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Atacado por torcedor do Flu, colorado diz ter temido pior: "igual assalto"

Fábio Aleixo e Leandro Carneiro

Do UOL, em São Paulo

13/12/2016 06h00

José Joaquim Jacques tem 52 anos e teve um domingo difícil. Não bastasse o rebaixamento do Inter, que pela primeira vez ia ver longe de Porto Alegre, ele ainda teve lidar com a violência de torcedores do Fluminense. Acompanhado por dois colegas no trem da Supervia, ele teve de escutar provocações e agressões. Para evitar o pior, ele ficou sem reação em um momento “parecido com um assalto”.

“Eu imagino que seja igual a um assalto. Quando cara está te assaltando e você não sabe o que vai fazer. Sensação que eu tinha, é que se fizesse alguma coisa, a torcida viria com tudo, de outros vagões. Vão matar a pau, nos quebrar, não é só sangue frio, é medo ter determinadas atitudes. Não quisemos revidar, preferimos não reagir, sabe que o pior pode acontecer. O menino sem camisa tem pouco mais de 30 anos. Teve sangue frio de ficar quieto, ele poderia estourar. Fica difícil”, falou ao UOL Esporte.

“Foi depois do jogo, estávamos indo para casa, no trem, numa boa, com torcedores do Fluminense. Estava com aquela zona de futebol, eles gozando de nós, tínhamos caído para segunda divisão. Chegou o sujeito, fazendo palhaçada. Pensei: tem toda a torcida do Fluminense, vai dar problema e o clima ficou ruim. O menino podia ser meu filho, não sei o que o pai dele está se perguntando. Foi bem complicado. Espero que não batam nele, não tentem se vingar. Espero que aprendam, sofram punição do próprio Fluminense. Aprendem com esse troço. Não se faz isso com as pessoas”, completou.

Joaquim brincou que “ficou famoso” depois do vídeo. Segundo ele, na noite do próprio domingo até seu filho, em Vancouver, no Canadá, já havia ligado para perguntar se estava tudo bem. O torcedor do Inter de 52 anos ainda explicou que o pior não aconteceu graças à intervenção de seguranças da Supervia. Logo após o término do vídeo, ele foi retirado do vagão para pegar um próximo trem.

“Foi só no vídeo, demos muita sorte. Tenho de agradecer o pessoal da Supervia. Como controlam nas câmeras, na próxima estação, o guarda nos tirou lá de dentro, todos que estavam com camisa do Inter, para colocar em outro trem que vinha de outro lugar. Nos salvou. Não sei quanto tempo iam aguentar”, falou.

De volta a Porto Alegre, Joaquim disse que conversou com os outros dois torcedores do Inter que estavam no vídeo e eles cogitam inclusive entrar na Justiça para buscar uma compensação pela humilhação sofrida.

“Conversamos com alguns advogados, mas não tomamos decisão. Não sei o que vamos fazer, se faremos uma representação contra eles ou não. Particularmente, no momento, estava com muita raiva. Depois, bota cabeça um pouco no lugar e não sabe se vale alimentar isso. A gente não sabe ainda. Espero é que o próprio Fluminense, Justiça do Rio de Janeiro tome atitude, para eles aprenderem, não ir por um tempo a um jogo. Não conheço a índole deles, mas dá para ver que precisam tomar chacoalhada”, finalizou.

Apontado como suposto agressor principal do vídeo, Bruno chegou usar sua página no Facebook para explicar a “brincadeira” que fez com Joaquim depois das agressões. Depois de diversas mensagens, ele apagou sua página. Os dados pessoais do torcedor do Fluminense também caíram na web.

O Inter acabou rebaixado do Campeonato Brasileiro depois de empatar por 1 a 1 contra o Fluminense no último domingo.