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Tripulante de avião da Chape trabalhou em voos de Lula, Dilma e Temer

Gustavo Encina, despachante aéreo e piloto, ao lado do avião presidencial do Brasil - Reprodução
Gustavo Encina, despachante aéreo e piloto, ao lado do avião presidencial do Brasil Imagem: Reprodução

Adriano Wilkson

Do UOL, em São Paulo

02/12/2016 06h00

O paraguaio Gustavo Encina era piloto e atuava como despachante aéreo para a Lamia, empresa dona da aeronave que caiu com a delegação da Chapecoense na Colômbia. Dono de uma empresa que cuida da burocracia necessária para um voo decolar, ele já tinha prestado esse serviço para o avião presidencial brasileiro.

Em mais de uma década de atuação, Encina trabalhou em voos de Lula, Dilma e Temer.

Em sua página do Facebook ele postou no dia 3 de outubro uma foto que tirou de Temer quando o presidente visitou Assunción, a capital paraguaia. “Uma década na coordenação e atenção ao avião presidencial da República Federativa do Brasil”, escreveu orgulhosamente ele e fez selfies ao lado da aeronave e de um coronel da Força Aérea Brasileira.

A FAB confirmou que Encina trabalhava como despachante aéreo do avião dos presidentes em viagens ao país vizinho, assim como sua mulher, Raquel Coronel, que atuava com o marido na Flight Service Internacional S.A. “Em mais de 11 anos nessa área, nunca tínhamos tido nenhuma eventualidade”, lamentou ela, que espera que o corpo de Encina deixe Medellín na noite de quinta, rumo a Luque, no Paraguai, onde mora a família.

Temer e Encina - Reprodução - Reprodução
Foto postada no Facebook de Encina mostra Temer descendo do avião presidencial
Imagem: Reprodução

O piloto foi um dos sete membros da tripulação que morreram na queda da aeronave – além dele, morreram um venezuelano e cinco bolivianos. No total, foram 71 mortes.

Raquel conta que Encina tinha tido mais contato com o ex-presidente Lula e que sempre vinha ao Brasil em missões de trabalho. Em suas redes sociais, ele costumava escrever em português e se mostrava um torcedor distante da Chapecoense, com quem começou a ter contato na fase final da Copa Sul-Americana.

Com a Lamia, já tinha trabalhado em voos de outras seleções de futebol, como a da Bolívia, no dia em que eles vieram ao Brasil jogar pelas Eliminatórias.

Sua empresa prestava o serviço de despacho a Lamia há mais ou menos oitos meses, segundo Raquel. Nesta quinta-feira, autoridades colombianas disseram que o voo da Chapecoense não tinha autorização para sair de Santa Cruz da La Sierra e sim de Cobija, mais ao norte da Bolívia.

O tripulante apontado pelo jornal “El Deber” como o responsável pela documentação apresentada aos bolivianos é Álex Quispe, que também morreu na queda.