Viciado em futebol e dados, auxiliar é uma das armas de Eduardo Baptista
Bileu é um volante clássico, com bom passe. Rodrigo Thiesen, de estilo diferente, o complementa bem. Marcão, apesar do nome, é um centroavante que, além de fazer o pivô, se movimenta bem para os lados do campo, dificultando a marcação dos zagueiros.
A torcida do Botafogo de Ribeirão Preto talvez não saiba das qualidades de seus jogadores. Talvez não saiba qual o estilo de marcação preferida pelo treinador Moacir Jr. Mas Eduardo Baptista, técnico do Palmeiras, seu primeiro rival sabe. Sabe tudo e muito mais.
Ele já recebeu um vídeo com todas as informações táticas e técnicas. Um trabalho de Pedro Gama, seu auxiliar técnico, em conjunto com o departamento de análise de desempenho do clube.
Pedro Gama, de 31 anos, e Eduardo Baptista, de 45, estão juntos desde 2014, quando Baptista, então preparador físico, assumiu a direção técnica do clube. E chamou Pedro Gama, que era responsável pelo departamento de análise de desempenho para ser o seu braço direito. “Foi minha primeira experiência no campo. Eu sou formado em Educação Física e comecei como analista de desempenho no América de Minas". Eles foram juntos para o Fluminense e para a Ponte Preta.
Pedro é adepto da tecnologia. E obcecado por futebol. Após cada treino, em casa, ele analisa a gravação e vê tudo o que poderia ter sido mais bem feito pelos jogadores. Após o jogo – qualquer jogo – chega em casa e vê tudo de novo. Se for um jogo vespertino. Se for à noite, ele vê pelo menos o primeiro tempo.
Tudo é gravado por uma “câmera tática”, que pega tudo o que os 20 jogadores de linha fizeram na partida. Tudo é decodificado, analisado e entregue a Eduardo. “Tem dia que eu falo para ele ir para casa e ficar com o filho dele, senão ele não me larga”, diz Eduardo Baptista, brincando.
Para exemplificar como gosta de futebol, Pedro cita um caso hipotético, uma final de Brasileiro contra o Corinthians, por exemplo. O que faria na véspera do jogo? “Bom, eu assistiria novamente todo o material que tivesse sobre o time deles, tentaria ver alguma coisa nova”. E depois, de tudo visto e revisto? “Aí, eu iria ver um jogo qualquer, para relaxar”.
A partir do trabalho de Gama, dos analistas de desempenho e de Eduardo, todos os jogadores entram em campo sabendo tudo – ou o máximo possível dos rivais – que terão pela frente. Como chutam, como cabeceiam, se são canhotos ou destro, para onde é o drible.
Mas, tanta informação junta, não tira a criatividade, não transforma o futebol em algo mecânico, não tira o protagonismo dos jogadores, transformados em simples cumpridores de ordens.
“Não, eu penso até que é o contrário. Damos informações para que eles possam desenvolver melhor a criatividade. Tudo fica com eles, na hora do jogo”.
Em campo, ao lado do treinador, Gama não é de falar muito. Seu trabalho já foi feito durante a semana, nos treinos e nos vídeos montados. “Se eu vejo alguma coisa errada, se algum jogador não está dando conta individualmente, eu aviso o Eduardo. Mas ele já percebeu, sempre”.
Pedro continua estudando para ser treinador. Tem a licença B da CBF e, no final do ano passado, faria o curso para ter a licença A. Não conseguiu vaga, mas conseguiu estágios no Bayern de Munique, Atlético e Real, ambos de Madrid.
“Foi muito bom, aprendi muito, aumentou a paixão pelo futebol”. Paixão demostrada até nas (poucas) horas de folga. “Eu vejo pelo menos um jogo de futebol por dia. E muito bom”.
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