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Caçado pelos grandes, Fernando Diniz projeta Paulistão do "badalado" Audax

Rubens Cavallari/Folhapress
Imagem: Rubens Cavallari/Folhapress

Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

04/02/2017 04h00

Vice-campeão paulista de 2016 no comando do surpreendente Audax, Fernando Diniz foi um dos protagonistas do campeonato estadual do ano passado e, não por menos, entrou na mira dos principais clubes do país. Seria um caminho natural para o treinador após a boa campanha realizada, mas ele rechaçou todas as investidas. Diniz, um ano depois, planeja mais uma edição do torneio à frente do mesmo time. O mesmo? Nem tanto: o Audax, zebra na última temporada, agora é uma das equipes mais “baladas” do Paulista. E isso muda tudo.    

“É um campeonato muito difícil e temos uma responsabilidade adicional por causa daquilo que foi feito em 2016”, reconheceu Diniz, em entrevista ao UOL Esporte. “Não somos os favoritos, longe disso: existem os quatro grandes e a Ponte Preta com orçamentos maiores. Há um lado negativo, uma pressão gerada em decorrência do vice do ano passado, mas também há o fato de ter confiança de que é possível fazer coisas diferentes”, ponderou.

“O que aconteceu no ano passado não foi causalidade, foi trabalho forte”, reforçou o técnico do Audax, que eliminou o São Paulo e o Corinthians no mata-mata do Paulistão passado, mas perdeu na decisão para o Santos. “O lado ruim foi criar uma expectativa de achar que aquilo acontecerá novamente e com certa naturalidade. Não vai. Mas tudo pode acontecer”.

Fernando Diniz admite que fora procurado por times grandes do Brasil desde o término do Paulistão até o fim do ano passado, mas evita falar o nome das equipes. Sabe-se que o treinador foi cogitado no Corinthians, após a saída de Tite para a seleção, e no Flamengo, na esteira da aposentadoria de Muricy Ramalho. Ele, no entanto, deu prioridade ao projeto de parceria do Audax com o Oeste e comandou o time do interior paulista na Série B de 2016.

Audax - Danilo Verpa/Folhapress - Danilo Verpa/Folhapress
Imagem: Danilo Verpa/Folhapress

“No ano passado tive bastante procura de time, mas agora no começo de ano eu não tive nada”, assegura. “Não fico fazendo projeção. [A minha ida a um clube de maior expressão] acontecerá com naturalidade. Não projeto um campeonato, não fico pensando em títulos. Sou muito focado no trabalho do dia a dia, do cotidiano, e agora é focar no próximo jogo, contra o São Paulo. Assim sucessivamente, e no final a gente vai ver o que vai acontecer”.

O São Paulo é o adversário de estreia do Audax, em jogo agendado para o domingo (05). Fernando Diniz terá nesta temporada apenas quatro jogadores da campanha vitoriosa do ano passado: o goleiro Felipe, o atacante Ytalo, o lateral Velicka e o volante Francis. “O grupo está fechado. A mudança foi muito grande desde o Paulistão de 2016”, avalia.

Na partida, Diniz reencontrará Sidão, que foi goleiro e peça central do Audax vice-campeão. O jogador, um potencial “espião”, agora defende o São Paulo.

“Para gente é uma felicidade o Sidão estar lá, mas não é ideal jogar agora contra ele, né?”, diz, rindo. “É um cara que esteve comigo desde o início, então pode falar do nosso time, do nosso trabalho e essas coisas”, prosseguiu, bem-humorado, antes de acrescentar que será um “prazer” jogar contra o amigo e de elogiar o “mitológico” Rogério Ceni, novo treinador do tricolor.

Chance para o "gato" da Copinha

Presidente do Audax, o ex-jogador Vampeta foi manchete nas últimas semanas por ter oferecido contrato ao garoto Heltton Matheus, que falsificou nome e idade para atuar na Copa São Paulo de Futebol Júnior, torneio sub-20, no começo deste ano. O zagueiro defendia o Paulista de Jundiaí, que avançou até a final, mas a equipe foi eliminada por causa do "gato".

Heltton assinou com o Audax, mas será emprestado ao Grêmio Osasco, clube parceiro. “O Vampeta fez um gesto nobre. Era grande a descriminação com o garoto devido ao erro que ele teve. A atitude do Vampeta foi de estender a mão e não deixar o menino desamparado, abriu o espaço para ele trabalhar. Pelo erro, é claro, Heltton terá de pagar, mas o importante é dar uma assistência a ele. Eu vi ele jogando pelo Paulista e ele jogou bem”, avalia.