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Lateral relata "brincadeira da virada" que animou Palmeiras em taça de 2008

Leandro, o "Buchecha", foi campeão paulista pelo Palmeiras em 2008 - Folhapress
Leandro, o "Buchecha", foi campeão paulista pelo Palmeiras em 2008 Imagem: Folhapress

Marcello De Vico e Vanderlei Lima

Do UOL, em Santos e São Paulo

25/11/2016 06h00

Em 2008, o Palmeiras quebrou um longo jejum e voltou a levantar a taça do Campeonato Paulista depois de 12 anos. Dias antes da conquista, porém, o time alviverde havia sofrido um baque ao ser goleado por 4 a 1 pelo Sport, no Recife (PE), e dar adeus à Copa do Brasil. A tristeza tomou conta do vestiário, e a alegria só voltou por conta de uma brincadeira iniciada por alguns jogadores, entre eles o lateral esquerdo Leandro, ainda em atividade e perto de acertar com o Cabofriense-RJ, e o meia Diego Souza, hoje destaque justamente do Sport.

Sempre brincalhão fora das quatro linhas, Leandro convocou alguns parceiros e iniciou o que foi chamado de 'Bate Bola na Concentra': uma espécie de entrevistas descontraídas com os jogadores, na tentativa de levantar o astral do até então baqueado grupo palmeirense. Coincidência ou não, o Palmeiras faria, no domingo seguinte, 5 a 0 na Ponte Preta e acabariam com o longo jejum de títulos paulistas, como relembra Leandro em entrevista ao UOL Esporte.

Atacante Betinho e lateral Leandro durante treino do Palmeiras na Ilha do Retiro - Danilo Lavieri/UOL - Danilo Lavieri/UOL
Imagem: Danilo Lavieri/UOL
"A gente estava na final do Campeonato Paulista de 2008, só que durante a semana nós tínhamos um jogo contra o Sport pela Copa do Brasil e perdemos lá, e o time ficou para baixo pra caramba. O jogo foi numa quarta-feira e o primeiro jogo da final do Paulista foi em Campinas. Fomos direto para Recife e aí eu falei para o Diego Souza, Léo Lima: 'Caramba, nós perdemos o jogo e fomos eliminados da Copa do Brasil'. Claro que a gente não queria, mas pô, nós estamos na final de um Campeonato Paulista e falei pra eles: 'Faz muito tempo que o Palmeiras não é campeão paulista, a gente tem que fazer alguma coisa pra levantar o astral, o grupo está muito para baixo, por mais que a gente tenha ganho o primeiro jogo [1 a 0] é uma final, aí eu falei: 'Sabe de uma coisa, Diego? Pega uma câmera aí'", recorda o lateral.

"E eu e o Diego começamos a entrevistar os jogadores, cada um nos seus quartos, e fomos descontraindo, e isso me marcou. E também teve o lance do cabelo, 'se for campeão a gente vai cortar o cabelo'. Cabelo duro vai passar a máquina zero, cabelo liso passa a máquina dois ou a três, aí os caras: 'combinado, combinado, então beleza'. Só não conseguimos pegar o Kleber, o Gladiador... Pô, ele correu pra caramba, e aí a gente não conseguiu pegar ele, não. Cortamos o cabelo do Valdívia, não deu trabalho, ele aceitou na boa", acrescenta o 'Buchecha'.

Buchecha: obra de São Marcos

No Palmeiras, Leandro ganhou o apelido de Buchecha por conta da semelhança com o cantor, ao menos na opinião do goleiro Marcos, responsável pela 'homenagem'.

"Foi o Marcos que botou esse apelido. Ele relacionou por causa do Claudinho & Buchecha, segundo o Marcão porque ele acha mesmo que eu pareço com o Buchecha. Ele uma vez disse: 'Nossa, você parece com o Buchecha mesmo', e aí acabou pegando. Eu cheguei a ir a vários shows do Claudinho e Buchecha, o Buchecha é meu amigo, o Claudinho também era, e foi um baque para mim a morte do Claudinho, os caras estavam num momento sensacional e importante da carreira e aconteceu essa fatalidade [faleceu em 2002], infelizmente", lamenta.

Vanderlei Luxemburgo: o cara

Assim como muitos jogadores que trabalharam com Vanderlei Luxemburgo, Leandro também aponta o técnico como um dos melhores com quem trabalhou. Ele ainda exalta a capacidade tática de Luxa e a visão do treinador para mudar uma partida ao longo dos 90 minutos.

Luxemburgo comanda o Cruzeiro em partida contra o Fluminenses pelo Brasileirão de 2003 (07/12/2003) - Juca Varella/Folha Imagem - Juca Varella/Folha Imagem
Imagem: Juca Varella/Folha Imagem
"Eu sou suspeito para falar do Vanderlei porque foi um dos melhores treinadores que eu já trabalhei. As pessoas falam que ele está ultrapassado porque vem surgindo novos treinadores, só que, quando o Vanderlei trabalhava, a qualidade dos jogadores era diferente, não é igual agora. Hoje a qualidade está por baixo. Claro que o Vanderlei tem que mudar a filosofia de trabalho dele, se reciclar, mas ele foi com certeza um dos melhores do Brasil, disparado", afirma Leandro, que trabalhou com Luxa no Palmeiras e no Cruzeiro.

"No Cruzeiro ganhamos a tríplice coroa. Naquela fase, no Brasileiro principalmente, a gente ia para os jogos sabendo que ia ganhar. Não sabíamos de quanto, mas sabíamos que íamos ganhar. O Alex estava numa excelente fase, e falava: 'Pode deixar que hoje eu vou fazer o gol', e ele fazia mesmo. Eu tenho uma lembrança do Vanderlei de quando a gente foi jogar contra o Criciúma, pelo Brasileiro, e no treinamento antes do jogo ele fez uma substituição e disse: 'a gente vai ganhar o jogo nessa mudança aqui', e chegou no dia do jogo, ele mudou, e nós ganhamos. A mudança foi a entrada do Marcinho, do Mota e do Zinho, então foram essas mudanças no jogo contra o Criciúma. Eu vi e falei: esse cara é fera mesmo, esse cara ganha jogo mesmo, dentro das quatro linhas ele é diferente, tenho contato com ele até hoje, sou grato muito a ele", conta o Buchecha, um dos destaques do Cruzeiro na temporada de 2003.

Ídolos e seleção brasileira

Leandro jogou pouco pela seleção brasileira. E como ele mesmo diz, por motivos até que óbvios. Nos anos em que mais se destacou, seus concorrentes na posição eram justamente os jogadores que tinha como ídolos e eram usados como espelho para ele jogar futebol.

"Eu fui convocado em 2003/2004, era o Parreira o treinador. Eu fui nas eliminatórias e em um amistoso... Agora, como eu poderia jogar? Reserva do Roberto Carlos não tem como jogar [risos]. Depois o Junior, ex-Palmeiras, convocado, depois o Gilberto... Eu peguei uma safra boa, não tinha como eu jogar, mas fiquei feliz porque eu peguei uma safra muito boa, bem diferente da safra de hoje, não tem nem comparação", opina Leandro.

Carreira que segue...

Hoje com 36 anos, Leandro ainda busca algum lugar para continuar fazendo o que mais gosta. E já tem um clube em vista para o próximo ano. A posição, porém, deve ser outra. "Eu devo jogar o Campeonato Carioca do ano que vem pela Cabofriense. Eu acredito que vai dar certo. Deixa a molecada correr [risos], vou jogar no meio campo. Você vê como o Douglas [meia do Grêmio] está? Jogando curtinho, ele está bem demais no Grêmio", diz Leandro.

Treinador no futuro? Jamais

Já pensando no que fazer depois de pendurar as chuteiras, Leandro já sabe o que não quer fazer: "Treinador, não. Eu não tenho perfil de treinador. Acho que tenho que estar no meio do futebol, trabalhar junto com um empresário, ajudando, mas não tenho perfil pra treinador".

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