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Eurico diz que pagou R$ 162 mi de dívidas no Vasco e já fala em reeleição

Paulo Fernandes/Vasco.com.br
Imagem: Paulo Fernandes/Vasco.com.br

Do UOL, em São Paulo

20/12/2016 18h01

Eurico Miranda abriu as contas do Vasco à imprensa, nesta sexta-feira (20), em entrevista em São Januário. O presidente do clube acusou administrações anteriores de crimes contra a instituição, revelou dívidas pagas no valor de R$ 162 milhões desde que reassumiu o comando do time e falou até em reeleição. 

"Eu nomeei como vice de futebol meu homem de confiança, que é meu filho, o Eurico Miranda. Agora tem uns mocinhos que conhecem pouco de Vasco e dizem que fiz isso para preparar Eurico como meu sucessor. Não tem nada disso. Pode tirar o cavalinho da chuva. Vou anunciar uma coisa: minha saúde está boa, não vou conseguir recuperar o Vasco nesse mandato e vou vir para mais um mandato", disse, em anúncio de que competirá à reeleição. 

Eurico retornou à presidência do Vasco após vencer eleição em novembro de 2014. Em campo, o clube foi rebaixado à Série B no ano seguinte e, em 2016, ficou ameaçado de não voltar à elite do futebol brasileiro, mas assegurou o acesso. Segundo ele, o alvinegro carioca privilegiou, neste período, o reequilíbrio das contas. 

"Esta entrevista é para se demonstrar como a administração anterior entregou o Vasco e quais foram os procedimentos adotados por essa administração. Tudo documentado, sem fantasias, é a situação real. Vou tentar ser o mais objetivo possível", explicou. A princípio, Eurico tratou as gestões anteriores como irresponsáveis. No fim da apresentação das contas, disparou que "a grande maioria cometeu crime" contra o clube. 

No quadro geral da situação vascaína, Eurico informou que o clube tem passivo total (a grosso modo, contas a pagar) no valor de R$ 518.157.359,05. Quando assumiu a presidência, o passivo total era de R$ 690.464.420,70 (a redução é de cerca de R$ 172 milhões).

De acordo com o presidente, o pagamento de R$ 162 milhões em dívidas e a renegociação de outras contas deveriam significar corte maior no passivo do Vasco, mas a desorganização de administrações anteriores fez surgir novos pagamentos: "Naquele passivo lá não se contabilizou confissões de dívida. Por isso que foi pago R$ 162 mi, tivemos a adesão ao Profut, mas deu redução no passivo de R$ 172 mi". 

Os valores pagos até aqui são:

  • R$ 29.423.600,00 (acordos judiciais);
  • R$ 7.242.260,00 (acordos cíveis extrajudiciais);
  • R$ 13.046.404,00 (acordos trabalhistas);
  • R$ 19.600.000,00 (ações trabalhistas);
  • R$ 21.026.014,00 (multas à Fifa);
  • R$ 2.945.739,00 (depósito em juízo);
  • R$ 11.367.687,00 (acordos anteriores);
  • R$ 20.493.040,00 (bancos);
  • R$ 15.459.828,00 (entidades);
  • R$ 3.549.061,00 (Profut);
  • R$ 18.548.184,00 (impostos e três meses de salários atrasados).

O Vasco da Gama, segundo Eurico Miranda, devia "para todo mundo": desde a jogadores até a um posto de gasolina, o Posto Peróla. O mandatário diz que neste período, para "colocar a casa em ordem", o Vasco pagou pelo menos "três times de futebol". 

Do total da dívida vascaína, R$ 75.557.490,34 eram referentes a acordos judiciais. A atual gestão renegociou o montante e o reduziu a R$ 53.398274,16 - destes, 55% já estão pagos. Em informe escrito, Eurico diz ter pago ou estar pagando também dívidas trabalhistas a jogadores como Felipe, Fernando Prass, Edmundo e Fagner. 

"Nós tínhamos uma opção. A opção era entre continuar cada vez mais para o fundo ou nos recuperarmos financeiramente permitir que as coisas viessem a acontecer de outra forma. Podíamos continuar da mesma forma. Credores não recebiam nada. Informática, atletas, seguranças... Nada. Podíamos continuar não pagando. Mas a gente tinha de dar um basta nisso. A demonstração que está aí é que o montante pago por dívidas é maior do que a folha salarial de todo o clube, incluindo futebol". 

Eurico projetou o futuro do Vasco e previu dificuldades, mas também investimento de peso no futebol para 2017 - especificamente, na ordem de R$ 200 milhões. 

"Nós vamos ter dificuldades ainda pela frente. Mas o pior já passou. Conseguimos reestruturar. Vamos fazer um investimento mais forte no futebol, que é o que a torcida talvez se preocupe mais. Vamos fazer um investimento maior no futebol. Com toda dificuldade. Mas vamos fazer com absoluta consciência. Não é fazer com irresponsabilidade", disse. Eurico ainda se comprometeu a dar "um presente" à torcida vascaína antes do Natal