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Carille revela ideias no Corinthians: 5 reforços, modelo Tite e blindagem

Fábio Carille, treinador do Corinthians confirmado para 2017 - Rodrigo Gazzanel/Agência Corinthians
Fábio Carille, treinador do Corinthians confirmado para 2017 Imagem: Rodrigo Gazzanel/Agência Corinthians

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

02/01/2017 06h00

As buscas do Corinthians por outro treinador, antes da efetivação de Fábio Carille, não significam desprestígio para o auxiliar com oito anos de clube. O comandante para 2017 é visto como um dos segredos internos para as oito conquistas do período mais vitorioso em toda a história corintiana. Agora, Carille é a esperança para se tornar protagonista depois daquele que foi, justamente, o pior de todos os anos da mesma era. Os planos dele estão prontos.

Nesta entrevista exclusiva ao UOL Esporte, o auxiliar e ex-interino conta o que mudou do período em que declarou não se sentir pronto para ser o número 1 da comissão técnica. Carille também fala o que espera de Guilherme, Giovanni Augusto, Maycon e da crítica pública feita por Cristian na direção dele. A maior ansiedade é pela definição do elenco, ao qual se esperam mais cinco reforços. O modelo de jogo, é certo, será semelhante ao desenhado por Tite em 2015/16. O desafio maior, Fábio Carille sabe, é manter a turbulência política e o impeachment que enfrenta Roberto de Andrade longe do vestiário.

Confira a entrevista completa de Fábio Carille:
EM 2016, DISSE QUE NÃO ERA A HORA DE VIRAR TREINADOR. O QUE MUDOU?
Sempre falei isso e sempre deixei muito claro que o momento certo iria chegar. Você se coloca no que é passado pelo clube para nós. Quando saiu o Tite e dirigi para chegada do Cristóvão, eu era interino. Depois eu era o treinador até dezembro, mas então houve a mudança. Me posicionei em cima da proposta também que tive. Enfim, chegou a hora, já são muitos anos, desde 2001 que tenho a ideia de virar treinador. Eu parei de jogar em 2007, mas estava estudando desde então, fazendo estágios. Esses 28 dias que tive à frente da equipe me fortaleceram.
Carille com Oswaldo: auxiliar participativo - Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians - Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians
Imagem: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians
OSWALDO DEU ERRADO
São situações muito difíceis de se falar. A vinda do Oswaldo ocorreu após uma reunião em que não foi discutido o nome do Oswaldo, mas onde o Roberto disse que queria um outro profissional em 2017. Eu disse 'se já tem a ideia, por que não traz o quanto antes para ver as carências e as necessidades para chegar'? Era o ideal, e o presidente veio com o Oswaldo. Não sei dizer se faltou paciência. Era uma transição. É difícil responder o porquê. Saí para fazer um curso no Rio e achei que iriam continuar normalmente com ele para 2017.
A CHEGADA AO CORINTHIANS
Estavam precisando de um auxiliar (em 2009). Eu joguei três anos com o Sidnei (Lobo, auxiliar de Mano Menezes, então no Corinthians) no Paraná. Fui auxiliar do Grêmio Barueri, terminando o ano com o Márcio Araújo e a gente conseguiu o acesso. Eu tinha feito estágio com Mano e Sidnei no Grêmio, em 2007. Eles avaliaram dois ou três nomes para levar e um deles era o meu.

MODELO DE JOGO ESTÁ ENCAMINHADO
Vou buscar uma equipe organizada, que jogue com bola no chão, que faça triangulações. Eu estou ainda esperando a definição do elenco para ver a forma correta de jogar. Gosto do 4-1-4-1 e do 4-2-3-1. Vai depender muito das peças que tivermos, do grupo formado, para sentar e analisar para descobrir o sistema.
COMO ISOLAR A POLÍTICA E O IMPEACHMENT DO VESTIÁRIO
Trazendo todos para participar juntos com a gente. Temos que deixar todos a par do que está acontecendo, temos que estarmos todos mais próximos, fazermos todos se sentirem importantes na sua função, dentro do que é no clube. Já começamos algumas reuniões para que todos estejam próximos nessa reformulação.
FOI CRITICADO PUBLICAMENTE POR CRISTIAN
O respeito com ele é o mesmo que tenho por todo mundo, como sempre foi. Na ocasião (em que foi treinador), tive uma conversa com ele onde ele próprio se posicionou de forma positiva. Mesmo assim, depois ele se sentiu no direito de falar, teve as entrevistas, mas teve respeito. O jogador quer participar.
GIOVANNI AUGUSTO, ONDE JOGA?
Vai depender dos jogadores que vão chegar. Vou quebrando a cabeça sobre onde posso usar. O Giovanni chegou jogando muito bem na função do Jadson, com outra característica. Depois, comigo, jogaram Camacho, Rodriguinho e ele, com uma resposta muito boa. Marcando, criando, dando suporte ao Fagner. Nesse momento, sim, o que a gente mais quer é saber onde vai jogar. Sabemos as dificuldades, mas temos que formar o quanto antes o grupo para direcionar as funções.

GUILHERME É REFERÊNCIA TÉCNICA, MAS DEPENDE DO SISTEMA
Tecnicamente, é de uma qualidade que com certeza temos pouco, de passe e de finalização. Com o Jô, penso em trabalhar com ele em uma função bem perto do camisa 9. Aí já tem que ser no 4-2-3-1, mas tenho dois planos, no 4-1-4-1. Nesse sistema, só vejo ele como 9, em um raio de ação menor. Não dá para o Guilherme jogar em um espaço de 60 ou 70 metros. Ele precisa estar em um raio de ação menor, mais perto do 9. Porém, entra dentro do que estamos formando de versatilidade e o Jô, que busca sua forma há dois meses, pode jogar dos lados. Isso me ajuda a elaborar.
MARLONE FICA OU SAI?
Quando fui oficializado, percebi que eles recusaram a oferta (do Atlético-MG) dizendo que ele iria ficar, mas sabemos do bom campeonato do Marlone pelo segundo ano seguido. Sabemos do risco de perder. Fagner, Rodriguinho, são jogadores com mercado, o Marquinhos Gabriel foi bem no Santos, o Giovanni bem no Atlético-MG, sabemos das possibilidades.

JOGADORES DE SAÍDA PARA EMPRÉSTIMO
As liberações dependem de quem vai chegar, se chegam outros. Como já chegou o Jô, tem a possibilidade de outros profissionais como o Gustavo saírem. O Jean teve poucas oportunidades, vai depender desses dias para direcionar a situação dele.
Maycon retorna ao Corinthians no fim de janeiro - Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians - Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians
Maycon retorna ao Corinthians no fim de janeiro
Imagem: Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians
MAYCON PODE SER UM PROTAGONISTA EM 2017
Com certeza, porque ele tem muita qualidade. Foi uma opção dele buscar um empréstimo e o Cristóvao pediu para ele ficar, não queria que ele saísse, mas ele e seus empresários pediram para ir à Ponte Preta. Eu já acompanho o Maycon desde os juniores, como volante, como meia, fez muitos jogos como lateral. Ainda mais com a qualidade que ele tem, quero sim. Ele vai ter oportunidade.
GAROTOS DA BASE VÃO PARTICIPAR MAIS DE TREINOS E JOGOS EM 2017?
É uma ótima pergunta. Esses dias eu fiquei um período sozinho pensando o que fazer para que aqueles que chegam e começam a trabalhar possam brigar. Não podemos passar de 24 jogadores de linha, já contando com esses garotos. O quanto antes quero que chegue quem pode chegar, para a gente trabalhar com 24 jogadores de linha e quatro goleiros. Se passar disso, o que passar, dificulta o aproveitamento dos meninos, e quero integrar isso. Estou falando com Alessandro e com Flávio sobre as chegadas, não entramos no assunto da base, mas na hora que definir contratações vamos direcionar os garotos.
OSMAR LOSS, DO SUB-20, COMO AUXILIAR?
Conversamos muito pouco sobre isso porque logo de cara tem a Copa São Paulo. Ele fez todo o planejamento da Copinha e tirar ele nesse momento, a poucos dias da estreia, não seria justo de chegar outro profissional à base em meio a um período de festas. Foi muito pouco falado sobre o Osmar. Estarei em Taubaté nos dias 4, 6 e 8, para a Copa São Paulo. Vamos estar próximos, é grande a chance dele estar com a gente em 2017.
MERCADO: UM ZAGUEIRO, UM VOLANTE, UM MEIA E DOIS ATACANTES
Acredito que precisamos de mais cinco jogadores, de coisas bem pontuais. Estamos de olho no mercado, em tudo. O Corinthians está em uma situação financeira que podem pintar oportunidades. Temos jogadores que jogam em várias posições. O Camacho joga em mais de uma, o Marquinhos, o Giovanni, o Guilherme, então isso me deixa contente. Abre espaço para outros jogadores.