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Fotógrafo revela estratégia para fazer 'clique perfeito' em foto de garoto

Richard, de 7 anos, foi flagrado pelo fotógrafo Nelson Almeida - Nelson Almeida/AFP Photo
Richard, de 7 anos, foi flagrado pelo fotógrafo Nelson Almeida Imagem: Nelson Almeida/AFP Photo

Bruno Freitas, Danilo Lavieri, Felipe Vita e Luiza Oliveira

Do UOL, em Chapecó (SC)

02/12/2016 06h08

Quando o fotógrafo Nelson Almeida chegou à Arena Condá na tarde da última terça-feira para cobrir a tragédia em Chapecó, não fazia ideia que sua foto faria sucesso no mudo inteiro. Apenas observou um menino sentado sozinho nas arquibancadas e fez o clique. Mas a imagem acabou se tornando um símbolo da comoção da cidade e do amor ao clube.

O profissional, que trabalha para a agência AFP, jamais poderia imaginar a repercussão da imagem. Mas usou de uma estratégia especial para conseguir o ‘clique perfeito’. Ao UOL Esporte, ele conta os bastidores da foto e o que fez para tornar o momento o mais natural possível.
 
“Eu tirei uma foto do menino, mas ele percebeu e ficou olhando. Aí disfarcei, virei de costas. É bem comum usar essa tática para pegar uma foto espontânea. Aí a gente disfarça, finge que não está olhando, vira de costas. Eu fiz isso e na hora que voltei para focalizá-lo, ele já tinha voltado a fazer o que estava fazendo. Fiz duas, três fotos A gente aponta a câmera e quer uma foto espontânea. Não pode ser posada e nem pedir para a pessoa fingir que está triste porque é antiético”.
 
Com sua estratégia, Nelson captou o menino Richard Ferreira do Nascimento, de 7 anos, sentado nas arquibancadas da arena e de braços cruzados. O UOL Esporte encontrou o garoto que revelou estar triste e isolado porque naquele dia sua mãe Maristela não havia permitido que ele entrasse com a bola na arena.
 
Nelson nem chegou a perceber a situação. “Eu cheguei no estádio com um pouco de pressa de produzir um material para enviar logo. Eu vi que as pessoas estavam todas muito juntas na torcida. Estava um burburinho de um lado. Então fui para o fundo e me chamou a atenção o garoto sozinho. Eu fiz e saí, enviei da própria câmera”.
 
O fotógrafo não considera a foto especial porque é tecnicamente simples. Mas entende a beleza da imagem de captar o garoto descalço e com ar desolado. 
Ainda assim jamais imaginaria a repercussão que o deixou satisfeito por ter feito um bom trabalho.
 
 “Acabou se tornando uma foto marcante. Estou há 30 anos na profissão, tenho muitas fotos que gosto. Mas essa teve uma repercussão por conta das redes sociais. Talvez se tivessem as redes sociais lá atrás as outras teriam também. Mas foi legal. Me ligaram até de Portugal porque a foto foi capa de um jornal lá”.