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Chapecoense prevê desfalques e faz tratamento psicológico antes da Copinha

Julia Galvão/Divulgação
Imagem: Julia Galvão/Divulgação

Luiza Oliveira

Do UOL, em São Paulo

17/12/2016 06h00

A Chapecoense ainda não conseguiu se recuperar da tragédia que devastou o clube e vitimou fatalmente atletas, comissão técnica e integrantes da diretoria do clube. Mas já tenta se reerguer para disputar sua primeira competição oficial depois do acidente. O clube estreia na Copa São Paulo de futebol júnior em janeiro e terá uma preparação especial.

Os atletas do Sub-20 já voltaram aos treinos nesta semana e viajam no dia 1º de janeiro para Porto Feliz-SP para a disputa do torneio. Eles terão o desafio de voltar a campo apenas cerca de um mês após o acidente. Por isso, a maior preocupação da diretoria é com a questão emocional dos atletas.

Desde que as atividades recomeçaram, os atletas vêm fazendo trabalhos em grupo e individuais com uma assistente social e uma psicóloga no clube. Cada um vem recebendo um tipo de tratamento para lidar melhor com a perda de pessoas queridas e também com o desafio de atuar pelo clube. 

“Cada um, na sua individualidade, tem um ponto especifico que precisa ser mais trabalhado. Uns ficaram mais abalados, outros menos. A principal questão é a dor da perda de colegas e amigos junto com a expectativa que eles estão tendo de subir da categoria do Sub-20 para o profissional”, conta a assistente social Irlene Würzius.

Na visão da profissional, os atletas agora se sentem com a missão não só de jogar, mas de honrar os atletas que se foram. Assim, não agem só pelos próprios sonhos, mas também pelo sonho que não estão mais aqui. “Eles estão tentando fazer o melhor em campo para dar continuidade a tudo o que a diretoria e que os colegas que se foram já estavam fazendo”.

Outra preocupação da direção das categorias de base é que eles consigam lidar melhor com a responsabilidade de atender a uma demanda do profissional precocemente. “A gente quer que eles não se sintam tão responsáveis, mas sabemos que eles fazem parte de um processo em que o objetivo é colocá-los no futebol profissional. Talvez por causa da tragédia esse processo aconteça um pouco antes do que poderia ser. Talvez o processo esteja acelerado”, afirma o diretor da categoria de base Mano Dal Piva.

Não será fácil entrar em campo. Para a disputa da Copinha, a diretoria já prevê alguns desfalques. Dos 30 atletas inscritos na competição, cerca de sete ainda não estão garantidos na viagem. Eles podem ficar em Chapecó à disposição do técnico Vagner Mancini, que deve precisar de alguns atletas para conseguir compor o elenco profissional.

O técnico do Sub-20 Emerson Cris já considera perder até sete atletas entre eles o zagueiro Iago, o lateral esquerdo Gabriel, o zagueiro Vinícius, o volante Thales, o meia Lima e o goleiro Giovani Tiepo.

“O baque foi muito forte, o clube todo está sentindo ainda. Ainda estamos vivendo o reflexo de tudo o que aconteceu. Nos reapresentamos e estamos fazendo a preparação para a Taça. Mas ainda tem algumas indefinições a respeito de alguns atletas, se eles vão compor o elenco do profissional, não foi definido ainda pelo Mancini”, disse.

Em 2016, a Chapecoense apostou em um grupo mais jovem para disputar a Copinha. Já no ano que vem, a ideia seria atuar com um time mais experiente para adquirir bagagem, já que muitos atletas não teriam chances de entrar em campo no profissional por causa da Libertadores. Mas essa estratégia pode ser alterada dependendo dos desfalques.

“Talvez a gente tenha que fazer uma escadinha inversa, subir alguns meninos dos Sub-17, efetivar alguns que não faziam parte do elenco e efetivar alguns reservas para que os mais velhos fiquem no profissional. Mas de certa forma é ótimo que aconteça, porque o objetivo da base é subir para o profissional”.