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Legado da Copa: entre fraudes e erros, R$ 50 mi de prejuízo no BRT de BH

Após o desabamento do viaduto Batalha de Guararapes, que matou duas pessoas e feriu 23, a Prefeitura de Belo Horizonte demoliu a estrutura. - Carlos Eduardo Cherem/UOL
Após o desabamento do viaduto Batalha de Guararapes, que matou duas pessoas e feriu 23, a Prefeitura de Belo Horizonte demoliu a estrutura. Imagem: Carlos Eduardo Cherem/UOL

Do UOL, em São Paulo

04/01/2017 16h49

A Copa do Mundo no Brasil acabou há mais de dois anos e meio, mas na esfera criminal o legado deixado pelo mundial de futebol da Fifa continua com desdobramentos até hoje. Em Belo Horizonte, a Polícia Federal indiciou 18 pessoas por falhas, problemas, fraudes e desvios de dinheiro no planejamento e execução das obras do BRT da cidade (espécie de sistema de corredores de ônibus), a principal obra de mobilidade urbana programada para a Copa na capital mineira.

De acordo com a PF, o prejuízo aos cofres públicos chega a R$ 50 milhões. Em 2013, o UOL revelou que relatório da época produzido pela CGU (Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União) já apontava o desvio de R$ 23 milhões em apenas um dos trechos da obra. O BRT foi construído ao longo das avenidas Dom Pedro I e Antônio Carlos e já custou mais de R$ 600 milhões. A obra tem trechos inacabados até hoje.

A investigação da Polícia Federal -- finalizada em dezembro de 2016 e divulgada nesta quarta-feira (4) -- aponta ainda que a falta de projetos técnicos e de fiscalização podem ter provocado em 2014 a queda do Viaduto Batalha de Guararapes, usado no trajeto do BRT, que matou duas pessoas e deixou outras 23 feridas.

“Os prejuízos acabaram sendo maiores, porque houve inclusive a queda do viaduto", afirmou a delegada Márcia Versieux. que comandou a investigação, em coletiva de imprensa nesta quarta. "Então, quer dizer, houve falhas de fiscalização", diz ela.

Os indiciados são servidores da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), dois ex-secretários municipais, de Políticas Urbanas e de Obras e Infraestrutura, um funcionário da Caixa Econômica Federal, engenheiros da Consol e da construtora Cowan – empresas responsáveis pelo projeto e pela execução da obra, respectivamente –, além de empregados da Consominas e da CGP, empresas de consultoria. Nenhum nome foi divulgado.

Ex-prefeito nega irregularidades e diz que trabalho foi transparente

Por meio de seu partido, o PSB, o ex-prefeito de Belo Horizonte e responsável pelo projeto, Márcio Lacerda, negou qualquer irregularidade na execução da obra do BRT. A nota afirma que sempre houve transparência e rigor na fiscalização dos contratos, e que a Prefeitura de Belo Horizonte tomou atitudes para sanar os problemas depois de manifestação da CGU (Ministério daTransparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União), em 2012.

Segundo a PF, todos os contratos firmados para a obra, quatro no total, continham irregularidades ou indício de fraudes. O inquérito e os indiciamentos (não houve nenhum pedido de prisão imediata) serão encaminhados ao MPF (Ministério Público Federal), que decide se prossegue com a denúncia à Justiça ou não.