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Florida Cup fala em ir à Ásia, mas sofre com críticas de clubes e parceiros

Jogadores do São Paulo comemoram vitória nos pênaltis sobre o Corinthians, na final da Flórida Cup - Gregg Newton/AFP
Jogadores do São Paulo comemoram vitória nos pênaltis sobre o Corinthians, na final da Flórida Cup Imagem: Gregg Newton/AFP

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

30/01/2017 04h00

Um campeonato de pré-temporada para internacionalizar a marca, enfrentar times do mundo inteiro e ainda ter a chance de prospectar oportunidades nos Estados Unidos. Foi assim que a Florida Cup se vendeu no seu nascimento em 2015. Três edições depois, o custo-benefício da competição é analisado pelos participantes.

Enquanto a organização fala em sucesso absoluto, com alguns pequenos erros, os clubes, os patrocinadores e os parceiros avaliam se o custo-benefício é assim tão vantajoso.

Gastos exagerados

A começar pelos gastos. Embora organize a competição e tenha lucro com os patrocinadores, como a Prevent Senior, por exemplo, a Florida Cup não banca integralmente todas as passagens e estadias, o que acarreta prejuízo para alguns dos participantes, que precisam gastar mais de R$ 400 mil. Lucro vem da divisão da renda e de venda de direitos de televisão.

Vasco foi goleado pelo Corinthians por 4 a 1 na Florida Cup - Rafael Ribeiro / Florida Cup - Rafael Ribeiro / Florida Cup
Imagem: Rafael Ribeiro / Florida Cup

Neste ano especificamente, Corinthians e Atlético-MG receberam mais benefícios que outros participantes, como o São Paulo, por exemplo. Foi isso que incomodou alguns dirigentes que conversaram com a reportagem do UOL Esporte. A organização, no entanto, nega que tenha privilégios e diz que todos os clubes precisam se bancar para participar da competição. O que pode mudar é o tipo de patrocínio que cada um consegue.

“Isso não existe. O que a gente faz é incentivar que os clubes consigam ações para bancar a participação. O Bahia, por exemplo, foi para os Estados Unidos em uma parceria com o governo de Salvador. O São Paulo teve ajuda do patrocinador, que é uma companhia aérea”, disse Reinaldo Mendrano, sócio-executivo da competição.

Calendário apertado

Dentro de campo, o benefício da competição também foi questionado pelas equipes. Inter e Flamengo desistiram da competição. Já Corinthians, Vasco, Atlético-MG e São Paulo, por exemplo, precisaram enfrentar mudanças de última hora na tabela. Vale destacar que boa parte da troca aconteceu pelo acidente com a Chapecoense, que mudou o calendário brasileiro de 2016 e 2017.

Por causa dessa troca, inclusive, o Corinthians chegou a conversar com a organização do torneio e ameaçou desistir de ir aos Estados Unidos em mais de uma ocasião, segundo apurou a reportagem com a equipe paulista. Na época sob o comando de Oswaldo de Oliveira, o departamento de futebol dava a saída como certa. A multa e a boa relação entre os donos da competição e Roberto de Andrade, no entanto, fizeram a equipe definir pela participação.

A saída de Inter e Flamengo, inclusive, fizeram a competição tentar convites a Palmeiras e Chapecoense. Os dois disseram não. A organização admite contato apenas coma equipe paulista e diz que o único acordo com os catarinenses dizia respeito a uma ajuda de custo.

Ainda que tenha enfrentado times de menor expressão no tempo que ficou nos Estados Unidos sem atuar pela competição, o São Paulo faz questão de destacar que aprovou bastante os resultados dentro de campo. Rogério Ceni, inclusive, confirmou aos organizadores que participará da competição em 2018.

Elkeson em ação pelo Shanghai SIPG - VCG/Getty Images - VCG/Getty Images
Time do brasileiro Elkeson desistiu de ir à Florida Cup
Imagem: VCG/Getty Images

Internacionalização da marca

A organização da Florida Cup afirma que tem convites para sediar a competição em outros locais, inclusive na Ásia. Apesar de apontar para esse caminho, em 2017, a participação asiática ficou comprometida. O Shangai SIPG desistiu de ir aos Estados Unidos e fez o torneio ter menos atenção do que o comum na China.

A organização diz que a saída não afetou em nada o prestígio. “Nós temos convites para disputar o torneio na Ásia e, mesmo com a saída do Shanghai, a gente manteve a transmissão com os satélites para a Ásia, mesmo sabendo do alto custo que teríamos para isso”.

Transmissão ruim

Que a transmissão norte-americana de futebol é ruim, todos concordam. O SporTV não cansou de criticar as imagens fornecidas pela competição e repetia em todo momento que “a transmissão não era responsabilidade deles”.

A falta de qualidade também virou assunto nas redes sociais, entre os telespectadores, e chegou a ser alvo de piada entre os clubes.

Mendrano admite o problema. “A gente recebe os feedbacks e sabe que temos o que evoluir. Durante este ano, a equipe de transmissão da competição esteve em contato direto com as emissoras. Temos certeza que vamos melhorar”

Por causa da qualidade ruim, a Globo havia decidido que não venderia em TV aberta. O que prejudicou bastante os patrocinadores da competição, como a Adidas e a Prevent Senior.

Galvão Bueno veste camisa em homenagem à Chapecoense - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Globo insatisfeita

A emissora prefere não comentar publicamente, mas não gostou da manobra feita pelos donos da competição de criar um novo produto. Depois de assinar um contrato de exclusividade em território brasileiro, a Globosat viu a Florida Cup criar outro torneio.

O primeiro era o original, com Corinthians, São Paulo e Vasco e levava o nome de Playoff. Depois de acertar com Flamengo para este ano, a organização criou o que chamou de “Challenge” e passou a negociar novamente com as emissoras. Sem interesse da Globosat, negociou com o Esporte Interativo.

Mendrano explica a polêmica. “Com o crescimento da competição, tivemos vários contatos com a Globosat e eles se pronunciaram que não teriam interesse no Challenge, por causa do número de jogos e times. Então isso foi feito completamente de acordo com a Globo e nunca foi surpresa para ninguém. E na TV aberta, por questão de estrutura, a Globo não passou o jogo, então a gente ficou livre para falar com outros”.