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Boliviana que revisou plano de voo da Lamia pede refúgio no Brasil

Fábio Aleixo e Karla Torralba

Do UOL, em São Paulo

06/12/2016 08h16Atualizada em 06/12/2016 16h34

A boliviana Celia Castedo Monasterio, apontada como responsável por ter autorizado o plano de voo do avião da Lamia que levava a delegação da Chapecoense e partiu de Santa Cruz de la Sierra, entrou com um pedido de refúgio no Brasil. A solicitação foi feita na segunda-feira na sede da Polícia Federal em Corumbá (MS).

De acordo com o delegado Sergio Luis Macedo, a solicitação já foi encaminhada ao Ministério da Justiça, que tem até um ano para avaliar o pedido. Durante este período, Célia pode permanecer legalmente em território brasileiro.

"Ela alegou que está sendo perseguida e tida como um bode expiatório, a única culpada pelo Ministério Público Boliviano neste acidente. Ela diz que não tinha autoridade para impedir que o avião decolasse. Então foi feito o pedido de refúgio aqui na delegacia, que é enviado automaticamente ao Ministério da Justiça por meio de um sistema computadorizado. Mas a partir de agora, ela já pode ir para onde quiser aqui no Brasil", disse Macedo ao UOL Esporte.

Celia também prestou depoimento ao Ministério Público Federal do Mato Grosso do Sul, mas o delegado disse que não teve acesso a ele. O órgão publicou uma nota oficial.

"A boliviana C.C.M foi atendida na Procuradoria da República no município de Corumbá/MS. A Secretaria de Cooperação Internacional da Procuradoria-Geral da República, em coordenação com as procuradoras Gabriela Tavares e Maria Olívia, vai solicitar aos órgãos federais competentes as medidas cabíveis, conforme as normas internacionais e o direito brasileiro”, diz o comunicado oficial do MPF.

Celia é funcionária da AASANA (Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea) e revisou os planos de voo do avião da Lamia antes do embarque. Um documento mostra a assinatura da funcionária, que chegou questionar o plano e apontar diversas falhas para Álex Quispe, um dos tripulantes da aeronave que caiu e uma das vítimas fatais do acidente.

O plano de voo foi apresentado à funcionária 1h antes do avião decolar. Castedo afirma ter questionado o tripulante sobre cinco tópicos, entre eles o tempo de voo previsto de Santa Cruz de la Sierra até o aeroporto de Medellín - que era exatamente igual à quantidade de combustível da aeronave, não prevendo possíveis atrasos. Apesar dos questionamentos, porém, o avião foi autorizado e decolou do aeroporto Viru Viru, em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.

Veja a nota completa do MPF

A boliviana C.C.M foi atendida na Procuradoria da República no município de Corumbá/MS. A Secretaria de Cooperação Internacional da Procuradoria-Geral da República, em coordenação com as procuradoras Gabriela Tavares e Maria Olívia, vai solicitar aos órgãos federais competentes as medidas cabíveis, conforme as normas internacionais e o direito brasileiro.

C.C.M. trabalha na Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea da Bolívia (Aasaana) e teria apontado problemas no plano do voo que transportava a delegação da Chapecoense, jornalistas e tripulantes para a cidade de Medellín, na Colômbia, em 28 de novembro.

A Aasaana teria enviado ao Ministério Público boliviano notícia-crime por "não cumprimento de deveres" e "atentado contra a segurança dos transportes" e estaria suspensa de suas funções por suspeita de negligência.

Na quarta-feira, dia 7, dois procuradores brasileiros participarão de reunião de trabalho com membros dos Ministérios Públicos boliviano e colombiano, para participar dos trabalhos de investigação sobre o acidente do voo CP2933 da Lamia.