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Cartilha da CBF já prevê recurso de vídeo, que pode até estrear em 2017

Viktor Kassai após a marcação do pênalti com uso do vídeo; CBF quer novidade para 2017 - Kim Kyung-Hoon/Reuters
Viktor Kassai após a marcação do pênalti com uso do vídeo; CBF quer novidade para 2017 Imagem: Kim Kyung-Hoon/Reuters

Gustavo Franceschini

Do UOL, em São Paulo

17/12/2016 06h00

O Regulamento Geral de Competições da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) já prevê o uso do recurso de vídeo para auxiliar a arbitragem, que pode estrear no país já em 2017. O dispositivo que permite o auxílio da tecnologia está incluído no documento que orienta todos os torneios nacionais. No melhor dos cenários, os juízes poderão contar com o apoio a partir do segundo turno do Campeonato Brasileiro do ano que vem.

"A CBF poderá utilizar tecnologia nas arbitragens das competições que coordena, nos termos, forma e limites do projeto que será anexado a este Regulamento através de Diretriz Técnica e que passará a integrá-lo de modo indissociável, com efeito retroativo à data da publicação deste Regulamento, que vigerá a partir de 01.01.2016, tão pronto a FIFA aprove a utilização de tecnologia, ainda que experimentalmente", diz o artigo 71A da "cartilha" da CBF. 

Tirar isso do papel, no entanto, é mais complicado do que parece. O Brasil participa dos estudos sobre auxílio de vídeo promovidos pela Fifa desde 2015. Ex-chefe da comissão de arbitragem da CBF, Sergio Correa é o representante do país nos fóruns e participou de cinco reuniões com outros 11 países ao longo do ano. O teste no Mundial de Clubes é o primeiro passo para que a Fifa libere mais testes no resto do mundo, o que pode acontecer em janeiro. 

A partir daí, caberia à CBF começar a implantar a tecnologia. Segundo Correa, hoje a entidade estuda os custos do projeto. Em entrevista ao blog do Rodrigo Mattos, no UOL Esporte, o atual chefe da comissão de arbitragem, coronel Marcos Marinho, disse que o valor inicial estimado é de R$ 15 milhões, o que seria um empecilho.

Se a CBF, que tem uma receita anual de R$ 500 milhões e superávits de R$ 60 milhões, decidir levar o projeto adiante, terá de treinar pelo menos 30 árbitros e operadores de replay até agosto, quando finalmente poderia colocar em prática. Sergio Correa diz que o replay já poderia ser usado para auxiliar os juízes no segundo turno do Brasileiro, como prevê o Regulamento Geral de Competições. Além da cartilha principal, porém, a CBF ainda precisaria da aprovação dos clubes envolvidos em conselho técnico.

“Isso se a gente quiser começar já em 2017, aplicando no segundo turno. Porque aí você vai ter 190 partidas sem o recurso e 190 partidas com o recurso”, disse Sergio Correa. O cronograma é apertado, mas o projeto pode sair do papel por interesse da Fifa. “A minha interpretação é de que eles não querem correr o risco de ter a Copa de 2018 sem a tecnologia. Então em algum momento você tem de começar a testar”, disse ele, explicando a pressa.

O modelo a ser adotado, porém, é motivo para debate. O sistema que está em uso no Japão foi gerado na Holanda e prevê que o próprio árbitro analise o lance em uma TV colocada à beira do gramado. Correa defende um modelo que ele considera menos intervencionista, em que um juiz de vídeo tomaria as decisões em uma cabine e só avisaria ao colega de apito em campo.

“Nossa ideia é parar o jogo o mínimo possível. Por isso que no nosso o juiz não teria de ir até o banco de reservas analisar o lance, como tem acontecido no Japão”, completou.

Na “estreia” do sistema, na última quarta-feira, o árbitro Viktor Kassai foi avisado quase um minuto depois que um atrito na área do Atlético Nacional poderia ter configurado um pênalti para o Kashima Antlers, rivais na semifinal do Mundial de Clubes. O juiz foi até a beira do campo, analisou o lance e determinou a infração, gerando críticas pela demora na decisão e um suposto impedimento na jogada. Como mostrou o blog do Marcel Rizzo, as críticas sofridas no teste inicial podem favorecer o sistema brasileiro na briga contra o hoilandês.

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