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Por que Douglas Costa deixou de ser o queridinho do Bayern de Munique

Reuters / Sergio Perez
Imagem: Reuters / Sergio Perez

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

09/02/2017 04h00

Douglas Costa já foi o brasileiro de maior destaque do futebol europeu. Não é mais. Atualmente, fala até em deixar o Bayern de Munique para o futebol chinês, tamanha é a diferença entre sua primeira temporada na Alemanha e a segunda.

Por trás da queda de rendimento estão três pontos. O primeiro é a lesão que o tirou da Copa América e dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, ainda no meio de 2016. A segunda, a troca de comando do Bayern de Munique, saindo Pep Guardiola e entrando Carlo Ancelotti. Por fim, a volta à forma de Franck Ribery, perto de sua temporada mais produtiva desde 2014.

A falta de pré-temporada

Na temporada passada, Douglas Costa foi um dos protagonistas do Bayern. Da ponta esquerda, ele participou diretamente de 25 gols da equipe, entre gols e assistências – com 18 passes para gol, ele liderou a estatística em todo o elenco bávaro. Em maio, porém, sentiu uma lesão muscular que o acompanhou até o final da temporada – e o tirou dos dois torneios que a seleção brasileira disputou no meio do ano, a Copa América do centenário, nos EUA, e as Olimpíadas do Rio.

O problema é que ele se reapresentou para o Bayern ainda sem condições de jogo e perdeu as primeiras três partidas do time na temporada. Com tanta concorrência por uma posição no meio-campo, ele saiu atrás e não conseguiu se recuperar. É mais ou menos o que aconteceu com Neymar no Barcelona: por causa das Olimpíadas, ele ganhou férias maiores de Luis Enrique e perdeu o início da pré-temporada. E, até hoje, sofre com críticas sobre seu desempenho em comparação com Luís Suarez e Lionel Messi – que fizeram toda a preparação com o time espanhol.

Órfão de Guardiola

Nessa esteira, Douglas Costa perdeu, também, um de seus maiores mentores no futebol. Quando Guardiola o tirou do Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, perguntou se ele estava pronto para aprender a jogar futebol de verdade. Quando o espanhol saiu, o brasileiro sentiu. Ao ser questionado sobre como estava lidando com a troca de comando, disse que “nunca vou ter uma relação tão próxima quanto a que tenho com Guardiola, o cara que me trouxe para a Alemanha”.

Foi o espanhol que ajustou o jogo do atacante, fazendo o jogador cuidar mais da posse de bola, melhorar sua marcação pressão sobre os zagueiros rivais e fechar melhor os espaços no campo de ataque quando não estava com a bola – algo que Ribery e Robben, que perderam espaço com o técnico espanhol, não faziam tão bem. Só que o estilo Ancelotti é diferente. E Douglas ainda perdeu, por causa da lesão, a chance de criar uma boa primeira impressão no treinador.

A volta de Ribery e Robben

Sem ele, Carlo Ancelotti deu tempo para que seus dois veteranos dessem sinais de recuperação física – os dois sofreram com o físico nas últimas duas temporadas. Livres das amarras que o estilo de Guardiola criava, os dois voltaram a jogar bem e se garantiram como titulares.

Robben, pela direita, já tem sete gols e seis assistências em 17 jogos. Ribery, pela esquerda, tem dois gols e 11 assistências. É justamente na vaga do francês que o brasileiro tem sido usado. O problema é que Ribery está tendo sua melhor temporada dos últimos três anos. Desde 2014 ele não joga mais do que 23 partidas pelo Bayern. Até agora, são 18 – e o time ainda tem boa parte do Campeonato Alemão e da Liga dos Campeões pela frente.

O mais irônico é que a temporada do próprio Douglas Costa não é ruim. Somando gols e assistências, ele cria um gol a cada 137 minutos. São dois gols a cada três partidas. A comparação com Ribery, porém, não é positiva: com dois gols e 11 assistências, ele cria um gol a cada 84 minutos.