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Com "greve" de Neymar, Globo recorre a depoimentos à CBF para especial

Neymar em entrevista à CBF - Reprodução
Neymar em entrevista à CBF Imagem: Reprodução

Rogério Jovaneli

Colaboração para o UOL, em São Paulo

22/12/2016 12h40

Com narração de Caio Castro, foi ao ar na noite desta quarta-feira (21) na Rede Globo o especial "Um Sonho de Ouro", sobre a conquista do inédito ouro olímpico do futebol na Rio-2016. No caso de Neymar, retratado ali tal qual um controverso e intrigante personagem de novela, de vilão a heroi, a emissora precisou recorrer a imagens de depoimentos do craque ao site da CBF. Dentre os protagonistas do título, foi o único a não dar depoimentos à emissora para o programa.

Em novembro, já havia chamado a atenção a "greve de silêncio" do atacante desde a final dos Jogos Olímpicos, substituído por um holograma, imagem em computação gráfica do atleta, na transmissão da Globo de Peru e Brasil, pelas Eliminatórias à Copa de 2018.

Retratado como professor, o técnico Rogério Micale foi o primeiro personagem da conquista a ganhar um perfil, lembrando que era pouco conhecido do público em geral e que assumiu de forma não programada o time olímpico após a demissão de Dunga. "Eu não conhecia, não. Você conhecia?", narrou o ator global, para depois entrarem depoimentos do treinador, de sua casa, ao lado de familiares.

O mesmo roteiro se deu com a jovem estrela, o atacante Gabriel Jesus, ex-Palmeiras, campeão brasileiro deste ano e que jogará no Manchester City. "Todo mundo na apresentação, eu já vi que todos estavam ali em busca do ouro, não estavam por estar, e sim porque todos queriam ganhar", discursou.

Já Neymar surgiu no programa inicialmente, com cara de poucos amigos, em declaração sobre a estreia brasileira sem gols com a África do Sul. "Não vai ser perfeita a partida, tem dia que a gente não vai jogar bem", justificou na declaração pós-jogo dada na época, relembrada pelo programa.

Caio Castro narra documentário - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Depois, Neymar apareceu, em reprodução de trecho de depoimento à CBF TV, falando de forma protocolar sobre a sua expectativa para a disputa daquela competição: "É uma realização muito grande estar disputando as Olimpíadas no Brasil e pela nossa seleção, pela nossa pátria, e estar fazendo isso aqui acho que não tem coisa melhor, então por isso a gente tem que concentrar, focar e se Deus quiser ganhar a medalha".

O programa relembrou as críticas à seleção e a Neymar, pelo futebol abaixo do esperado e pela postura, reclamações acentuadas com o segundo 0 a 0, com o Iraque, no segundo jogo, com direito à reexibição de alguns trechos dos sermões de Galvão nas transmissões. Mas não foram repercutidas ali as queixas do narrador quanto ao comportamento do capitão Neymar, negando-se a dar entrevistas aos repórteres da emissora.

Rogério Micale contou no programa ter orientado a esposa a assistir aos jogos sem volume, para não se abalar mais com as críticas. "Judiam muito de você", recordou a esposa Silvana.

Gabriel Jesus também relatou como o grupo da seleção reagiu na oportunidade: "procuramos não dar resposta pra ninguém e sim para nós mesmos e pra nossa família, dar orgulho para nossa família e nos fechamos. Não queríamos bater de frente com alguém, querer jogar porque falou isso, o outro falou aquilo, e sim queríamos jogar pra ganhar, pra conquistar e entrar na história do Brasil e dar pro Brasil uma medalha que ele não tinha ainda."

"Neymar, na saída do jogo, nem quis dar entrevista. Aí, meu parceiro, a treta sobrou para o Renato Augusto", narrou Caio Castro no especial.

Ao relembrar a vitoria por 2 a 0 sobre a Colômbia, o programa fez questão de lembrar que aquele foi justamente em duelos contra os colombianos que o craque brasileiro viveu momentos ruins: a lesão que o tirou da Copa de 2014 e a expulsão que encerrou a sua participação na Copa América de 2015, mas também que ali, no duelo pela Rio-2016, marcara seu primeiro gol na Olimpíada, de falta, fazendo valer os treinamentos da jogada de bola parada.

Sobre a goleada de 6 a 0 contra Honduras, nas semifinais, volta ao Maracanã, o programa mostrou depoimento de Rogério Micale revelando que Neymar o ajudou na escolha da melhor tática contra um time que se supunha que apenas iria se fechar para defender, baseada no que conhecia do Barça. E também procurou retratar o craque como alguém maduro, de grupo e de comportamento descontraído. "Dava pra perceber que o Neymar não era apenas um jogador no grupo, se dava bem com a galera toda, fazia uma social, dava conselhos para os mais jovens...Até deu tempo do nosso capitão ser papai, também", narrou o ator da Globo.

Weverton, que ocupou a titularidade do gol da seleção, após o palmeirense Fernando Prass ser cortado por lesão, e que pegou pênalti, decisivo para a conquista do ouro inédito, foi outro protagonista exaltado no programa especial da Globo, com direito a depoimentos da mãe, Dona Josefa, do colega Gabriel Jesus e do técnico Rogério Micale.

"Quando foi para os pênaltis, passou na cabeça que o Prass poderia estar ali, mas eu fiquei tranquilo porque o Weverton mostrou muita confiança. Não só lá, já vi ele pegando pênaltis e sabia que um pelo menos ele iria pegar", elogiou Gabriel Jesus.

A Micale coube explicar onde se deu a convocação dele para os Jogos: "saiu num jogo aqui em Minas, no Mineirão: Atlético-PR contra Cruzeiro, toda comissão técnica tava lá, eu fui, ele fechou o gol e demostrou todas as características importantes para o nosso modelo de jogo", explicou.

O especial terminou com um "relaxa, molequinho, vai comemorar" na narração do programa, logo após a exibição do desabafo do jogador, com direito a repetição do "vão ter que me engolir", de Zagallo, em resposta às críticas, e a celebração dos jogadores nos vestiários do estádio carioca.