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Auxiliar de Rogério Ceni convoca técnicos ingleses para trabalhar no Brasil

Para Beale (centro da mesa), acerto com o São Paulo o tirou de zona de conforto - Érico Leonan/saopaulofc.net
Para Beale (centro da mesa), acerto com o São Paulo o tirou de zona de conforto Imagem: Érico Leonan/saopaulofc.net

Andrew Downie

Da Reuters, em São Paulo

02/02/2017 19h49

Poucos minutos antes de pegar um voo para uma entrevista de emprego em São Paulo em novembro, o técnico do time sub-23 do Liverpool recebeu um tuíte dizendo: Neste dia, em 1894, Charles Miller chegava ao Brasil com o primeiro livro de regras de futebol.

Michael Beale o entendeu como um sinal. Menos de uma semana depois ele havia partido da cidade inglesa e planejava sua vida como auxiliar técnico do São Paulo.

Sua chegada ao clube brasileiro, após mais de uma década treinando juvenis no Chelsea e depois no Liverpool, é mais do que um recomeço para o nativo do sul de Londres. Foi uma aposta – e ele torce para que mais colegas seus o façam.

"Você pode ficar na Inglaterra e resmungar que nossos técnicos não recebem oportunidades ou pode sair e tentar se educar de maneira diferente", disse Beale em entrevista à Reuters quatro dias antes do início de sua temporada inaugural no Brasil.

"Eu estava sentindo que, no Liverpool, o trabalho não me exigia. Minha vida era fácil, e, aos 36 anos, isso é muito perigoso. Eu sentia todo o tempo que as coisas estavam ao alcance de minha capacidade, e preciso continuar me cobrando. Achei que vir para cá realmente me colocaria fora da zona de conforto."

A nova vida de Beale terá início para valer no domingo, quando o São Paulo começa sua disputa no Campeonato Paulista contra o Audax fora de casa.

O time se preparou bem na pré-temporada e conquistou a Florida Cup, um torneio que venceu derrotando o argentino River Plate e o rival Corinthians, ambos nos pênaltis.

Mas o nível de pressão será bem maior para o ex-meio-campista do Charlton. Fora de campo, ele se lançou no estudo do português e já sente a paixão dos torcedores, que o abordam nas ruas para pedir selfies e autógrafos.

Como número 2, Beale não estará no centro dos holofotes, e tem a vantagem de atuar ao lado do adorado ex-goleiro Rogério Ceni.

"Não estou vindo trabalhar para um técnico normal ou uma pessoa normal", disse Beale. "Isto aqui é como Gerrard conseguindo o emprego no Liverpool ou Ryan Giggs conseguindo o emprego no Manchester United. Isso foi um grande fator para mim."

"O Brasil é o Brasil, e futebol é futebol, existe um lado romântico e tudo que vem com isso", afirmou.