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Andrés relembra Ronaldo 'chapado', mas diz: mudou a história do Corinthians

Ex-presidente do Corinthians ainda chamou ex-presidente Lula de "ídolo" - Robson Ventura/Folhapress
Ex-presidente do Corinthians ainda chamou ex-presidente Lula de 'ídolo' Imagem: Robson Ventura/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

02/02/2017 23h43

Andrés Sanchez foi o convidado do programa No ar com André Henning, exibido nesta quinta-feira pelo canal Esporte Interativo. Durante uma hora de entrevista, o ex-presidente do clube foi questionado a respeito de diversos assuntos, de futebol a política.

O deputado federal (PT-SP) foi questionado a respeito do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem chamou de "ídolo", mas fez duras críticas à política nacional. "Não adianta tirar o presidente, o próximo presidente e o próximo presidente. Tem que mudar o sistema político do país", analisou.

Ao longo da conversa, relembrou o rebaixamento do Corinthians no Campeonato Brasileiro de 2007, a passagem pela Série B em 2008 e a contratação de Ronaldo no fim daquele mesmo ano. Atualmente conselheiro do clube, Andrés não teve dúvidas ao afirmar que a passagem do ex-camisa 9 pelo Parque São Jorge mudou a história corintiana.

"De vez em quando, a gente saía para beber junto e ficavam chapados os dois. Mas o Ronaldo foi muito importante para o Corinthians", disse Andrés. "Tem o Corinthians antes do Ronaldo e o Corinthians depois do Ronaldo", completou.

Andrés também colocou o título da Libertadores de 2012 acima do título do Mundial de Clubes do mesmo ano. De quebra, ainda comemorou a presença de Tite na seleção brasileira - sem, porém, deixar de criticar a saída de Edu Gaspar para a comissão técnica.

Confira os principais trechos da entrevista:

RELAÇÃO COM A IMPRENSA
"Eu evito, mas eu entendo o trabalho da imprensa. Pior coisa para o jornalista é querer uma matéria com uma pessoa e essa pessoa não (atender)."

CARREIRA POLÍTICA
"Eu acho que tem que mudar a estrutura política brasileira, que faliu. Não pela corrupção, mas faliu. Tem que acabar reeleições, é um grande passo (…). Não adianta tirar o presidente, o próximo presidente e o próximo presidente. Tem que mudar o sistema político do país."

REBAIXAMENTO EM 2007
"Eu assumi em 2007 após o jogo com o São Paulo, 1 a 0, gol do Betão. Minha ideia era mudar tudo. Aí ganhou o SP e falaram: 'não mexe'. Acabei não mexendo. O Nelsinho era e é um grande treinador. E disso (não mudar a equipe) me arrependo até hoje."

IMPEACHMENT DE ROBERTO DE ANDRADE
"Acho que o impeachment é uma coisa muito traumática para o clube neste momento. Só de falar atrapalha negociação, atrapalha patrocínios (…). Novas lideranças estão aparecendo e criando poder muito mais rápido do que se devia. Mas a democracia tem dessas coisas."

CORINTHIANS NA SÉRIE B EM 2008
"As pessoas pensam que é só dinheiro. Você tem que ter um projeto. Eu mostrei um projeto para o Mano (Menezes). O melhor projeto do ano no futebol brasileiro era o Corinthians. Eu dei a garantia para ele: enquanto eu fosse presidente, ele seria o técnico do Corinthians. Ele estava apalavrado com o Cruzeiro, mas o tempo mostrou que foi um acerto ele vir para o Corinthians."

RONALDO
"De vez em quando, a gente saía para beber junto e ficavam chapados os dois. Mas o Ronaldo foi muito importante para o Corinthians - não só pelo que representa para o futebol mundial, mas para o que fez pelos atletas. Ficou oito meses treinando e nunca reclamou. Tem o Corinthians antes do Ronaldo e o Corinthians depois do Ronaldo. Ele ligava à noite, de madrugada para encher o saco: 'O Corinthians é grande e não tem um centro de treinamento, não tem um aparelho decente'. Graças a Deus, hoje o Corinthians está entre os maiores do mundo."

MÁRIO GOBBI (EX-PRESIDENTE DO CORINTHIANS)
"A última vez que eu vi ele foi na eleição o Roberto, depois não vi mais ele. Precisa inclusive isso acabar. Não sou muito de guardar mágoa, ele também deve estar magoado comigo."

MUNDIAL 2012
"Para mim, foi mais importante a Libertadores que o Mundial. Acho que o maior título depois de 1977 foi a Libertadores. No Mundial, mandar 35 mil torcedores para o Japão foi importante. Na véspera, mandei uma mensagem para o Tite falando: 'o Corinthians não tem que provar nada a ninguém, faz os meninos se divertir'. Graças a Deus, fomos campeões."

PASSAGEM PELA CBF
"Acho que na CBF, pelo trabalho que é, tem que ter um salário. Até no clube tem que ter um salário. Presidente de clube tem que ser assalariado, mesmo sendo estatutário. A CBF é um pepinaço. Ser diretor de seleções, com 250 milhões de torcedores… Talvez eu não tenha aproveitado como devia. Acabou com aquilo em 2014. Futebol, se não vier de cima para baixo, de baixo para cima, com um conjunto de coisas, dificilmente você ganha."

AINDA MANDA NO CORINTHIANS?
"É óbvio que, como ex-presidente do Corinthians, eu tenho uma ascendência. Mas é a minha opinião. 'Não concordo com isso, acho isso errado'… Não fui eu que contratei o Cristóvão (Borges), quem contratou foi o presidente. Quando me chamaram na reunião, eu dei o nome do Cristóvão. Eu dou meu palpite, falo que isso está errado ou certo, mas quem toma a decisão é o presidente. Quem manda é ele."

TITE NA SELEÇÃO
"Acho que os únicos loucos que falaram não à CBF foram o Muricy (Ramalho) e o Tite antes de assumir. Acho que o auge é chegar numa seleção, numa CBF. Só achei que a maneira que o Edu Gaspar saiu não foi a mais correta. Acho que ele deveria comunicar o presidente. Ele sabia dez dias antes que ia e não comunicou ninguém."

LAVA-JATO NO CORINTHIANS?
"Eu quero que acabem logo as investigações. Toda obra do Odebrecht, de dois anos para cá, está sendo investigada, e o estádio é mais um. É uma tortura. Quem vai investir no estádio? Quem vai comprar camarote? Pessoas dentro do Corinthians estão depreciando o patrimônio do clube. Falaram que o estádio ia cair, ia desabar. Isso é um absurdo. Infelizmente, temos que conviver com isso. Mas acho que tem que investigar o mais rápido possível."

LULA
"Meu ídolo. É um cara que, com todos os erros que pode ter comido, tirar 40 milhões pessoas da fome já fez sua parte."

MURICY RAMALHO
"Chamei ele duas vezes para ser treinador do Corinthians e ele pipocou. É um ser humano formidável, nível Tite. Ele não rompia contrato."