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Sobreviventes melhoram, mas ainda correm risco. Volta ao BR deve demorar

Para Pagura, médico da CBF (foto), retorno ao Brasil nos próximos dias "descartado" - Pedro Ivo Almeida/UOL
Para Pagura, médico da CBF (foto), retorno ao Brasil nos próximos dias 'descartado' Imagem: Pedro Ivo Almeida/UOL

Felipe Pereira

Do UOL, em Medellín

02/12/2016 22h53

O presidente da Comissão Nacional de Médicos do Futebol (CNMF) da CBF, Jorge Roberto Pagura, fez uma avaliação positiva dos sobreviventes do desastre aéreo do voo da Chapecoense na madrugada de terça-feira, na Colômbia. Nesta sexta-feira, em Medellín, Pagura afirmou que os brasileiros que resistiram à queda passaram para um segundo estágio de recuperação, embora ainda com riscos.

Deles, de acordo com o médico, o pior caso é o do jornalista Rafael Henzel. Embora fosse o melhor caso até quinta-feira, acabou sofrendo um agravamento de sua condição física. Neste momento, sofre com uma pneumonia e com a instabilidade torácica; por isso, tem que ser mantido sedado.

“Ontem, (Henzel) teve uma pequena descompensação da parte pulmonar e por isso foi o primeiro a ser transferido para a Fundação San Vicente. A instabilidade ocorre porque tem sete costelas fraturadas. Quando respira, mexe a caixa torácica e perde o balanço, por isso está sedado”, explicou Pagura.

Segundo ele, Henzel passou por uma endoscopia bronquial para retirada de secreção. “Depois disso, houve melhora”, explicou.

Entre os jogadores, a situação mais grave segue sendo a do goleiro Jackson Follmann. Os exames iniciais ainda não determinam a amputação de parte de sua perna esquerda, mas a intervenção também não está descartada. A perna direita foi amputada na altura do joelho.

“(Follmann) não está mais entubado. A avaliação mostrou que melhorou a perna direita que teve amputação abaixo do joelho. Não há infecção. A perna esquerda, que corria risco de ser amputada, reagiu bem e houve melhora arterial. Mas a amputação não está descartada”, disse o médico da CBF.

Para Pagura, Follmann tem o quadro “mais favorável” dentre os sobreviventes. “Mas não pode se esquecer que precisa de uma cirurgia na segunda vértebra cervical. Ele está com um colete”, completou.

O lateral esquerdo Alan Ruschel sofreu uma fratura na região entre a primeira e a quinta vértebras. A quantidade de plaquetas e hemoglobina no sangue do jogador preocupava os médicos, mas aumentou entre quinta e sexta-feira. Ruschel está em regime de remoção da sedação.

Segundo o jogador, Alan Ruschel “fez uma cirurgia em uma fratura na coluna que comprimia a medula”. “Tem mobilidade nas pernas, mas não sabe o nível. Será medido quando voltar a ter consciência”, explicou, sem definir a continuidade da carreira do camisa 89.

Pagura citou também o caso do zagueiro Neto, que também sofre com uma pneumonia. O defensor “fez tomografia ontem (quinta-feira) que verificou leve edema, mas sem hemorragia”. “Vai fazer exame mais elaborado para avaliar como está a circulação. Os ferimentos nas pernas passaram por limpeza e fechamento das partes expostas”, descreveu.

Neste momento, os médicos não falam da possibilidade de sequelas em nenhum dos quatro casos envolvendo brasileiros. O risco não está descartado, mas Pagura considera prematuro avaliar o risco.

“Primeiro salva, depois discute sequela, depois discute profissão. É tempo de salvar a qualquer custo”, afirmou o médico da CBF, sem definir ainda quando os quatro deverão retornar ao Brasil. “Para voltar ao Brasil, precisa estar consciente, orientado, não estar entubado, com a parte infecciosa controlada e não tomar remédio para manter pressão. Nos próximos dias, (está) descartado.”