alcançar a final da Libertadores (o primeiro havia sido o goleiro Rafael Dudamel, derrotado com o Deportivo Cali pelo próprio Palmeiras em 99), Guerra se tornou o primeiro de seu país a erguer a taça.

Para marcar a façanha, tatuou na panturrilha uma foto sua beijando o troféu.

Alejandro Guerra tatua beijo na Taça Libertadores em sua panturrilha - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Imagem: Reprodução/Instagram

Ele também é conhecido por algumas superstições curiosas. Além da tradicional oração pré-jogo, ele sempre começa a se vestir pelo lado direito do corpo e considera que isso lhe dá sorte. “Ponho primeiro a chuteira desse lado, e faço o mesmo com a manga da camisa, a calça, as caneleiras e as meias”, confessou ele a “El Colombiano”.

Apesar de ter passado a maior parte da carreira atuando no humilde futebol venezuelano, ele já vem de duas temporadas na Colômbia, além de uma rápida e frustrante passagem pelo futebol sul-coreano. Se sua transferência ao Palmeiras realmente se confirmar, deve ser uma novidade interessante para o futebol brasileiro, sempre tão carente de meias criativos.