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Técnico do Paulista relata frieza de Brendon e diz: maior golpe da carreira

Roberto Oliveira e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

24/01/2017 04h00

Umberto Louzer, técnico do Paulista de Jundiaí, eliminado da Copa São Paulo de Futebol Júnior devido a um caso de “gato”, vivia a expectativa de reencontrar o Corinthians em uma final de Copinha depois de 20 anos – em 1997, no início da carreira como jogador, ele foi campeão sobre o clube do Parque São Jorge. Mas tudo veio "por água abaixo" com a revelação de que seu zagueiro Brendon Matheus utilizou documentação do primo três anos mais novo para jogar o torneio sub-20.

“Foi o maior golpe da minha carreira”, admitiu. Em entrevista ao UOL Esporte, Umberto contou como levou o zagueiro do Nacional-SP ao Paulista, avaliou a decisão da Federação Paulista de Futebol de eliminar o clube da Copinha e ainda relatou a frieza de Brendon ao reagir às acusações. “Ele só pode ser sociopata, ou não sei o que ele é”, desabafou. 

"O comportamento dele não mudou, teve palestra, teve o café da manhã, teve a palestra antes do jogo e ele não mudou em momento algum. Ele vai a campo com 10, 12 mil pessoas no estádio, com tudo o que estava envolvido e consegue jogar? Ele demonstrou muita frieza. Como ele deve carregar isso por muito tempo, acabou sendo natural para ele, viver sempre com esta inverdade", disse Umberto, 37, que foi zagueiro e volante com passagem por Juventude e Guarani. 

Sobre como o jogador reagiu às acusações

Eu fui um dos que conversou com ele, outros membros da minha comissão também conversaram com ele e em momento algum ele se abalou. E a prova maior de tudo isso é como um atleta vai a campo com todo esse bombardeio e consegue jogar. Então demonstra toda a frieza dele, só pode ser sociopata, ou eu não sei o que ele é. Mas é difícil pra você entender por todo o questionamento que ele teve, tudo prova que ele está errado e ele vai a campo com 10, 12 mil pessoas no estádio, com tudo o que estava envolvido e consegue jogar? Então ele demonstrou muita frieza. O comportamento dele não mudou em momento algum, por isso que nós tivemos segurança de colocá-lo, porque a Federação nos permitiu e falou que não tinha nada de errado. O atleta jurava que poderia fazer qualquer exame nele, que ele era ele mesmo, como você vai duvidar de uma coisa dessa? Se a pessoa fala que pode fazer o exame nele sabendo de tudo isso... O comportamento dele não mudou, teve palestra, teve o café da manhã, teve a palestra antes do jogo e ele não mudou em momento algum

“Foi o maior golpe da minha carreira”

Foi o maior golpe da minha carreira. Há 20 anos, em 1997, eu vivia o início da minha carreira como atleta conquistando o título da Copinha em cima do Corinthians. E 20 anos depois, eu tendo a possibilidade novamente de enfrentar o Corinthians, o que representa muito numa nova função que eu estou quase há dois anos, e você olha para trás, é muito estudo, muito trabalho... Fui assistir ao jogo em Barueri [Corinthians x Juventus], cheguei 0h30 e não deu nem para curtir a vitória [5x1 no Batatais na semifinal] para chegar bem preparado para esta final. Mas aí teve esta atitude de um ser humano que joga o sonho de todo mundo por água abaixo. Você vê os atletas chorando, eu vim no clube, os atletas chorando, emocionalmente abalados

“Tem que entender de administrativo também”

Agora é olhar para frente e aprender com isso aí, se prevenir ainda mais. Com certeza eu e a minha comissão vamos ter que entrar nesta área. Hoje treinador tem que aprender de tudo, a parte física, fisiológica, psicológica. Agora tem que entender de administrativo também, porque você pode colocar todo o seu trabalho a perder

Sobre a decisão da Federação Paulista 

Tem o regulamento e é para ser cumprido, mas eu penso que deveria punir o atleta. O clube foi enganado, o Nacional-SP foi enganado, a Federação foi enganada e a CBF foi enganada. O clube está sendo punido, abrindo mão de jogar uma final, só que o regulamento diz que se provar é eliminado. Por exemplo, tem atletas que são pegos em doping, por uso de droga e tal, e isso o clube não é penalizado, só o atleta. Mas a gente fica muito triste e decepcionado mesmo, esse atleta me decepcionou, a comissão técnica também e todos os demais atletas que se dedicaram. Ele teve a oportunidade de falar a verdade e não falou. Como essa pessoa deve carregar isso por muito tempo, acabou sendo natural para ele isso aí, viver sempre com esta inverdade 

Sobre a chegada do atleta no Paulista 

Eu estava no Nacional-SP e um atleta do profissional perguntou se eu estava fazendo avaliação, que ele conhecia um atleta em potencial para fazer um teste. Eu falei ‘pode vir’, aí ele chegou, ficou um período de avaliação e foi aprovado. Depois continuou treinando, foi procurar a documentação dele para federar e foi paga uma transferência da Federação do Rio Grande do Norte para São Paulo. Ele jogou 5 ou 6 jogos sob o meu comando, eu saí do Nacional-SP, porque a parceria acabou, e fiquei um mês parado. Aí fui para o Paulista de Jundiaí e depois de um período ele veio para cá, assim como outros 3 jogadores. Ele não pôde jogar o Campeonato Paulista porque ele já tinha jogado pelo Nacional-SP. Aí ele disputou a Copa Ouro conosco, fez a preparação para a Copa São Paulo e acabou jogando. Eu perdi o titular porque pegou caxumba, e o Brendon começou a jogar e foi jogando a competição. Infelizmente, no último jogo, veio esta bomba aí