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Portuguesa adota marketing contrário ao que Rosenberg deixou por lá

Julia Chequer/Folhapress
Imagem: Julia Chequer/Folhapress

Luis Augusto Símon

Do UOL, em São Paulo

14/01/2017 04h00

Luis Paulo Rosenberg assumiu o marketing da Portuguesa em janeiro de 2015, com um discurso otimista, baseado no sucesso que obtivera no Corinthians. “Em 2020, no ano do Centenário, a Lusa estará na Libertadores”.

As palavras soaram como um sonho para os torcedores do time que havia caído para a Série C. Os resultados não vieram e, em agosto, o presidente Jorge Manuel Mendes convidou Antonio Carlos Castanheira para assumir o departamento.

Ele ficou até janeiro de 2016 e voltou agora, com o presidente Alexandre Barros. Castanheira, administrador de empresa com carreira na área de finanças e com pós graduação em marketing, se lembra do período em que trabalhou com Rosenberg, a quem considera um amigo e analisa porque não deu certo.

“Trabalhar no marketing do Corinthians, com Ronaldo Fenômeno é uma coisa. Trabalhar na Portuguesa, com suas carências é outra muito diferente. E o Rosenberg partiu de um princípio muito errado”, afirma.

A base do projeto de Rosenberg era envolver a comunidade lusa em torno da Portuguesa e fazer valer a tese de que a Lusa é o segundo time de todo paulista.

“Só que ele fez a primeira parte sem nenhum retorno. Não adianta ir em uma padaria e pedir R$ 5 mil. O cara até dá, mas depois fica desconfiado e não dá mais. É preciso que haja um retorno”, diz Castanheira.

Ele partiu da mesma base – o comprometimento da colônia – e fez um plano de negócios. “Colocamos uma marca de sorvetes como patrocinador máster e várias padarias como patrocinadores menores. Cada padaria patrocinava uma camisa. E passou a haver uma relação entre ambos: o que produz e o que vende. A marca de sorvetes conseguiu expandir seus negócios para 80 padarias novas. Foi um sucesso, eu consegui 78 parceiros”.
Rosenberg ficou com a parte publicitária, tentando emplacar a história do segundo time de todo paulista. Criou uma camisa onde estava estampada a frase “Somos todos Lusa” e obteve um sucesso inicial. “Mas, passou logo. Ele queria trazer uma parte da Gaviões para torcer junto com os Leões da Fabulosa. Como ia dar certo? Nunca daria”, diz Castanheira.

Agora, ele tenta retomar o projeto. Já conseguiu 20 parceiros, mas precisa de 36 para a arrancada. Além de padaria, pretende envolver donos de restaurantes, motéis e postos de gasolina. É a tese do núcleo de negócios, que deu certo naquele ano”, lembra.

Além disso, formulou um plano de recuperação da Portuguesa, baseado em um triângulo. No topo, a profissionalização do clube, na base esquerda a recuperação patrimonial e, na direita, a base do clube.

A questão patrimonial, gravíssima, ele acredita que terá um avanço a partir do dia 20, quando seu projeto for aprovado pelo conselho. “A ideia é que uma empresa construa uma nova arena, recebendo em troca o direito de construção de hotéis, centro de convenções e um shopping, tudo de forma vertical. Alguns andares seriam para o nosso clube social. Eles passariam uma porcentagem à Portuguesa do que fosse arrecadado”.

Enquanto o projeto não é aprovado, Castanheira costurou um acordo com Gislaine Nunes, advogada que representa dezenas de jogadores em ações trabalhistas contra a Portuguesa. “Atualmente, 100% de nossas rendas são bloqueadas. Com o acordo, poderemos respirar um pouco mais”.

Enquanto nada sai do papel, a Portuguesa luta para montar seu time que estreará na Série A-2 no dia 29 de janeiro, contra o Batatais. A diretoria sonha com a presença de 5 mil torcedores.