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Maior compra da história do Atlético-MG, quanto André rendeu ao clube

Último jogo de André pelo Atlético foi em abril de 2015, na derrota para o Atlas, pela Libertadores - Xinhua/André Yanckous/AGENCIA ESTADO
Último jogo de André pelo Atlético foi em abril de 2015, na derrota para o Atlas, pela Libertadores Imagem: Xinhua/André Yanckous/AGENCIA ESTADO

Victor Martins

Do UOL, em Belo Horizonte

08/02/2017 12h00

Na noite de segunda-feira mais de mil torcedores do Sport estiveram no aeroporto de Recife para a chegada do atacante André, de volta ao clube (ele jogou por empréstimo, no Brasileiro de 2015). Para que isso fosse possível, o clube pernambucano se acertou com o Sporting, de Portugal, e também com o Atlético-MG, que detinha 20% dos direitos do atleta, e com o Corinthians.

O Sport vai pagar cerca de R$ 1,2 milhão ao clube mineiro, colocando fim numa história que durou quase seis anos e gerou prejuízo de R$ 13,9 milhões ao Atlético, isso sem corrigir os valores. Em julho de 2011, André foi contratado junto ao Dínamo de Kiev, da Ucrânia. Pelo empréstimo de um ano e parte dos direitos, o Atlético gastou 2,2 milhões de euros (R$ 4,9 milhões na cotação da época).

Em 20 de julho, era apresentado na Cidade do Galo o atacante que um ano antes fez parte do Santos que encantou o Brasil. Atuando ao lado de Paulo Henrique Ganso, Robinho e Neymar, André conquistou o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil, ambas em 2010. Bom futebol e gols que renderam a primeira convocação para a seleção brasileira e a transferência internacional.

Mas o ano seguinte, até aparecer o Atlético, foi bastante difícil para André. O centroavante não fez gols pelo Dínamo de Kiev. Emprestado ao Bordeaux, da França, André também não consegui anotar gol. Com o Atlético na 15ª colocação no Brasileirão de 2011, o atacante era uma das esperanças para evitar o rebaixamento.

E isso o clube mineiro conseguiu. Terminou o Brasileirão daquele ano na 15ª colocação, ficando totalmente livre da queda na 37ª rodada, ao golear o Botafogo por 4 a 0, na Arena do Jacaré, com André anotando dois dos gols. Aliás, o atacante marcou sete vezes naquela edição do Brasileiro. Gols importantes, como na estreia pelo clube, na vitória por 1 a 0 sobre o Fluminense.

Se André viveu algum bom momento com a camisa atleticana, foi logo no primeiro ano de clube. Os meses finais de 2011 e o primeiro semestre de 2012. André não foi o artilheiro do Mineiro, mas com dez gols o atacante ajudou na conquista do título, de forma invicta, algo que o Atlético não conseguia desde a década de 1970. Então camisa 9 atleticano, André foi considerado o melhor jogador do Estadual.

Foi então que a diretoria atleticana exerceu a opção de compra, pagando mais 5,8 milhões de euros ao Dínamo de Kiev. Em um ano, André marcou 21 gols em 41 partidas.  E no total custou 8 milhões de euros (R$ 20 milhões na cotação da época), se tornando a transação mais cara da história do futebol mineiro. Marca que detém até hoje. Valor que o Atlético teve de arcar integralmente, já que havia um acordo com um grupo de investidores, que desistiu do negócio após o clube confirmar a compra com o Dínamo de Kiev.

Mas André não era o nome ideal para o técnico Cuca. O treinador queria um centroavante mais forte fisicamente, para trombar com os zagueiros adversários. Foi então que o Atlético contratou Jô, encostado no Internacional. Titular nas duas primeiras rodadas do Brasileirão, André foi expulso contra o Corinthians, na segunda jornada da compeitção. Deixou o time para não voltar mais. Foram mais quatro partidas no Brasileirão, sempre entrando na etapa final, até ser negociado com o Santos.

Pelo empréstimo de um ano e venda de 20% dos direitos do atacante, o Atlético recebeu R$ 4,9 milhões. A partir de então, André se tornou um andarilho do futebol, em negócios que não renderam dinheiro para o clube mineiro. Vasco, Atlético mais uma vez, Sport, Corinthians e Sporting. Equipes que o centroavante defendeu e, com exceção ao clube pernambucano, sempre sem brilho. Motivo pelo qual o Sport topou pagar ao Sporting e ao Atlético para contar com o jogador. Somadas as quantias que recebeu por André, o clube mineiro recuperou somente R$ 6,1 milhões dos R$ 20 milhões investidos na contratação do atacante.

A segunda passagem pela Cidade do Galo ficou marcada mais por tudo o que aconteceu fora de campo do que dentro dele. André foi afastado por indisciplina, na reta final da temporada de 2014. Mal em campo, o jogador era bastante cobrado pela torcida pela presença constante em baladas. Em janeiro de 2016, com desejo de trocar o Atlético pelo Corinthians, André postou uma foto no Instagram com a camisa do clube mineiro, mas com o escudo apagado. Numa clara pressão para ser negociado. O que aconteceu dias depois. André foi para o Corinthians para nunca mais voltar para a Cidade do Galo.

E com o negócio feito com o Sport, assim termina a história de André no Atlético, após quase seis anos. Com 81 partidas, 32 gols, três títulos (Mineiro, Recopa, Copa do Brasil, mas nesses dois últimos apenas por fazer parte do elenco, não pela importância em campo), prejuízo e muitas confusões fora de campo.

Correção faz prejuízo ficar ainda maior

Considerando todos os valores envolvidos nas transações de André, compra junto ao Dínamo de Kiev e venda de parte dos direitos ao Santos, o prejuízo com a operação fica ainda maior para o Atlético. Em valores corrigidos pelo IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) calculado mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas, a compra de André em valores de hoje seria de R$ 27,7 milhões e não de R$ 20 milhões. A negociação com o Santos também sobe, de R$ 4,9 milhões para R$ 6,8 milhões. Assim, com o dinheiro recebido pela venda ao Sport, André rendeu R$ 8 milhões ao Atlético, gerando um prejuízo de R$ R$ 19,7 milhões.