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Jogadora faz desabafo sobre time na web: "fomos humilhadas e passamos fome"

Jogadoras do São Carlos Esporte Center entraram na Justiça contra o clube - Facebook/Reprodução
Jogadoras do São Carlos Esporte Center entraram na Justiça contra o clube Imagem: Facebook/Reprodução

Emanuel Colombari

Do UOL, em São Paulo

15/12/2016 19h56

O que era para ser a realização de um sonho acabou se transformando em pesadelo. Pelo menos para as jogadoras de uma equipe de futebol da cidade de São Carlos (SP).

A responsável por tornar público o caso foi Erica Lira, atacante que atuava pelo São Carlos Esporte Center, equipe que prometia disputar o Campeonato Paulista e os Jogos Regionais, além de torneios de futsal. Nesta quarta-feira, a atleta divulgou em sua conta no Facebook um longo desabafo a respeito da situação.

Segundo ela, o grupo passou pelos “piores meses das nossas vidas”, sem receber a ajuda de custo combinada com o clube. “Fomos humilhadas, passamos fome e todo constrangimento possível”, diz Erica, que acusa o São Carlos Esporte Center de não fornecer nem mesmo café da manhã às jogadoras.

“Saímos das nossas cidades deixando faculdade, trabalho e família com um sonho a ser realizado, e estamos voltando com um pesadelo”, relatou Erica, 22 anos, no Facebook. “Passamos dias sem treinar pela situação e por falta de material esportivo suficiente para termos um treino digno. Agradecemos também ao treinador pela compreensão e por toda proteção que nos deu durante toda essa situação”, acrescentou.

Em entrevista ao UOL Esporte, a jogadora disse que as 12 atletas foram chamadas para jogar futebol e futsal antes de assinar contrato, recebendo uma ajuda de custo mensal. Os compromissos, porém, não foram cumpridos - as atletas ficaram três dias sem comer e chegaram a pedir comida na rua. A jogadora, que chegou a São Carlos (SP) no fim de setembro, deixou a cidade no dia 13 de dezembro e voltou a Alagoas, onde mora sua família.

"O combinado era de R$ 250 (de ajuda de custo) no começo; depois passaria para R$ 300 e poderia até aumentar, segundo as meninas que estavam há mais tempo”, contou Erica, criticando o presidente do clube, Reginaldo Penha. “Em um dos meses, ele fez recibos no valor de R$ 100 e pediu para a gente devolver R$ 50, que era para a alimentação, porque não tinha mais dinheiro no projeto. Depois disso não recebemos mais. E ainda nos obrigava a assinar recibos, falando que, se não assinássemos, seriamos dispensadas."

Ao site São Carlos Agora, o presidente Reginaldo Penha rebateu as informações divulgadas pela jogadora. Segundo Penha, as jogadoras tinham alimento na dispensa do alojamento e receberam a ajuda de custo.

“Estou com a prestação de contas na mão e vou apresentá-la amanhã (sexta-feira) na Prefeitura Municipal”, disse o dirigente. “Na verdade, algumas ficaram sem receber, porque a Prefeitura não repassou a última parcela. Mas toda a situação iria ser regularizada”, completou. O dirigente ainda afirmou ter dado um telefone celular a Erica, que negou a informação.

De acordo com a jogadora, o clube passa por situações parecidas há vários anos. Por isso, o grupo fez denúncias no Ministério Público, na Delegacia da Defesa da Mulher e na Defensoria Pública. “Ex-atletas afirmaram que passaram pelas mesmas situações. E é muito curioso, nenhuma menina quis retornar no ano seguinte a esse clube”, afirma Erica, que diz não ter sido procurada pelo clube ou pela Federação Paulista de Futebol após a divulgação das denúncias.

Segundo o Portal da Transparência da Prefeitura de São Carlos, o São Carlos Esporte Center assinou convênios para receber repasses financeiros pelo menos entre 2009 e 2015. A reportagem do UOL Esporte entrou em contato com as secretarias de Governo, Esporte e Comunicação da Prefeitura de São Carlos, que disse apenas haver convênio assinado referente a 2016.

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