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Polícia Federal deve incluir investigação da CPI em inquérito sobre CBF

Negociações de presidente da CBF, Marco Polo del Nero (à direita), e de ex-presidentes, como José Maria Marin (à esquerda) e Ricardo Teixeira estão na mira da Polícia Federal - Bruno Domingos / Mowa Press
Negociações de presidente da CBF, Marco Polo del Nero (à direita), e de ex-presidentes, como José Maria Marin (à esquerda) e Ricardo Teixeira estão na mira da Polícia Federal Imagem: Bruno Domingos / Mowa Press

Daniel Brito e Rodrigo Matos

Do UOL, em Brasília e no Rio de Janeiro

24/11/2016 06h00

A Polícia Federal deve incluir resultados da investigação da CPI do Futebol sobre o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, em inquérito sobre o caso Fifa, instaurado no ano passado. O relatório paralelo da comissão pede o indiciamento do Del Nero e seus antecessores José Maria Marin e Ricardo Teixeira por crimes financeiros e estelionato.

O relatório dificilmente será aprovado, em sessão ainda sem data da CPI, cuja formação é favorável à CBF – o que pode tirar o peso do documento, mas não impede que seja usado como dado relevante na investigação. O procedimento da PF é, considerando os dados relevantes, instaurar investigação para apurar denúncias ali apontadas.

Neste caso da CBF, no entanto, já existe um inquérito instaurado desde junho de 2015 a pedido do Ministério da Justiça por conta das denúncias feitas nos Estados Unidos contra os cartolas brasileiros. Por isso, o UOL Esporte apurou que a tendência é incluir as investigações da CPI neste inquérito.

Está um curso uma colaboração entre a PF e o FBI para troca de informações que possibilita, por exemplo, descobrir a conta no exterior de Marco Polo Del Nero de 1999 a 2011, desconhecida até então. Neste caso, devem ser investigados possível lavagem de dinheiro e sonegação de imposto, já que o dinheiro aplicado na Danford (empresa em paraíso fiscal) não está declarado na Receita, em 2013.

De concreto, a CPI apontou como motivos para investigação do dirigente: a compra da sede da CBF, as acusações de recebimento de propina por contratos da confederação no caso Fifa e o financiamento não declarado de campanhas. Esses episódios configurariam crimes no entendimento da comissão.

Há outros casos que a PF foi instada a apurar pela CPI, como a relação dos dirigentes com parceiros da CBF - como o Grupo Águia, de Wagner Abrahão. Foram descobertos diversos negócios diretos ou indiretos dele com Del Nero e o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira.

A investigação da CPI relacionada a Teixeira terá menos impacto para a PF. Isso porque a polícia já pediu quatro indiciamentos do ex-dirigente por crimes financeiros em inquérito encerrado em 2015. São justamente por conta da sua movimentação de R$ 464 milhões em cinco anos, captadas pelo Coaf, órgão governamental que controla operações financeiras.

Na comissão, foram detalhados pagamentos feitos pelo ex-presidente do Barcelona Sandro Rosell, entre outros, para o cartola.

O que diz a CBF

O UOL Esporte conversou com Vandenbergue Machado, diretor de “assessoria legislativa” da CBF, na tarde de quarta-feira (23), na Câmara dos Deputados, em Brasília. Ele mostrou-se bastante confiante quanto à não votação do relatório paralelo apresentado por Romário (PSB-RJ) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP). “Romário até elogiou o relatório do relator (Romero Jucá), tenho certeza que vai ser aprovado na próxima sessão da CPI”, afirmou.

Ele acrescentou que se o relatório alternativo não for aprovado, ele não terá valor para as autoridades. Informado que se qualquer cidadão entregar o documento no Ministério Público ou Polícia Federal, como é o pensamento de Randolfe e Romário, pode ser caracterizado como denúncia e as investigações podem continuar. Ao que Machado respondeu: “Eu sei disso, mas fizeram o mesmo com relatório na CPI do ano 2000 (CBF-Nike) também entregaram para o Ministério Público um documento paralelo que deu em nada”, disse o dirigente.